O GP de São Paulo deste ano encerra uma rodada tripla nas Américas, contando com as provas nos Estados Unidos (Austin), México e São Paulo.
Devido o tamanho sucesso da prova Sprint em Interlagos, com 2021 e 2022 oferecendo provas eletrizantes, a categoria optou por repetir a dose em 2023 e utilizar uma terceira vez o formato sprint em São Paulo.
A F1 está rumando para o final do campeonato, no entanto, após a passagem no Brasil, a categoria ainda tem pela frente o GP de Las Vegas e a prova em Abu Dhabi. Vamos receber a Fórmula 1 outra vez com o campeonato decidido, conhecendo o piloto campeão da temporada (Max Verstappen), além da Red Bull como a dona do Mundial de Construtores.
Porém, ainda é interessante observar o duelo pelo vice-campeonato travado entre Sergio Pérez e Lewis Hamilton. Após o mexicano abandonar a corrida em casa na primeira volta, Lewis Hamilton teve a chance de buscar um pódio e mais uma vez reduzir a distância que foi estabelecida entre ele e Pérez após dois finais de semana complicados do piloto britânico.
A Aston Martin está em queda livre, os carros não rendem mais tanto quando comparados com o desempenho do início do ano. Após abandonar duas corridas seguidas, o desejo é observar a atuação de Fernando Alonso em uma pista rápida e muito conhecida pelo piloto espanhol.
Enquanto a Aston Martin perdeu espaço, a McLaren fez exatamente o oposto e conseguiu encontrar mais desempenho ao introduzir as suas atualizações. O time já passou a Aston Martin no campeonato e segue em busca de mais pódios até completar a temporada 2023.
Interlagos é uma pista icônica no calendário, está entre os circuitos mais queridos dos competidores.
O GP passou por uma alteração do nome em 2021, para ser conhecido como GP de São Paulo, com o intuito de valorizar a cidade e a região que a prova é disputada. O mesmo movimento que aconteceu para mudar o nome do GP da Cidade do México.
Pelo simples fato de mudar de nome as estatísticas zeraram, sendo um ‘novo’ evento para a categoria. Porém, foram disputadas 49 provas no Brasil. Tirando a corria que não foi realizada em 2020 por conta da pandemia, desde a entrada do Brasil no calendário da F1 em 1973, o país não deixou de receber uma etapa.
Características da Pista
O Autódromo José Carlos Pace é um circuito curto, onde o tráfego é intenso, principalmente durante a classificação / neste fim de semana as equipes tem o bônus de lidar com duas sessões classificatórias. Os times precisam ficar atentos com a movimentação na pista para escolher o melhor momento de realizar a liberação dos seus pilotos. O traçado é quarta pista mais curta do calendário, atrás apenas de Mônaco, Zandvoort e México. Também é um dos circuitos com a volta mais rápida, pois 72% dela é feita em aceleração.
O fim de semana será mais uma vez movimentado por conta da Sprint, existe uma janela muito curta para configurar os carros e encontrar o acerto ideal. Chega a prova em Interlagos e com ela a instabilidade climática que São Paulo. Os times podem lidar com a chuva ao longo do fim de semana e automaticamente eles têm pela frente um desafio ainda maior.
As últimas semanas a região sul de São Paulo tem lidado com pancadas de chuva. A cidade é muito grande, a pista mesmo está localizada em ponto da cidade entre duas represas, contando com um microclima próprio. Tudo pode mudar ao longo do fim de semana e provocar novas surpresas. A chuva ou apenas a pista molhada durante a classificação é capaz de bagunçar o grid se os pilotos perderem a janela ideal dos pneus.
O calor também é um problema para as equipes, pois é difícil para realizar a refrigeração dos equipamentos. Interlagos se torna um grande desafio em qualquer uma das condições enfrentadas em pista. Se estiver quente, o ar praticamente não circula, combinando isso ao fato da pista estar localida a 800 m do nível do mar e com o ar mais rarefeito, os times já enfrentam dificuldade para lidar com os seus carros.
Os motores são mais exigidos, podendo ocorrer alguns abandonos. Como a aproximação do final da temporada e um fim de semana com Sprint pela frente, Interlagos não é um bom lugar para realizar trocas no motor.
Os pilotos precisam fazer as suas escolhas e ter uma atitude ousada em Interlagos para ganhar posições. É fácil ficar preso em um trenzinho, desta forma é importante fazer uma boa largada. Ultrapassagens são possíveis ao longo do traçado, essa também é uma corrida estratégica, mas que os competidores também precisam contar com um poquinho de sorte, é quase como se Interlagos escolhesse os destaques do fim de semana.
