ColunistasFórmula 1Post

Retrospectiva – Temporada 2021 da Red Bull

Como Max Verstappen e Sérgio Pérez fecharam a temporada 2021 da Fórmula 1 – Foto: reprodução F1

A Red Bull e a Mercedes batalharam em duas vertentes neste ano, uma delas correspondia ao título de pilotos, a outra era pelo Campeonato de Construtores. A equipe austríaca deixou a temporada 2021 conquistando 585,5 pontos, contra 319 obtidos no campeonato anterior. Entretanto, apenas 28 pontos separaram a Red Bull da Mercedes após o encerramento da temporada.

Max Verstappen conquistou um dos tão sonhados títulos para a Red Bull, o piloto se tornou o Campeão Mundial de 2021 na última corrida realizada em Abu Dhabi, quando ele e Lewis Hamilton chegaram empatados. Desde 2013 quando Sebastian Vettel conquistou o seu último título pelo time austríaco, eles não tinham contato com uma taça de campeão.

O desejo de conquistar o título com Verstappen, também estava atrelado a derrotar a Mercedes nos Construtores pois eles estavam sedentos por um título nos Construtores que provassem que a equipe tinha novamente um grande conjunto. Bom, além disso seria a forma ideal para barrar o domínio da Mercedes que começou em 2014.

LEIA MAIS: Metade da Temporada – A disputa para definir a liderança do campeonato

A Red Bull contou com o melhor carro do grid, não apenas aerodinamicamente, mas também em realação ao motor. Todos os esforços da Honda deram resultado, se em 2020 a unidade de potência tinha problemas de confiabilidade, eles foram resolvidos pelos japoneses. A Honda também queria deixar a Fórmula 1 por cima, podendo mais uma vez ser o motor a equipar o carro de um campeão.

Mesmo com a redução de potência natural pelo uso do equipamento, Verstappen ainda tinha fôlego para brigar pelo título, enquanto a Mercedes passou alguns apuros com o ICE.

Por não ter que lidar com problemas na unidade de potência, a Red Bull fez uma temporada equilibrada, concentrando as suas forças para realizar atualizações no equipamento e tentar descobrir os pontos fracos da Mercedes. Em algumas pistas não tão esperadas, Max Verstappen dominou, conseguindo pole e vitória. Sergio Pérez também foi essencial para ajudar o time na coleta de pontos, a Red Bull dependia de um segundo piloto que também estivesse na zona de pontuação.

Max Verstappen duelou com Lewis Hamilton até a última corrida, antes de conquistar o título com a Red Bull – Foto: reprodução F1

Não é possível falar sobre o carro da Red Bull e não mencionar o rake alto, isso deu uma vantagem para o time, pois os carros com essa filosofia em sua construção, conseguiram lidar melhor com as mudanças que ocorreram no regulamento da temporada 2021. Entretanto, mas próximo do final da temporada, lá pelo GP do México, a asa traseira do RB16B passou a ser uma questão, onde o time precisou fazer trocas entre os seus pilotos, pois o DRS estava enfrentando problemas de funcionamento.

Comparação dos rakes usados por Mercedes e Red Bull em 2021 – Foto: reprodução

O início do ano da equipe foi surpreendente, a Red Bull tentou se aproveitar os problemas que a Mercedes tinha com o carro para roubar alguns pontos. Lewis Hamilton também se adaptou de forma mais rápida aos problemas que o carro tinha do que seu companheiro de equipe. Desta forma o desempenho de Sergio Pérez é algo que também merece destaque, o piloto chegou em uma equipe nova, onde o carro não é pensando no segundo piloto, e mesmo fazendo algumas classificações ruins, com estratégias era possível fazer Pérez ganhar um pouco mais de espaço e ajudar o time em conquista por pontos.

A primeira vez que a Red Bull assumiu a liderança do Campeonato de Construtores foi no GP de Mônaco, permaneceram na ponta até o GP da Inglaterra, pois na Hungria a Mercedes voltou para a ponta. Desde este momento a Mercedes não perdeu mais a ponta, mas não conseguiu estabelecer uma distância segura para não se preocupar com isso, pois Pérez estava tendo algumas performances melhores do que as de Valtteri Bottas.

O campeonato em busca pela definição do título de 2021 foi um dos mais eletrizantes, onde ponto por porto foi disputado. A pontuação da Sprint Qualifying, assim como os pontos da volta rápida também foram motivo de preocupação para os dois times que estavam cientes que a decisão poderia ocorrer influenciada por uma dessas provas.

Ainda é importante mencionar que a FIA também atuou neste espetáculo, este é um dos motivos que fazem as duas torcidas dizerem que o órgão regulamentador do esporte favoreceu a equipe rival. Durante toda a temporada a FIA pesou ou tentou compensar as punições aplicadas para os pilotos que estavam disputando o título – nunca deixando eles se distanciarem muito.

