O regulamento esportivo da Fórmula 1 é bem extenso e por conta de novas questões que surgem, ele passa por algumas revisões com o objetivo de tentar prever o máximo de acontecimentos de uma corrida e suas consequências, mas ele ainda é falho.
Por conta do não-GP da Bélgica de 2021 a categoria realizou uma alteração na parte que divide o que é válido como uma corrida e a porcentagem dela, para que os pontos possam ser entregues aos competidores. Porém, uma pequena frase que ninguém se atentou antes, gerou uma grande confusão neste domingo no Japão.
Max Verstappen conquistou o campeonato de 2022 da Fórmula 1 e por consequência se torna bicampeão na categoria. O GP do Japão não foi disputado em sua totalidade, o que gerou a estranheza, justamente pela alteração realizada no regulamento que tentava evitar um novo GP da Bélgica. Acreditava-se que o holandês não receberia todos os pontos da prova, desta forma só poderia ser contemplado com o título na próxima etapa.
No GP da Bélgica de 2021, metade dos pontos foram concedidos, com apenas três voltas concluídas, todas realizadas atrás do Safety Car. A categoria então revisou o regulamento para a temporada 2022 fazendo a simulação de alguns cenários, que vai desde duas voltas percorridas até os 75% de distância de uma prova. Apenas após os 75% os pontos totais podem ser concedidos.
Com essa informação em mente e com a possibilidade do GP do Japão não poder ser realizado em sua totalidade por conta da chuva, acreditava-se que os pontos não seriam distribuídos completamente e a nova pontuação seria aplicada para essa prova. Mas, o GP foi retomado durante a última hora do evento e os pilotos conseguiram completar 29 voltas pelo circuito de Suzuka.
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O artigo 6.5 é o que trata sobre as provas Sprint e corrida, mas ele também menciona: “and cannot be resumed” ou “não pode ser retomado”, frase que antecede a forma que se dará a distribuição dos pontos. Assim a aplicação dos pontos só não será feita em sua totalidade, se a prova não for retomada – o que também depende do momento que ela foi paralisada. Como mencionei à cima, o GP do Japão foi reestabelecido e mesmo completando apenas 29 voltas, o evento foi encerrado com ação em pista, gerando a totalidade dos pontos.
A regra é extremamente confusa e acaba induzindo ao erro, obviamente o regulamento da categoria é escrito com termos jurídicos e como alguns artigos nem sempre estão em uso, além dessa alteração ser recente no regulamento, é natural que exista certa dúvida.
A nova pontuação aponta que se o líder completar duas voltas, menos de 25% da distância programa da corrida, apenas os cinco primeiros serão contemplados com pontos (6 – 4 – 3 – 2 e 1). Caso o líder complete mais de 25% da prova, mas menos de 50% dela, nove competidores receberão pontos (13 – 10 – 8 – 6 – 5 – 4 – 3 – 2 e 1). Mas se o líder completar mais que 50% da prova, mas menos que os seus 75%, os dez primeiros pontuam (19, 14 – 12 -9 – 8 – 6 – 5 – 3 – 2 – 1).
Para o GP do Japão acreditava-se que a última previsão seria aplicada, desta forma, Max Verstappen seria contemplado com apenas 19 pontos, não podendo ser declarado campeão em Suzuka. Mas no final da transmissão da prova, a própria Fórmula 1 informou em seus gráficos que Max Verstappen receberia 25 pontos, gerando uma certa estranheza, porém, algo que poderia ser facilmente um erro, dado todos os problemas que ocorreram no início do evento.
Foi no pós-corrida, após Charles Leclerc receber a punição de cinco segundos e ao cair para o 3º lugar, que descobriram que a nova pontuação só seria aplicada para corridas mais curtas ‘que não podem ser retomadas’. O mesmo termo também estava presente em sua versão anterior, antes do artigo passar pela reforma para o campeonato de 2022.
O regulamento da Fórmula 1 não prevê uma pontuação diferenciada para o caso da prova ser encerrada antes de uma certa quilometragem, o que é uma falha e certamente precisa ser corrigido.
Após o episódio que levou Leclerc a punição, Max Verstappen foi apresentado pela transmissão como o piloto campeão. O próprio holandês ficou perdido na sala que antecede a cerimônia do pódio, não compreendendo o que tinha acontecido.
A regra, portanto, não é aplicada para uma corrida que foi encurtada, se os pilotos tivessem completado dez voltas no GP do Japão depois do período de bandeira vermelha, com o evento sendo encerrado pelo tempo – Max Verstappen ou qualquer ponteiro receberia os mesmos 25 pontos, apenas pela corrida ser reestabelecida.
O BP entende que se a corrida tivesse terminado em bandeira vermelha, então a distribuição dos pontos no evento aconteceriam de outra forma.
Com a pontuação total, Max Verstappen superou Charles Leclerc por 10 pontos e Sergio Pérez por sete pontos, podendo ser declarado campeão. O holandês chegou ao Japão precisando superar Charles Leclerc em oito pontos e Pérez em seis. A penalidade aplicada para o monegasco contribuiu para a decisão do título não ser adiada para o GP dos Estados Unidos.
O limite de tempo para o evento foi implementado após o GP do Canadá de 2011. Em Singapura a categoria optou por atrasar o início do evento em uma hora, também por conta da chuva, mas em Singapura, os radares apontavam que após essa janela, a prova poderia ser realizada normalmente. Em Suzuka, quando a chuva chegou e optaram pelo começo da prova, radares apontavam uma janela muito mais delicada para a realização do evento.
#F1 – Provisional Classification of the Japanese Grand Prix 🇯🇵 ⬇#JapaneseGP pic.twitter.com/L0hpBW6DJb
— FIA (@fia) October 9, 2022
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