A Red Bull conseguiu alcançar o seu objetivo em 2022 e conquistou o seu quinto título no Mundial de Construtores. O time austríaco tentava repetir o feito desde que emplacou quatro títulos na sequência entre 2010 e 2013 com Sebastian Vettel.
Depois de Max Verstappen conquistar o seu primeiro título na Fórmula 1 em 2021, a Red Bull mirava o Campeonato de Construtores, tentando superar a Mercedes. Verstappen encerrou a temporada 2022 obtendo o segundo título da carreira, enquanto a Red Bull pode brilhar mais uma vez em um lugar de muito prestígio.
A equipe sobrou, encerrando o ano com 759 pontos, 454 conquistados por Max Verstappen. A Red Bull construiu o melhor carro do grid, foi a equipe que mais soube lidar com o efeito solo nesta nova era da F1, desta forma não era afetada pelo porpoising ou bouncing.
Porém, o RB18 nasceu como um carro muito pesado, desta forma a equipe precisou direcionar as suas primeiras atualizações visando reduzir o peso do equipamento para torná-lo mais competitivo. Enquanto algumas equipes não conseguiam manter um ritmo constante em atualizações, a Red Bull focou no desenvolvimento e performance, desta forma comandou a temporada 2022.
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A Ferrari também construiu um bom carro e foi a principal rival da Red Bull, o time italiano começou o ano vencendo, mas rapidamente cometeram diversos erros, além dos problemas com a confiabilidade que contribuíram para a aproximação da RBR tanto no Campeonato de Equipes como no de pilotos e por consequência ultrapassou a Ferrari.
O time italiano liderou a tabela de pontos até o GP de Miami, mas depois foi ultrapassada pelos taurinos, desta forma a Ferrari só pode observar o distanciamento dos adversários até que Max Verstappen conquistou o segundo título no GP do Japão e a Red Bull celebrou o título no GP dos Estados Unidos.
A Red Bull tinha um carro muito equilibrado e eficiente nas retas. Antes do início das férias de verão ficou claro que a Red Bull tinha um carro muito mais sólido e aperfeiçoado, enquanto a Ferrari tinha vários problemas de confiabilidade que não seriam resolvidos ao longo de 2022. O RB18 da Red Bull impediu a Ferrari de conseguir emplacar uma vitória na segunda metade do Campeonato.
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O holandês deixou claro em alguns momentos do início da temporada que o desempenho do RB18 não estava muito bom, reclamava constantemente do carro nos treinos livres, precisando trabalhar várias configurações até achar o que se comportava melhor com o seu carro. Para a classificação sempre faltava algo no RB18, mas durante as corridas ele foi evoluindo cada vez mais.
Verstappen poderia até ser surpreendido por Charles Leclerc nas classificações, mas durante as corridas o piloto estava seguro, contando tanto com uma boa estratégia, como uma excelente performance do carro. O holandês obteve quinze vitórias em uma temporada com 22 corridas.
Infelizmente o ano da Red Bull também foi marcado por polêmicas e é impossível mencionar o ano da equipe e não falar sobre elas. A RBR estourou o teto orçamentário definido para a temporada 2021, as contas foram prestadas no início do ano, mas apenas na reta final do Campeonato a bomba foi detonada.
O time tentou alegar que quando prestou as suas contas estava tudo certo, mas que não tinha compreendido muito bem algumas questões do teto orçamentário. Por consequência além de violar o teto orçamentário em valores, também cometeu uma violação processual. Era um verdadeiro caos, principalmente pela polêmica envolver um campeonato que já fora extremamente complicado no ano passado, afinal Max Verstappen conquistou o título em 2021, depois daquele fatídico GP de Abu Dhabi.
Antes de informarem que a Red Bull tinha estourado o teto orçamentário, acreditava-se que a equipe seria severamente punida, podendo ocorrer até mesmo a perda do título de Max Verstappen. Mas a violação da Red Bull não foi considerada tão grave, pois estava em uma margem inferior a 5%, desta forma o time precisou pagar apenas uma multa, além de lidar com uma redução de 10% de tempo em testes no túnel de vento.
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O valor extrapolado pela Red Bull foi extremamente questionado por outras equipes que seguiram a regra, afinal, a aplicação de um dinheiro extra no projeto de 2022 poderia ajudar o time austríaco a ser ainda mais veloz. Christian Horner achou que a pena aplicada à Red Bull foi muito severa, enquanto vários chefes de equipe no grid encararam ela como algo bem brando e para aqueles times que contam com muito dinheiro o valor da multa era algo irrisório – US$ 7 milhões.
