Neste sábado (10) no Autódromo de Monza, na Itália, o piloto brasileiro Felipe Drugovich se consagrou como o campeão da temporada 2022. Guiando pela MP Motorsport, Drugovich superou o domínio das equipes ART e Prema nos últimos anos, para colocar o seu nome na história.
Com três provas de antecedência e os 69 de diferença para Théo Pourchaire na tabela de classificação, o piloto nascido em Maringá (PR) se sagrou campeão na Itália.
Um feito grande, principalmente quando se perdem vários talentos nesta trajetória, por falta de patrocínio, apoio e até mesmo o velho acreditar.
Na prova Sprint, Felipe Drugovich largou da 12ª posição, depois de receber cinco segundos de punição por não ter diminuído a velocidade em um trecho com bandeira amarela quando a classificação foi realizada. O piloto fez uma boa largada, mas se envolveu em um incidente com Amaury Cordeel que rendeu ao brasileiro uma barra de direção quebrada ainda na primeira volta e levou ao abandono.
Não correr, não era um motivo de lamentação, o brasileiro se dirigiu para os boxes e acompanhou a corrida com a equipe. Como Théo Pourchaire não conseguiu chegar na zona de pontuação e obter os pontos que eram necessários para atrasar a comemoração brasileira, Drugovich concluiu o sábado faturando o título.
🏆 CHAMPION 🏆
Felipe Drugovich is the FIA Formula 2 champion!
Felipe Drugovich é o campeão da FIA Fórmula 2!#F2 pic.twitter.com/Ty0I4W36KL
— Formula 2 (@Formula2) September 10, 2022
“Foi uma corrida estranha. Não tínhamos muito o que fazer depois da curva 4 porque eu fui empurrado para a grama e obrigado a abandonar”, disse Felipe Drugovich. “Fechar o campeonato assim é diferente, mas muito bom também, porque mostramos que fomos fortes ao longo do ano. Agora vamos nos preocupar em conquistar também o campeonato de equipes”, finalizou.
O título que veio para o Brasil neste fim de semana, é o primeiro conquistado por um brasileiro na Fórmula 2, mas o piloto encerrou um jejum de 22 anos, desde o título conquistado por Bruno Junqueira na F3000, categoria que mais tarde seria conhecida como F2.
Com a conquista, em seu terceiro ano de Fórmula 2, Drugovich agora com os 40 pontos necessários na superlicença para correr na Fórmula 1.
Nascido em Maringá, em 23 de maio de 2000, o piloto brasileiro tem diversas passagens por categorias de base. O piloto começou no Kart colecionando várias vitórias, antes de seguir para a Europa, para continuar se desenvolvendo no automobilismo. A carreira do piloto foi basicamente apoiada pelo dinheiro que sua família conquistou com a empresa de autopeças no Paraná. Drugovich também conseguiu o apoio de alguns patrocinadores para perseverar no automobilismo.
Em 2016 Drugovich fez a sua estreia nos monopostos, disputando a Fórmula 4 alemã, com a Neuhauser Racing. O brasileiro obteve o seu primeiro pódio na etapa disputada em Zandvoort, terminando o campeonato na décima segunda posição. Na temporada seguinte entrou na Van Amersfoort Racing, estreando na F4 italiana, o brasileiro conquistou sete vitórias, para fechar a temporada na terceira posição, perdendo para Jüri Vips por apenas nove pontos.
O brasileiro também tem passagem pela MRF Challenge, uma categoria que é usada por muitos pilotos para a preparação, antes de dar continuidade em sua carreira. Drugovich ficou em quarto no geral e faturou o título no ano seguinte por ter conquistado 10 vitórias em 16 corridas.
Depois de uma breve passagem pela Euroformula Open, Drugovich retornou à categoria em 2018 e dominou a temporada, conquistando 10 poles e 14 vitórias, além de 16 pódios.
