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OPINIÃO – Temporada 2020 da Ferrari

Em ano marcado pelo Covid-19, a Ferrari esteve no olho da furação, principalmente quando os casos e, mortes começaram a estourar na Itália. Funcionários passaram a trabalhar de casa, a fábrica foi fechada onde o time não pode mais realizar as operações comuns destinadas ao desenvolvimento dos carros. Diante de um país devastado por conta do vírus, a Ferrari precisou se reinventar e auxiliar a população do seu país.

A produção do carro ficou estagnada, enquanto a equipe passou a desenvolver respiradores e outros equipamentos hospitalares para auxiliar na recuperação dos pacientes de Covid-19. Pouco depois deste trabalho incansável e árduo realizado pelo time italiano, os carros voltaram as pistas em julho e eles tiveram que lidar com outra novela que começou a apresentar os seus capítulos a cada prova realizada.

A FIA fechou um acordo com a equipe italiana sobre o motor utilizado em 2019, ninguém sabe os termos deste acordo, o que acabou gerando muita revolta nos outros times. No entanto, quando a Ferrari de fato entrou nas pistas em 2020, a dificuldade foi notada, os problemas aerodinâmicos somados a falta de potência provocaram a queda do time italiano. Seja lá o que a Ferrari tinha no motor, isso realmente fez falta em 2020.

A falta de potência na Ferrari, foi sentida ao longo da temporada 2020 – Foto: Scuderia Ferrari

Na revelação do SF1000, a Ferrari estava otimista com o projeto, mas ao longo da temporada várias partes do carro precisaram ser modificadas, eles investiram em diversos pacotes de atualização. Por conta da pandemia e a mudança do regulamento para 2021, a Ferrari permanece amarrada ao projeto por mais um ano, desta forma foi necessário se esforçar para obter alguma melhora no carro de 2020.

Como em uma montanha-russa, os pilotos do time estiveram no pódio algumas vezes, mas também figuraram nas últimas posições do grid, brigando com Alfa Romeo, Haas e Williams. Pior ainda, perdendo em velocidade para a Alfa Romeo (equipe cliente) em algumas provas, sendo engolida por McLaren, Renault, Racing Point e AlphaTauri em outros momentos.

Analisando o pelotão, é difícil dizer de qual parte a Ferrari fez parte. Ela transitou em vários grupos, teve sorte em alguns momentos, mas também precisou lidar com vários erros de estratégia que fizeram o time perder espaço em muitos momentos.

O problema principal foi a falta de ritmo gerado pela potência do motor, mas a Ferrari ainda lidou com problemas elétricos e com batidas. No GP da Estíria, o time ocupava a terceira posição do campeonato de construtores, para fechar o fim de semana na quinta posição, na ocasião, Charles Leclerc e Sebastian Vettel acabaram se tocando e abandonaram a corrida.

A Ferrari não definiu bem quem seria o segundo piloto, teoricamente Charles Leclerc estaria desempenhando este papel, mas com a temporada avançando, a Ferrari deixou de dar importância para Sebastian Vettel e colocou ele no post de segundo piloto do time. 

No GP da Itália um novo abandono duplo, mas com causas distintas; Vettel ficou sem freios e precisou abandonar a prova, já Charles Leclerc acabou batendo pouco depois da relargada da corrida. O monegasco ainda esteve envolvido em uma confusão no GP da Sahkir, com muita confiança, Leclerc tentou avançar, bateu em Sergio Pérez e levou Max Verstappen para o muro de contenção, Leclerc ainda recebeu uma punição para a corrida seguinte após a investigação dos comissários.

Os dois pilotos da Ferrari não completaram o GP da Itália – Foto: Scuderia Ferrari

Da segunda posição, para o sexto lugar

Desde 2017 a Ferrari esteve ocupando o segundo lugar na tabela de construtores. Em 2019 eles conquistaram 504 pontos, mas em 2020 eles terminaram a temporada com apenas 131 pontos, uma queda brusca provocada por todos os problemas enfrentados pela Ferrari neste último ano.

Sebastian Vettel, Charles Leclerc e Mattia Binotto

Comparativo entre Charles Leclerc e Sebastian Vettel

A narrativa encontrada para a Ferrari nesta temporada, pode dedicar um capítulo apenas para Charles Leclerc e Sebastian Vettel. O monegasco venceu o alemão na batalha interna, mesmo com quatro abandonos protagonizados por ele durante a temporada 2020, enquanto Vettel não terminou duas corridas.

A Ferrari esteve em uma constante tensão interna, Leclerc se adaptou aos problemas do carro e conseguiu extrair resultados melhores que os obtidos pelo companheiro de equipe. Por outro lado, Sebastian Vettel foi chutado do time, não conseguiu render com o SF1000 e ainda foi considerado o segundo piloto do time. O alemão esteve realizando o seu trabalho apenas para cumprir o último ano com a Ferrari. Vettel viu o sonho de correr pelo time de Maranello se tornar um verdadeiro pesadelo, quando não atingiu as expectativas.

Vettel disputou a última corrida com a Ferrari em Abu Dhabi – Foto: Scuderia Ferrari

O alemão não se adaptou ao carro com a traseira solta por conta da pouca downforce. Os problemas de Vettel ainda tiveram um crescimento exponencial com a forma que Mattia Binotto escolheu para trabalhar com a dupla. Vettel precisou lidar com estratégias questionáveis do time e diversos erros que aconteciam em seus pit-stops.

Leclerc ficou com a oitava posição no campeonato de construtores, somando 98 pontos, por conta do décimo terceiro lugar de Sebastian Vettel e os 33 pontos conquistados. O monegasco segue no time para disputar mais uma temporada, enquanto Vettel conseguiu um assento na Aston Martin para disputar a temporada de 2021. Carlos Sainz foi para Maranello ser companheiro do monegasco, após disputar uma temporada incrível com a McLaren, este ano de 2021 será um desafio para o espanhol.

A academia de pilotos da Ferrari, conseguiu levar Mick Schumacher para a Haas, e terá o vice-campeão da Fórmula 2, Callum Ilott como piloto de testes no time italiano. Robert Shwartzman vai disputar a F2 por mais um ano, pois a Ferrari também acredita no piloto russo para ocupar uma vaga na F1 em pouco tempo.

Vale lembrar que a Ferrari está passando por um período de reestruturação, Louis Camilleri deixou o cargo de CEO da Ferrari e John Elkann assumiu o cargo de CEO interino até o conselho da Ferrari obter um novo sucessor.

O time italiano forneceu alguns funcionários para trabalhar com a Haas na próxima temporada como parte do acordo estabelecido entre os times.

Mattia Binotto segue no time – Foto: Scuderia Ferrari

Mattia Binotto segue como chefe de equipe, ao final da temporada 2020 ele deixou de participar de algumas etapas pois estava focado no desenvolvimento de uma nova unidade de potência que deve alavancar o time no próximo ano. A liderança de Binotto foi questionada em diversos momentos ao longo do ano pelos conflitos estranhos que foram gerados.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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