Toto Wolff foi bem crítico na época, informando que o valor que a Red Bull tinha ultrapassado, ajudaria bastante no desenvolvimento do desempenho do W13. Também foi informado que o dinheiro usado pela Red Bull poderia refletir no desempenho da equipe em ao menos três anos. Mesmo com o dinheiro não sendo usado diretamente no carro, a área de desenvolvimento foi desafogada com um valor extra que estava entrando.
A Red Bull ainda precisou lidar com um conflito interno de Max Verstappen e Sergio Pérez, com o decorrer da temporada a dupla de pilotos se separou na tabela de pontos, mas o mexicano estava em uma disputa direta com Charles Leclerc pelo vice-campeonato. No início da temporada a Red Bull tinha informado que deixaria os seus pilotos disputarem o título, mas o carro que estava mais próximo das preferências de Pérez, rapidamente foi mudado para o estilo de Verstappen e assim o mexicano começou a ter a sua performance prejudicada.
Pérez ainda solicitou a ajuda de Verstappen, como no GP de São Paulo que esperava pela inversão de posições para capitalizar mais pontos, mas o holandês não cedeu, mesmo com o campeonato já definido. O clima interno na equipe ficou bem ruim, extrapolando para a as redes sociais e precisou de uma nota da Red Bull para esclarecer o conflito.
Ficou claro que a Red Bull não queria lidar com uma disputa interna, mas também não estava preparada para Verstappen não colaborar com o companheiro de equipe. Porém, ficou bem explicito para Pérez que ele é o segundo piloto da equipe e que por muitas vezes a suas batalhas só pertencem a ele mesmo.
Algumas atitudes da Red Bull eram desnecessárias ao longo do ano, principalmente deixando surgir um conflito interno, quando ela encontrou um ótimo segundo piloto que tenta ao máximo colaborar com a equipe.
Ao longo da temporada Max Verstappen teve a oportunidade de mostrar mais uma vez que tem muito talento, mas neste ano foi bem menos ameaçado ou colocado à prova. O público esperava ver um conflito mais direto entre Verstappen e Charles Leclerc, uma rivalidade da época que ainda eram garotos, mas a Ferrari não colaborou para que isso acontecesse.
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Verstappen ainda não superou a batalha com Lewis Hamilton e no GP de São Paulo o piloto voltou a mais uma vez se chocar com o inglês – novamente é importante ressaltar que o Campeonato para o holandês já estava definido.
Max superou as dificuldades no início da temporada para faturar quinze vitórias e 8 poles. Verstappen apareceu 17 vezes no pódio, sendo extremamente regular na temporada e por consequência conseguiu defender o título. Verstappen não é novo na Fórmula 1, mas em idade é, e agora com um carro compatível com o seu talento é capaz de colocar o nome na história da categoria e até mesmo quebrar mais uma porção de recordes nos próximos anos.
Sergio Pérez fez o seu papel mais uma vez, trabalhou como o esperado, teve uma primeira metade do Campeonato melhor, onde até mesmo conquistou uma vitória durante o GP de Mônaco. Pérez obteve mais uma vitória no GP de Singapura, mas também fez o possível para aparecer no pódio e atrapalhar a luta de Charles Leclerc pelo título.
Pérez encerrou o ano com 305 pontos, contra 308 obtidos por Leclerc e 454 pontos de Max Verstappen. Pérez esperava um pouco mais de liberdade para disputar o Campeonato com o holandês, mas infelizmente ele foi contratado para atuar como segundo piloto, o seu papel foi cumprido quando a Red Bull conquistou o título de Construtores da temporada 2022.
A pergunta que resta para o próximo ano, é direcionada ao desenvolvimento do novo carro, a Red Bull conseguirá superar o problema com o teto orçamentário e o tempo que perdeu no túnel de vento. Tudo indica que sim, pois o projeto do RB18 já foi muito efetivo e o carro do próximo ano é uma extensão dos trabalhos que foram realizados em 2022.
Entretanto, com a constante atualização do carro, a Red Bull pode mais uma vez ter violado o teto orçamentário, algo que seria um problema para a competitividade da categoria que se amparou no teto orçamentário para aproximar ainda mais as equipes do pelotão.
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No próximo ano a Red Bull contará mais uma vez com Daniel Ricciardo. O australiano que teve o seu contrato com a McLaren encerrado, não conseguiu uma vaga para correr na F1 no próximo ano. Ricciardo atuará como terceiro piloto da RBR e dividirá a função de piloto reserva com Liam Lawson. O piloto ainda auxiliará a equipe em atividades comerciais e no desenvolvimento do carro da próxima temporada.