Nunca os pilotos se distanciaram muito, o foco da temporada 2021 era fornecer um grande espetáculo para o público – Foto: reprodução Red Bull

Em Abu Dhabi quando ocorreu a decisão do título, tanto Hamilton quanto Verstappen contavam com 369,5 pontos – a vitória definiria o campeão da temporada. O holandês cravou a pole naquela prova, mas perdeu a liderança pouco depois. Ao final da corrida, por conta de um Safety Car provocado por uma batida de Nicholas Latifi, a ordem da prova mudou, o Diretor de Prova definiu a forma como a corrida acabaria – dando a relargada na última volta, como Verstappen estava com pneus mais novos, atacou Hamilton e venceu a corrida, se consagrando campeão.

LEIA MAIS: Mercedes opta por não dar prosseguimento ao protesto contra a decisão da prova em Abu Dhabi

A temporada terminou de uma forma amarga, pois a decisão tomada no calor do momento infringiu o regulamento. Após dias de tensão de uma Mercedes revoltada com as decisões tomadas ao final da corrida, o time alemão desistiu de apelar, aceitando a vitória de Verstappen, mas propondo um estudo para mudança das regras atuais e melhor aplicação delas no esporte.

Verstappen também merecia o título, foi uma das campanhas mais fortes do holandês desde que entrou na F1. O piloto tem um estilo de pilotagem bem particular, Max ainda é agressivo em pista, em alguns momentos escolhe lados da pista onde reduz drasticamente a chance de ser ultrapassado. Em alguns momentos ele acaba sendo muito agressivo, Hamilton sabia que em alguns lances Verstappen estava indo para o tudo ou nada e na eminência de uma batida tirou o pé.

Foi também uma temporada de aprendizado para o holandês, mesmo não cometendo tantos erros como no passado, ele esteve em posição de defesa e ataque. Precisou compreender o seu adversário para vencer corridas, além disso, confiar na sua equipe quanto as tomadas de decisão.

Quando o primeiro balanço da temporada foi publicado aqui no BP, ainda restavam 12 corridas pela frente apenas uma prova Sprint havia passado. O GP da Itália forneceu mais um duelo duro, onde os dois pilotos abandonaram. O GP do Brasil poderia ser um ponto de paz para Verstappen, já que Hamilton foi punido naquele final de semana, mas na realidade aquela corrida fez parte de um período de dominância de Hamilton, onde o piloto emplacou três vitórias seguidas, conseguindo empatar com o rival para disputar a prova final.

O heptacampeão mundial dificultou a conquista do título de Max Verstappen – Foto: reprodução

Não sabemos como será o próximo ano, qual equipe desenvolverá o melhor carro, mas essa foi uma das melhores chances que Verstappen teve para conquistar o campeonato. Nos próximos anos, se a aproximação dos carros acontecerem, o holandês poderá disputar o título com Lando Norris, George Russell, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Daniel Ricciardo e outros nomes que devem surgir pelo caminho.

Os próximos anos também devem ser intensos, já que muitos desses pilotos são igualmente agressivos e não pensam muito em negociar posição como ocorreu entre Verstappen e Hamilton.

Sobre a contratação de Sergio Pérez, ela se mostrou muito acertada, o piloto conseguiu ajudar o time na conquista por pontos. O mexicano também possibilitou a oportunidade de roubar pontos de voltas rápidas que poderiam ser da Mercedes, por algumas vezes estar em uma posição da pista, onde favorecia uma troca de pneu adicional. Pérez não alcançou números parecidos com os de Verstappen, mas isso já era algo esperado, pois são dois pilotos diferentes. O mexicano terminou uma posição atrás de Bottas, pois o finlandês também foi mais vezes ao pódio.

A Red Bull precisou recorrer a um piloto fora de sua academia para ter chances de brigar pelo campeonato, contratar Pérez foi uma saída inteligente, principalmente para acertar a casa. A temporada 2022 deve sinalizar os próximos passos da equipe.

Sergio Pérez comemorou o 3º lugar como se fosse uma vitória no México – Foto: reprodução Red Bull

O time austríaco não fez tudo isso em 2021 da noite para o dia, aquela mudança de motores que ocorreu na Toro Rosso para a temporada 2018, foram necessárias para a preparação da unidade de potência que logo equiparia o carro da Red Bull. Eles também se aproveitaram da queda da Ferrari em 2020 para assumir o posto de segunda força. A introdução do novo regulamento que foi adiado para 2022 também contribuiu para que a Red Bull conseguisse melhorar o seu carro de 2020, usando ele em 2021 e contanto com mudanças do regulamento que favoreceram o seu carro, tudo isso contribuiu para o resultado final da equipe.

A Red Bull questionou partes do carro da Mercedes, mas também causou outros desconfortos na temporada que inflamaram a competição. Uma parte é natural, pela própria natureza política que a categoria tem, mas de qualquer forma, em algumas brigas eles passaram do ponto. 

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo