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Pista do Catar recebe ajustes para evitar problemas de 2023, e Pirelli aposta na gama mais dura de pneus

Após lidar com problemas na última corrida disputada no circuito, algumas zebras passaram por mudanças, para não ocasionar deformidades no pneu

A Fórmula 1 correrá pela terceira vez no Circuito de Losail, no Catar. A prova será a penúltima disputada na temporada 2024. O evento será novamente marcado por uma Sprint, sendo o último disputado neste formato.

A Pirelli mais uma vez irá fornecer a gama dura de pneus, formada pelos compostos: C1 (duro – faixa branca), C2 (médio – faixa amarela) e C3 (macio – faixa vermelha). A escolha tem por objetivo atender as demandas do asfalto, que é bem abrasivo e cobra bastante dos pneus. Além disso, durante a prova neste circuito permanente, as temperaturas costumam ser altas, mesmo à noite.

Gama de pneus escolhida pela Pirelli para o GP do Catar de 2024 – Foto: reprodução Pirelli

Apenas o pneu C3 é comum entre as provas de Las Vegas e Catar, mas na primeira corrida ele atuou com o pneu duro disponível para o fim de semana, dessa vez ele será o composto macio do evento.

No ano passado tivemos uma corrida bem atípica no Catar, levando a FIA introduzir algumas medidas, depois de um parecer da Pirelli. Após uma avaliação dos pneus, foi determinado que os pilotos completassem apenas 18 voltas com os pneus, isso significou a necessidade de fazer três paradas para conseguir concluir a prova disputada em 57 giros.

A medida foi extrema, mas se deu por conta de uma deformidade observada na parte interna dos pneus – as mico lacerações nas paredes laterais entre o composto e a banda de rodagem e as amarras era causado pelo impacto gerado pela condução repetida sobre as zebras em algumas curvas. Os pneus foram observados depois da utilização nos treinos livres. A ideia era que a prova Sprint servisse de parâmetro, para que fossem liberadas 20 voltas nos pneus, mas como a prova de 100 km foi comprometida com o Safety Car, uma medida mais rígida foi estabelecida.

Os times não poderiam exceder o número de 18 voltas completadas com os jogos de pneus, caso alguma equipe tentasse, a medida seria dar uma bandeira preta para o carro e desclassificar o competidor.

Em 2021, quando a primeira prova foi realizada no Catar, Valtteri Bottas lidou com um estouro, enquanto Lando Norris reclamou da perda de pressão dos pneus. A dupla da Williams, formada na época por George Russell e Nicholas Latifi, também estiveram entre os nomes que enfrentar um problema com o jogo de pneu usado.

Com o encerramento daquela prova, a Pirelli precisou investigar e esclarecer a situação no Catar. A fornecedora de pneus na época informou que não era um problema na construção dos pneus, mas que por conta dos ataques as zebras que eram bem altas, quando os carros estavam em alta velocidade, além das cargas laterais e verticais que os pneus lidaram, algo em particular por conta das características de Losail, contribuíram para que o problema com os pneus ocorresse. Como os compostos foram extremamente exigidos, a estrutura entrou em colapso.

Para a prova de 2024, a FIA e a Pirelli trabalharam na preparação para a prova para evitar que algo semelhante ao ano anterior se repita. As zebras piramidais tiveram suas pontas arredondadas em sete das 16 curvas da pista. A mudança ocorreu nas duas primeiras após a largada, as curvas 4 e 10 e da 12 à 14, a seção que mais estressou as laterais dos pneus

Os engenheiros do departamento de P&D da Pirelli Motorsport realizaram extensos testes nos bancos dinâmicos em Milão, utilizando uma amostra das novas zebras fornecida pela FIA. Além disso, analisaram pneus provenientes de testes realizados por algumas equipes de Fórmula 1 nas últimas semanas no circuito de Lusail, utilizando carros anteriores há temporada 2024. Embora esses pneus não fossem os mesmos da linha planejada para 2024, os dados obtidos ajudaram a validar os resultados das simulações e as indicações dos testes em laboratório. A FIA também implementou uma faixa de cascalho na parte externa de algumas zebras para desestimular os pilotos a ultrapassarem os limites da pista em busca de ganho de tempo.

No ano passado os pilotos também lidaram com uma prova extremamente quente, que fez alguns competidores até passarem mal. Foram noites bem úmidas e quentes, que deixavam o ambiente ainda mais abafado, exigindo fisicamente dos competidores. Este ano a situação não deve se repetir, pois a prova será disputada em outra época do ano, onde as temperaturas são um pouco melhores.

A granulação pode aparecer novamente, como aconteceu em Las Vegas, mas por razões opostas, já que lá elas foram motivas pelas temperaturas baixas no asfalto. Desta forma, isso pode impactar nas estratégias, já que em 2021 e 2023 tivemos provas distintas.

O circuito de Losail, que já recebe a MotoGP, passou por uma extensa reforma, com mudanças nos boxes e na estrutura, além de realizar um recapeamento completo da pista em 2023. As mudanças no circuito foram pensadas para receber as duas categorias.

As zebras piramidais usadas no Catar, entraram em uma grande pauta de discussão, além do fato da Pirelli não ser consultada quanto algumas decisões que são tomadas para os circuitos, mas afetam diretamente o produto oferecido pela fornecedora de pneus. No ano passado foi necessário fornecer um treino extra para os pilotos, de dez minutos, pouco antes da classificação para a sprint ser realizada, isso se deu por uma mudança nos limites de pista. Além das curvas 12 e 13 foram revisadas pela direção de prova, para tentar poupar os pneus.

Outra coisa observada no Catar, é que a pista fica bem suja por conta da areia soprada para o asfalto, devido à localização da pista. A evolução do traçado é um ponto-chave nas estratégias do fim de semana e colaboram para influenciar diretamente no trabalho que será realizado pelas equipes.

A estratégia, em 2021, contou com duas paradas. A prova foi vencida por Lewis Hamilton, alguns pilotos optaram por iniciar a corrida com os pneus médios, embora a escolha pelos compostos macios no início da corrida fosse a mais popular. O segundo stint de Hamilton, assim como o de Max Verstappen, foi trabalhado com pneus duros, enquanto os pneus médios foram escolhidos para fechar a participação na prova.

No ano passado, com a regra imposta para a prova, Verstappen venceu a corrida, fazendo dois stints de pneus médios no início da prova, um com pneus duros e o último com um jogo de pneus médios usados. Como os pilotos sabiam que precisaram parar três vezes, eles conseguiram exigir mais dos carros, tornando a prova até mais interessante.

Estratégia de pneus durante o GP do Catar de 2023 – Foto: reprodução Pirelli

Oscar Piastri e Lando Norris, que completaram o pódio, fizeram os três primeiros stints com pneus médios, usando o jogo de médios novos por último e para finalizar a corrida, foram liberados com os pneus duros, cumprindo a regra de uso de dois tipos de pneus apenas no final da prova.

Essa gama de pneus acaba fornecendo uma boa possibilidade estratégica.

Losail é um traçado com retas importantes, principalmente a reta principal do circuito, com pouco mais de um quilômetro. O trecho entre as curvas 12 e 14 lembra a famosa curva 8 de Istambul, um trecho exigente para os pneus. A sequência também tem uma relevância importante para se obter uma boa volta.


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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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