Em 2018 o brasileiro foi convidado pela ART Grand Prix para realizar os testes de pós-temporada em no circuito de Yas Marina, em Abu Dhabi pela GP3. No ano seguinte Drugovich fez a estreia com a Carlin na Fórmula 3 da FIA, correndo ao lado de Logan Sargeant. A carreira do piloto brasileiro foi marcada de altos e baixos, a temporada de 2019 foi bem difícil, onde o Drugo só conquistou pontos na Hungria, com um sexto lugar, terminando a temporada no 16º lugar.
Três anos na Fórmula 2 até a Conquista do título
Felipe Drugovich fez um upgrade na carreira ao optar por não disputar mais uma temporada na Fórmula 3, mas seguir direto para a Fórmula 2. O brasileiro conseguiu um contrato com a MP Motorsport para realizar a sua estreia na categoria de base em 2020.
Por ser um time intermediário, a MP Motorsport cometia alguns erros, fazia estratégias questionáveis, mas o brasileiro ainda encontrou uma brecha para conquistar três vitórias e quatro pódios com a equipe em seu ano de estreia. Drugovich completou a temporada na nona posição.
Na temporada seguinte o brasileiro mudou de áreas, optou por correr com a UNI-Virtuosi, mas o time estava disposto a tornar Zhou Guanyu campeão. Drugovich foi até mesmo questionado sobre o desempenho quando comparado diretamente com a performance do companheiro de equipe. Em uma entrevista do brasileiro, realizada pelo Boletim do Paddock, Drugovich explicou que existia muita diferença entre ele e Zhou, algo que prejudicava os pilotos ao encontrar a melhor configuração para o carro.
Drugovich conseguiu apenas o oitavo lugar em seu segundo ano na Fórmula 2, beliscando um segundo e terceiro lugar em Mônaco, além de um segundo e terceiro lugar em Abu Dhabi, enquanto Zhou Guanyu terminou a temporada no terceiro lugar, somando 78 pontos à mais que o brasileiro, além disso, o companheiro de Drugovich conseguiu um contrato com a Alfa Romeo.
Para a temporada 2022, Drugovich optou por correr mais um ano na Fórmula 2, mirando a conquista da superlicença. Surpreendeu a todos quando retornou para a MP Motorsport, mas a temporada começou de forma não esperada, onde foi trabalhando para logo assumir a liderança do Campeonato.
Théo Pourchaire passou a desafiar Felipe Drugovich na conquista pelo título, mas enquanto o brasileiro foi extremamente regular, o francês foi protagonista de vários erros e viu a sua chance escapar pelos dedos, especialmente durante a rodada tripla que marcou o retorno da categoria depois da pausa para as férias.
Até Monza Drugovich conquistou cinco vitórias, na história da Fórmula 2 Drugovich escreve o seu nome, não apenas pelo título conquistado, mas também por contar com oito vitórias na categoria desde o seu ano de estreia. Com a MP Motorsport, Drugovich ainda conquistou quatro poles e nove pódios, mas ainda tem três etapas pela frente, onde os números podem se tornar ainda maiores.
O brasileiro optou por passar esses três anos na categoria de base, sem estabelecer nenhum contrato com nenhuma academia, Drugovich desejava estar livre para conquistar uma vaga, sem depender desses laços – que em alguns momentos são favoráveis, mas em muitas ocasiões só servem para afastar os pilotos da base de um posto de titular.
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Drugovich foi confirmado pela Aston Martin, o brasileiro atuará como piloto de desenvolvimento e será um dos reservas do time. A equipe está se organizando para que Felipe Drugovich possa guiar o carro da Aston Martin no TL1 em Abu Dhabi. Como parte do seu trabalho, o piloto realizará alguns testes, para que possa auxiliar o time de forma mais direta. O piloto foi contratado pela Aston Martin no mesmo fim de semana que venceu o Campeonato da Fórmula 2.
Meet the first member of the @AstonMartinF1 Driver Development Programme: 2022 @Formula2 Champion, @FelipeDrugovich. pic.twitter.com/RbLdyCXIB6
— Aston Martin Aramco Cognizant F1 Team (@AstonMartinF1) September 12, 2022