Os pilotos precisam cuidar da bateria dos seus carros, um trabalho complicado com poucos pontos de frenagem, principalmente se você é o piloto que está defendendo a posição.
Neste fim de semana por conta da Sprint, os pilotos vão enfrentar duas largadas, algo que é um desafio. A reta de largada é um ponto desafiador pois encaminha os pilotos para a primeira curva do circuito, onde fica o “S” do Senna – esse trecho do autódromo deixa os pilotos malucos, pois qualquer erro pode provocar uma batida – pilotos acabam espalhando e perdendo a tangente da curva.
Por conta da inclinação da primeira curva, é muito comum ver os pilotos errando o ponto de freada, podendo até mesmo danificar o pneu usado. É um ponto interessante para ultrapassagens na corrida, pois os pilotos escolhem formas diferentes para completa-la.
O Safety Car costuma ser usado em Interlagos, a corrida em 2016 teve vários períodos de neutralização, por conta de acidentes e da chuva. A ação do Safety Car é perfeita para alterar a estratégia das equipes, assim como um possível Virtual Safety Car.
O traçado é bem desafiador, fluido e veloz, a prova ainda é disputada em sentido anti-horário, sendo mais um desafio aos competidores. A pista é muito técnica, onde o piloto trabalha o acelerador e freio em conjunto, contando com trechos sinuosos e retas que não são muito longas. Para auxiliar nas ultrapassagens os pilotos tem duas zonas para a abertura do DRS.
Pneus
A Pirelli apostou mais uma vez na escolha da gama intermediária de pneus para o GP de São Paulo. A configuração funcionou no ano passado e em 2021, colaborando para uma prova intensa, desta forma a Pirelli aposta mais uma vez na mesma seleção para a corrida que será disputada neste fim de semana em Interlagos.
Nos Estados Unidos a F1 realizou a 5ª Sprint da temporada. O formato adotado para 2023 será utilizado também em Interlagos, desta forma os competidores vão contar com apenas um treino livre para a verificação e preparação dos carros.
Lembrando que com o fim de semana Sprint a distribuição de pneus muda, os times deixam de receber 13 jogos de pneus, para trabalhar com 12. A divisão fica assim: dois pneus duros (C2 – faixa branca), três médios (C3 – faixa amarela) e seis macios (C4 – faixa vermelha). Enquanto para chuva, as equipes recebem seis jogos de intermediários (faixa verde) e três pneus para chuva extrema (faixa azul).
Com o sábado sendo dedicado exclusivamente para a Sprint, a regra de utilização dos pneus muda. Durante o Q1 e Q2 os competidores vão completar as suas voltas rápidas com os pneus médios, enquanto no Q3 os pneus macios são a única opção disponível para buscar as voltas rápidas.
Interlagos possibilita que os times façam estratégias bem diferentes, como foi o caso do GP do Brasil de 2019, onde os três primeiros colocados fizeram apostas completamente distintas. Em 2021 os pilotos apostaram como estratégia principal duas paradas, começando a prova com os pneus macios e realizando dois trechos com os pneus duros.
Durante a prova de 2022, a estratégia da prova principal foi baseada na utilização dos pneus macios e médios. George Russell faturou a sua primeira vitória na Fórmula 1 realizando um stint de pneus macios, seguido por um stint de médios, antes de retornar aos pneus macios para disputar o final da prova. Lewis Hamilton contou com uma aposta semelhante, mas alongou um pouco mais o primeiro stint, antes de realizar a parada obrigatória. Carlos Sainz completou o pódio com a dupla da Mercedes, mas no caso do espanhol ele precisou trabalhar com a estratégia de três paradas.
No evento do ano passado, 8 pilotos concluiram a prova usando a estratégia de três paradas. O Safety Car não foi o fator mais importante para mudar as escolhas das equipes.
O formato completo do fim de semana
Com apenas um treino livre, a tática de muitos times é avaliar apenas dois tipos de pneus antes da classificação que define o grid de largada da corrida principal. Essa é uma forma de tentar poupar os compostos, principalmente para as duas corridas que estão por vir.
Na sexta-feira a classificação é disputada no formato Q1, Q2 e Q3, normalmente, sem a duração ser alterada. Os times estão liberados para usar qualquer tipo de pneu, mas nesta sessão os pneus macios são os protagonistas.
O sábado será dedicado exclusivamente para a Sprint, desta forma ele começa com a Sprint Shootout, classificação que define o grid de largada para a corrida de 100 km que acontece poucas horas depois. A sessão é mais curta e nela os pilotos têm a obrigatoriedade de trabalhar com os pneus médios novos no Q1 e Q2, enquanto os pneus macios novos são usados no Q3. A regra se aplica se a sessão não for realizada com pista molhada.
