AutomobilismoColunistasDestaquesFórmula 1Post

Preview do GP dos EUA: a batalha pelo campeonato é retomada no Circuito das Américas

Em uma pista desafiadora, a Fórmula 1 se reune para disputar a próxima fase do campeonato. Saiba mais sobre a pista, pneus e os horários

Depois de uma longa pausa na Fórmula 1, com pouco mais de três semanas sem atividade, a categoria retorna para o encerramento da temporada. Serão duas rodadas triplas seguidas, a primeira trinca é formada pelos GPs dos EUA, México e Brasil.

A temporada escalonou muito rápido, com o crescimento da McLaren e a queda da Red Bull, as provas ficaram um pouco mais dinâmicas. Mercedes e Ferrari também ganharam algum espaço neste duelo, contribuindo para deixar as coisas mais movimentadas.

Lando Norris já conta com três vitórias e segue na batalha do campeonato. Verstappen ainda está na liderança, com 331 pontos conquistados, contra 279 de Lando Norris, mas a expectativa é que o duelo entre eles se mantenha acirrado até a última etapa do calendário. Muita coisa pode acontecer, principalmente com as equipes apostando em realizar mais algumas atualizações em seus carros, para se manterem competitivas.

A McLaren chegou aos 516 pontos e lidera o Mundial de Construtores, enquanto a Red Bull é a segunda colocada com os 475 pontos obtidos até o momento. Os taurinos correm o risco de perder a vice-liderança no Mundial, pois a Ferrari está bem próxima neste duelo, com os 441 pontos obtidos.

Mesmo com o campeonato se aproximando do fim, as equipes ainda têm pela frente não apenas seis etapas, mas três sprints para fechar o campeonato. O Circuito das Américas receberá mais uma vez o formato Sprint, sendo o 4° evento com este formato em 2024. Para aqueles que estão no duelo pelo título, é importante fazer uma boa corrida no COTA.

No COTA, mesmo com Sprint, várias equipes vão trabalhar com novas peças, aproveitando para extrair um pouco mais do carro, como é o caso da Haas – que está mirando na conquista do sexto lugar do mundial de construtores.

Além disso, vale mencionar que Haas, McLaren e Alpine vão utilizar pinturas especiais ao longo deste evento. A Haas ressalta o fato de ser uma equipe norte-americana, enquanto a McLaren optou por resgatar mais uma vez a pintura cromada, assim como fez em 2023 no GP da Inglaterra. A Alpine, por outro lado, irá promover o lançamento do novo jogo do ‘Indiana Jones’, usando uma pintura em formato de mapa, das aventuras deste personagem icônico.

O Circuito

O Circuito das Américas é uma das pistas mais acidentadas do calendário, onde os times lidam com vários bumps. Os solavancos são uma parte complicada de guiar neste traçado e naturalmente as equipes precisam andar com os carros um pouco mais altos, tentando evitar o contato direto deles com o solo e a possibilidade de gerar danos em algumas peças, especialmente ao assoalho. No entanto, neste ano foi concluída o recapeamento da pista, com o intuito de melhorar as condições do traçado, especialmente para os carros de fórmula.

Por ser um traçado desnivelado, os treinos livres colaboram para as equipes verificarem os seus carros, encontrando a altura ideal, para combinar performance e evitar problemas. No entanto, por conta do formato Sprint, apenas um treino livre estará disponível neste fim de semana para a verificação e preparação dos carros. Ainda na sexta-feira, quando os competidores retornarem mais uma vez ao traçado, será para definir o grid de largada da prova Sprint.

Traçado do Circuito das Américas – Foto: reprodução F1

Neste retorno da Fórmula 1, mais três provas Spint aguardam a categoria. Além de Austin receber mais uma vez este formato, ele será repetido em São Paulo e no Catar.

