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Preview do GP dos Estados Unidos – A 5ª Sprint da temporada 2023 e o início de uma rodada tripla

A Fórmula 1 chega as Américas com o campeonato decidido, mas com muito chão ainda para percorrer

Neste fim de semana a Fórmula 1 segue para o Circuito das Américas para disputar a 18ª etapa do calendário. O GP dos Estados Unidos dá início a uma rodada tripla, após a prova em Austin, a categoria segue para o México e depois para o Brasil.

O COTA receberá pela primeira vez o formato Sprint, desta forma a categoria realiza neste fim de semana a 5ª prova Sprint da temporada 2023. O formato será mais uma vez explorado no Brasil.

O Circuito das Américas é uma das pistas mais acidentadas do calendário, onde os times lidam com vários bumps. Os solavancos são uma parte complicada de guiar neste traçado e naturalmente as equipes precisam andar com os carros um pouco mais altos, tentando evitar o contato direto deles com o solo e a possibilidade de gerar danos em algumas peças.

Por ser um traçado desnivelado, os treinos livres colaboram para as equipes verificarem os seus carros, encontrando a altura ideal, para combinar performance e evitar problemas. No entanto, por conta do formato Sprint, apenas um treino livre estará disponível neste fim de semana para a verificação e preparação dos carros. Ainda na sexta-feira, quando os competidores retornarem mais uma vez ao traçado, será para definir o grid de largada do GP dos Estados Unidos. – Vamos retornar ao formato mais tarde neste texto.

O COTA é um traçado inspirado em pistas icônicas da Europa, como as curvas 3 a 6 que foram modeladas para remeter a Maggots e a Becketts de Silverstone, ou as curvas 12 a 15 que lembram a parte do ‘estádio’ de Hockenheim, ou ainda as curvas 16-18 que remete a curva 8 do Circuito de Istambul.

56 voltas são completadas na corrida princiapal disputada no domingo – Foto: reprodução

O primeiro setor do traçado é bem técnico e se assemelha a Suzuka, com curvas interligadas onde se o piloto cometer um erro, prejudica bastante a sua volta. Os times precisam de um carro ‘completo’, uma frente imponente que possa ajudar o piloto a direcionar o carro e uma traseira que atue como o planejado e acompanhe esse ‘balanço’ do traçado.

Os times aproveitam esse traçado para usar asas grandes, podendo adquirir mais downforce, a ativação do DRS também é um ponto de atenção para os competidores. Ainda é importante se lembrar das retas, pois a combinação delas com as curvas, faz os pilotos trocarem a marcha do carro cerca de 72 vezes durante uma volta.

A entrada para a curva 1 representa uma das dificuldades da pista, é onde o piloto enfrenta uma das maiores mudanças de elevação, com uma subida íngreme de 30m, em pouco mais de 200m de pista.

O traçado é pensado para que os pilotos possam disputar as ultrapassagens, principalmente porque as curvas podem ser feitas de formas variadas. Este circuito está presente no calendário da F1 desde 2012.

O Circuito das Américas conta com 20 curvas, duas zonas de ativação do DRS (a primeira localizada entre a curva 20 e 01, enquanto a outra está entre a curva 11 e 12). O pit-lane até é rápido, não faz os times perderem tanto tempo, onde eles podem investir em uma segunda parada – ainda que as equipes relutem muito em fazer um segundo pit-stop.

A Fórmula 1 e os Estados Unidos

A Fórmula 1 sempre fez questão de ter uma prova nos Estados Unidos, entre 1950 e 1960 a categoria adicionava as 500 Milhas de Indianápolis ao seu calendário, porém, em todos esses anos já foram realizadas provas em Sebring, Reverside, Watkis Glen, Long Beach, Las Vegas, Detroit, Dallas, Phoenix, Indianápolis (usando o circuito misto e oval).

Com a tentativa de aumentar a visibilidade da Fórmula 1 na casa da Liberty Média, o GP de Miami foi mais uma aquisição para o calendário da categoria, mas ainda não satisfeitos, optaram por estabelecer um contrato com Las Vegas para a realização de uma terceira prova nos Estados Unidos.

A prova pelas ruas de Las Vegas será disputada em novembro de 2023, com a categoria conseguindo cumprir com a meta de ter outra vez três provas nos EUA. Pela segunda vez na história da F1, a categoria realiza três corridas nos EUA (Miami, Austin e Las Vegas), em 1982 foram disputadas provas em Long Beach, Detroit e Las Vegas.

Bom, nem tudo são flores, se o desejo era conquistar os norte-americanos, a prova em Las Vegas que ainda não aconteceu tem sido bombardeada por várias críticas. Os locais estão já não gostaram das interdições para que a prova seja realizada, algo no estilo de Mônaco.

Para a construção das arquibancadas, ocorreram o corte de algumas árvores, algo que também desagradou a população local.

GP de Las Vegas – Foto: reprodução F1

Tanto Miami, como a prova em Las Vegas não é pensada para qualquer público, os ingressos têm valor elevado, além disso, os hotéis têm criado ‘experiências de F1’, que mais uma vez atendem um público com mais dinheiro. Mesmo para os padrões dos norte-americanos, o investimento para ir nestas duas provas se torna alto. Desta forma ainda existem ingressos disponíveis para quem quiser se aventurar por Las Vegas na época do GP.

Para completar as polêmicas que envolvem a prova, uma pessoa que trabalhava na montagem de uma arquibancada morreu em um acidente.