O domingo é exclusivo para a prova principal, usando o grid de largada que foi estabelecido no primeiro dia de atividades no circuito.
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Um pouco da história
O Grande Prêmio do Brasil acontece no autódromo José Carlos Pace, localizado em Interlagos, na cidade de São Paulo, desde o seu primeiro evento que ocorreu em 1973.
O projeto que levou à sua construção foi muito importante para toda a Grande São Paulo, principalmente porque trouxe o plano de interligação da cidade e consequentemente mais acesso à região em que ele se encontra. Uma estrada que ligava Santo Amaro a Avenida Brigadeiro Luís Antônio e acabava no pedágio da Vila Sophia acabou sendo construído entre os anos de 1927 a 1933. Além disso, o plano de mais uma ligação entre a Avenida Washington Luís e Interlagos e a pista do Aeroporto de Congonhas nasceu na mesma época. Com isso a região de Interlagos recebeu um plano comercial para abrigar comércio e empresas.
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Seu nome foi sugerido pelo francês Donat-Alfred, pois foi construído entre duas represas: a Guarapiranga e a Billings. Não é errado falar que a chuva vem da represa, mas a pergunta que sempre fica é “de qual represa?”.
As corridas automotivas no Brasil, começaram antes da segunda guerra mundial, em um circuito na Gávea, Rio de Janeiro. Em 1936, um projeto para a construção de um autódromo permanente foi iniciado e no ano seguinte um dos templos do automobilismo já estava concluído.
Interlagos rapidamente ganhou a fama de circuito difícil e sem margens para erro, devido as elevações que a pista e sua superfície áspera.
A corrida realizada em 1972, não era parte do calendário oficial da Fórmula 1, mas serviu para chamar a atenção da FIA para o Brasil e mostrar que o país tinha condições de fazer parte do campeonato e no ano seguinte, por fim, entrou na disputa oficial.
Permanecendo até 1977 em Interlagos, no ano seguinte a prova foi transferida para Jacarepaguá no Rio de Janeiro, já que pilotos e equipes reclamavam do asfalto áspero e dos solavancos do circuito paulista. Em 1979, a prova retornou para São Paulo, em instalações novas, mas passados dois anos do regresso para a cidade, descobriu-se que nem tudo estava do jeito esperado, pois faltava segurança, algo que era muito cobrado na época. As insatisfações e o asfalto acabaram retornando para a pauta, então em 1980 a ideia de alternar Interlagos com Jacarepaguá surgiu, já que o autódromo paulista precisava de algumas reformas.
Autódromo de Jacarepaguá
O circuito do Rio de Janeiro era tão exigente quanto o de Interlagos, com curvas angulosas, um asfalto abrasivo e contava com uma ligeira inclinação. A corrida no Brasil era alocada no início da temporada para aproveitar o clima tropical do país. A maioria das corridas realizadas naquela época contaram com o calor constante e altas taxas de umidades. A corrida no Rio acabava exigindo muito do piloto por causa dessas altas temperaturas e eles ficavam extremamente esgotados no final.
Mudanças no Autódromo de São Paulo
Além das mudanças com as elevações que necessitaram ser executadas no circuito paulista, o autódromo sofreu alterações em seu traçado em 1990 e, se ele já era desafiador, passou a ficar mais exigente ainda. Esse encurtamento na pista fez com que o número de voltas aumentasse e consequentemente os patrocinadores do evento e da marca recebessem mais destaque na transmissão, pois tinham mais chances de aparecerem mais vezes.
Chico Rosa foi o engenheiro civil responsável pela readaptação do autódromo de Interlagos e sua proposta era manter as curvas 1 e 3, já que trabalhavam com a alta velocidade e com a redução para a terceira curva. A curva 4 também seria mantida, com a ideia de preservar a parte antiga do circuito para que ele pudesse ser usado por outras categorias, no entanto Bernie Ecclestone não queria concorrência, principalmente com a Indy e pediu para que novas alterações no projeto fossem realizadas.
Bernie Ecclestone colocou a jogada do “S” do Senna no final da reta dos boxes, que seria um jeito de inviabilizar as corridas da Indy e deixar a pista externa inutilizável. A Curva do Sargento ficou totalmente esquecida, pois não tinha mais ligação com a Curva do Sol e atualmente faz parte do estacionamento do autódromo. O anel externo poderia até ser utilizado, mas ficou em péssima situação depois das reformas.
Nos novos parâmetros Alan Prost foi o primeiro vencedor, na corrida que marcava a volta após 10 anos de Interlagos no Grande Prêmio do Brasil.