O COTA é um traçado inspirado em pistas icônicas da Europa, como as curvas 3 a 6 que foram modeladas para remeter a Maggots e a Becketts de Silverstone, ou as curvas 12 a 15 que lembram a parte do ‘estádio’ de Hockenheim, ou ainda as curvas 16-18 que remete a curva 8 do Circuito de Istambul.

O primeiro setor do traçado é bem técnico e se assemelha a Suzuka, com curvas interligadas onde se o piloto cometer um erro, prejudica bastante a sua volta. Os times precisam de um carro ‘completo’, uma frente imponente que possa ajudar o piloto a direcionar o carro e uma traseira que atue como o planejado e acompanhe esse ‘balanço’ do traçado.

As equipes aproveitam esse traçado para usar asas grandes, podendo adquirir mais downforce, a ativação do DRS também é um ponto de atenção para os competidores. Ainda é importante se lembrar das retas, pois a combinação delas com as curvas, faz os pilotos trocarem a marcha do carro cerca de 72 vezes durante uma volta.

A entrada para a curva 1 representa uma das dificuldades da pista, é onde o piloto enfrenta uma das maiores mudanças de elevação, com uma subida íngreme de 31m, em pouco mais de 200m de pista.

O traçado é pensado para que os pilotos possam disputar as ultrapassagens, principalmente porque as curvas podem ser feitas de formas variadas. Este circuito está presente no calendário da F1 desde 2012 e projetado pelo renomado Hermann Tilke.

O Circuito das Américas conta com 20 curvas, duas zonas de ativação do DRS (a primeira localizada entre a curva 20 e 01, enquanto a outra está entre a curva 11 e 12). O pit-lane até é rápido, não faz os times perderem tanto tempo, onde eles podem investir em uma segunda parada – ainda que as equipes relutem muito em fazer um segundo pit-stop.

Correr neste circuito também é desafiador, pois os pilotos o completam no sentido anti-horário.

Em 2023 a pista passou pelo processo recapeamento, tornando ela um pouco mais lisa, com o intuito de diminuir os solavancos. Nos anos anteriores, esses bumps eram a maior dor de cabeça para as equipe e motivo para várias críticas. O processo de recapeamento foi finalizado neste ano, com mais algumas áreas recebendo asfalto novo, são elas: as seções entre as curvas 9 e 12, 16 e 3, isso inclui, portanto as duas retas mais longas, onde o DRS é habilitado.

A Fórmula 1 e os Estados Unidos

A Fórmula 1 sempre fez questão de ter uma prova nos Estados Unidos, entre 1950 e 1960 a categoria adicionava as 500 Milhas de Indianápolis ao seu calendário, porém, em todos esses anos já foram realizadas provas em Sebring, Reverside, Watkis Glen, Long Beach, Las Vegas, Detroit, Dallas, Phoenix, Indianápolis (usando o circuito misto e oval).

Com a tentativa de aumentar a visibilidade da Fórmula 1 na casa da Liberty Média, o GP de Miami foi mais uma aquisição para o calendário da categoria, mas ainda não satisfeitos, optaram por estabelecer um contrato com Las Vegas para a realização de uma terceira prova nos Estados Unidos.

A prova pelas ruas de Las Vegas foi disputada pela primeira vez em novembro de 2023, com a categoria conseguindo cumprir com a meta de ter outra vez três provas nos EUA. Foi um momento histórico e pela segunda vez a categoria conseguiu realizar três corridas nos EUA (Miami, Austin e Las Vegas), em 1982 foram disputadas provas em Long Beach, Detroit e Las Vegas.

A Fórmula 1 tem perseguido o desejo de fazer corridas com um padrão elevado nos Estados Unidos, buscando arrecadar mais dinheiro ao mesmo passa que tenta introduzir a categoria no cotidiano do norte-americano. No entanto, provas como Miami e Las Vegas não são pensadas para o público em geral, pois a ideia é atrair mais patrocinadores e pessoas com dinheiro.

Austin é um elo melhor do que ocorre na Europa, a pista também é bem superior ao que Miami e Las Vegas conseguem ofertar. A pista é desafiadora e os competidores gostam das mudanças de elevação.