LEIA MAIS: Programação do fim de semana – Horários da Fórmula 1, F1 Academy e Moto GP

A prova em Las Vegas está programada para acontecer no dia 18 de novembro, em um sábado. Quinze dias depois da prova brasileira ser disputada. A corrida programada para o sábado, com a intenção de alcançar um público maior, demonstra nestes primeiros vislumbres que não terá o efeito esperado pela categoria.

Vamos falar outra vez sobre essa prova nas próximas semanas.

Pneus e a Prova do fim de semana

O Circuito das Américas aproveita esse momento que a corrida de Miami pouco empolga e a de Las Vegas tem ido para o mesmo rumo, para ser o destaque entre as três provas programadas para os Estados Unidos.

O COTA passou por uma reforma antes da corrida de 2021 ser disputada, onde 40% do asfalto foi recapeado. A reforma era necessária, pois tinha o intuito de diminuir a quantidade de bumps, mas eles ainda se fazem presente, quase que como uma marca registrada do traçado. Para a construção da pista optaram por um terreno bem irregular, algo que provoca as ondulações no traçado, além de uma grande diferença entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.

Os times voltam muito da sua atenção para a suspensão do carro uma das partes que acaba sendo bem afetada neste traçado. A prova é disputada no sentindo anti-horário aumentando o desafio, mas tornando também a prova mais desgastante para os pilotos. São completadas 56 voltas.

A Pirelli fornecerá os pneus da sua gama intermediária, a mesma formação do ano passado, pois a empresa italiana está se baseando nas outras provas que foram realizadas por lá.

Desta forma os pneus fornecidos são: C2 (duro – faixa branca), C3 (médio – faixa amarela) e C4 (macio – faixa vermelha). As temperaturas influenciam diretamente na degradação dos pneus, mas também da forma como cada um dos times trabalhará com os seus conjuntos disponíveis para o fim de semana.

Pneus escolhidos para o GP dos Estados Unidos – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Ao seguir para as Américas, a Fórmula 1 sabe que pode lidar com um clima instável, assim como as altas temperaturas e tudo precisa ser muito pensado e definido para o fim de semana.

Desta vez, com o formato Sprint, as equipes vão receber 12 jogos de pneus, diferente dos 13 jogos de pneus slick que os times estão acostumados em receber durante um fim de semana regular.

Com apenas um treino livre, a tática de muitos times é avaliar apenas dois tipos de pneus antes da classificação que define o grid de largada da corrida principal. Essa é uma forma de tentar poupar os compostos, principalmente para as duas corridas que estão por vir.

Na sexta-feira a classificação é disputada no formato Q1, Q2 e Q3, normalmente, sem a duração ser alterada. Os times estão liberados para usar qualquer tipo de pneu, mas nesta sessão os pneus macios são os protagonistas.

O sábado será dedicado exclusivamente para a Sprint, desta forma ele começa com a Sprint Shootout, classificação que define o grid de largada para a corrida de 100 km que acontece poucas horas depois. A sessão é mais curta e nela os pilotos têm a obrigatoriedade de trabalhar com os pneus médios novos no Q1 e Q2, enquanto os pneus macios novos são usados no Q3. A regra se aplica se a sessão não for realizada com pista molhada (o que não será o caso neste fim de semana).

O nível de degradação neste traçado é médio. A Pirelli realizou uma alteração na cambagem, para que os pneus tenham mais contato com o asfalto, aumentando a aderência.

A prova de 2022 contou com vitória de Max Verstappen, o piloto da Red Bull trabalhou com a estratégia de duas paradas para vencer a corrida, realizando um stint de pneus médios no começo, para o segundo stint optou pelos pneus duros, mas em sua segunda troca de compostos, retornou aos pneus médios.

Lewis Hamilton completou a prova na segunda posição, largando com os pneus médios e depois trabalhando com dois stints de pneus duros. Os compostos macios não foram usados na corrida, dada as características da pista.

Neste ano os compostos macios podem entrar em ação na Sprint, sendo uma forma de poupar os pneus médios para a corrida, evitando trabalhar com os compostos de faixa vermelha no domingo.

A Fórmula 1 contará com o auxílio da F1 Academy para realizar o emborrachamento da pista, no entanto, esse é um traçado muito usado ao longo do ano. A categoria feminina disputará a sua última etapa do calendário, agora correndo junto com a F1, desta forma a transmissão da etapa irá acontecer pela F1 TV e também estará disponível no Band Sports

Programação da F1 Academy para a prova nos Estados Unidos – Foto: Ale Ranieri / BP

A categoria chega nas Américas com o Campeonato de 2023 decidido. A Red Bull faturou o seu sexto título no mundial de construtores no Japão, enquanto Max Verstappen conquistou o seu terceiro título durante a prova Sprint no GP do Catar. Outras batalhas se desenrolam pelo pelotão, além disso, esse é um momento em que a categoria se foca principalmente no desempenho da McLaren e no que pode ser extraído pela dupla de pilotos deste time.

A Haas levará um grande pacote de atualizações para os Estados Unidos, pensando no desenvolvimento do carro, uma busca por obter uma performance melhor na reta final da temporada, mas esses dados também serão usados como material de estudo para o desenvolvimento e construção do carro do próximo ano. Vamos ver o que nos aguardano Circuito das Américas.

Programação / Horários do GP dos Estados Unidos – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

Obs:. A prova Sprint não será transmitida pela Band, acompanhe pelo BandSports, Band Play e F1TV

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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