O WEC também já realizou a sua prova pelos Estados Unidos, contribuindo para essa imersão das categorias europeias nos EUA.

Pneus e a prova Sprint

O COTA passou por uma reforma antes da corrida de 2021 ser disputada, onde 40% do asfalto foi recapeado. A reforma era necessária, pois tinha o intuito de diminuir a quantidade de bumps, mas eles ainda se fazem presente, quase que como uma marca registrada do traçado. Para a construção da pista optaram por um terreno bem irregular, algo que provoca as ondulações no traçado, além de uma grande diferença entre o ponto mais baixo e o mais alto do circuito.

Os times voltam muito da sua atenção para a suspensão do carro uma das partes que acaba sendo bem afetada neste traçado. A prova é disputada no sentindo anti-horário aumentando o desafio, mas tornando também a prova mais desgastante para os pilotos. São completadas 56 voltas.

A Pirelli fornecerá os pneus da sua gama intermediária, a mesma formação dos anos anteriores, pois a empresa italiana está se baseando nas outras provas que foram realizadas por lá.

Desta forma os pneus fornecidos são: C2 (duro – faixa branca), C3 (médio – faixa amarela) e C4 (macio – faixa vermelha). As temperaturas influenciam diretamente na degradação dos pneus, mas também da forma como cada um dos times trabalhará com os seus conjuntos disponíveis para o fim de semana.

Pneus escolhidos para o GP dos Estados Unidos – Foto: reprodução Pirelli

Ao seguir para as Américas, a Fórmula 1 sabe que pode lidar com um clima instável, assim como as altas temperaturas e tudo precisa ser muito pensado e definido para o fim de semana.

Repetindo a escolha do ano passado, por conta do formato Sprint, as equipes vão receber 12 jogos de pneus, diferente dos 13 jogos de pneus slick que os times estão acostumados em receber durante um fim de semana regular.

Com apenas um treino livre, a tática de muitos times é avaliar apenas dois tipos de pneus antes da classificação que define o grid de largada da corrida principal. Essa é uma forma de tentar poupar os compostos, principalmente para as duas corridas que estão por vir.

O fim de semana começa com apenas uma sessão avaliativa, enquanto na tarde de sexta-feira, os pilotos vão realizar a classificação para a prova Sprint, com um formato reduzido.

O sábado começa com o duelo da primeira prova, a corrida de 100 km. O dia se encerra com uma segunda classificação, agora no formato convencional, para definir as posições de largada da corrida principal. A ideia de fazer o fim de semana em dois blocos, colabora para que as equipes possam trabalhar diferentes configurações.

O nível de degradação neste traçado é médio, alguma mudança pode ser sentida, já que a pista passou pelo recapeamento e recebeu faixas novas de asfalto, alterando aderência e desgaste dos pneus.

No ano passado os pneus médios foram os protagonistas, se adaptando melhor as condições de pista quente e com trechos do novo asfalto. Vários pilotos deram preferência para os pneus médios na Sprint, repetindo a sua utilização na corrida principal, para ter mais durabilidade. Max Verstappen faturou a vitória, fazendo dois stints de pneus médios, antes de trocar para os compostos duros e finalizar a prova. A estratégia de duas paradas costuma funcionar melhor.

Programação – Horários do GP dos Estados Unidos – Foto: Ale Ranieri / Boletim do Paddock

O Boletim do Paddock é um projeto totalmente independente. É por isso que precisamos do seu apoio para continuar com as nossas publicações em todas as mídias que estamos presentes!

Conheça a nossa campanha de financiamento coletivo do Apoia.se, você pode começar a contribuir com apenas R$ 1, ajude o projeto. Faça a diferença para podermos manter as nossas publicações. Conheça também programa de membros no nosso canal do Youtube.

Mostrar mais

Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Deixe uma resposta

Botão Voltar ao topo