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Depois de marcar a Fórmula 1, Sebastian Vettel se despede da categoria

Vettel tem medo de ser esquecido, mas deixa a categoria depois de inspirar vários jovens e ser uma referência para a nova geração

Sebastian Vettel concluiu a sua jornada na Fórmula 1, o piloto deixa a categoria ao final da temporada 2022. O fim de semana em Abu Dhabi foi repleto de várias homenagens ao alemão, em que a categoria e aqueles que dividiram a pista com Vettel, fizeram questão de demonstrar ao piloto que ele não será esquecido.

Nestes últimos meses, quando Vettel se encaminhava para a sua aposentadoria, o piloto mencionou o medo de ser esquecido. Aliás, essa é uma fala recorrente de Vettel, que tem medo de não ser lembrado pelos seus feitos ou sua história.

“Certa vez, ouvi alguém dizer: “Você só será lembrado até que a última pessoa que se lembre de você morra. Deixe me colocar desta forma: o Reino Unido tem um novo rei, mas ele não é o primeiro rei Charles, houve mais dois antes dele. Você se lembra deles? Provavelmente não. Há um limite”, disse Sebastian Vettel à Aston Martin.

“Provavelmente chegará um ponto em que ninguém se lembrará de mim. Nada dura para sempre”, afirmou o tetracampeão mundial.

O alemão deixa a categoria com diversos fãs, pessoas que passaram a admirar o piloto nos últimos anos, não apenas como competidor, mas também por ser tão ‘humano’. Abordar causas sociais e ser uma referência, foi importante para muitos jovens que buscavam na categoria alguém que eles pudessem se identificar e que também falassem a sua linguagem. Vettel e Sir Lewis Hamilton se tornaram importantes para toda uma geração, até mesmo foram importantes para a transformação daquelas pessoas que acompanham esses pilotos desde o começo.

Hamilton recebeu apoio de Vettel quando se ajoelhou pela primeira vez na Fórmula 1 e o alemão acompanhou a manifestação. – Foto: reprodução

Vettel chegou à Fórmula 1 surpreendendo, o alemão substituiu Robert Kubica na BMW Sauber, durante o GP dos Estados Unidos de 2006 e na ocasião conquistou o seu primeiro ponto na Fórmula 1. Dois anos depois, o piloto obteve a pole e uma vitória com a Toro Rosso, durante o GP da Itália, desde esse momento o alemão não pode mais ser desconsiderado. Vettel cruzou a linha de chegada em Monza, com mais de doze segundos de vantagem para Heikki Kovalainen, o então piloto da McLaren.

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Foi natural o processo de levar Vettel para a Red Bull e em 2009 ele já estava guiando pelo time e conquistou a sua segunda vitória da carreira no GP da China.

Hoje quando vemos os números surpreendentes de Lewis Hamilton, esses feitos eram atribuídos à Sebastian Vettel. O alemão rapidamente começou a conquistar pole e vitórias e ainda em 2009 ele terminou a temporada como vice-campeão, para em 2010 emplacar o primeiro título da carreira.

Sebastian Vettel em números – Foto: reprodução F1

Vettel fez algumas corridas dominantes, onde era possível perder o seu carro de vista, mas o piloto sempre teve grandes adversários. Fernando Alonso como bicampeão da categoria e até mesmo Lewis Hamilton que tinha conquistado o seu primeiro título na F1 em 2008. Também não é possível se esquecer de Jenson Button, o campeão de 2009 com a Brown GP. Mesmo o companheiro de equipe, Mark Webber esteve desafiando o alemão.

O piloto que sempre foi muito fã de Michael Schumacher, optou por guiar pela Ferrari, depois que o seu grande domínio na Red Bull tinha acabado. Guiar pela equipe italiana sempre foi um prestígio, é uma marca histórica e Vettel aceitou o desafio. O piloto teve alguns bons momentos com o time italiano, mas não conseguiu conquistar um título com o cavallino rampante.

Vettel sempre teve um estilo de pilotagem que infelizmente não causou com os carros após a mudança do regulamento em 2014. A hera hibrida foi um tanto complicada para alguns pilotos, mas também foi o momento que a Mercedes se sobressaiu e emplacou a sua sequência de títulos.

O sistema de recuperação de energia durante a frenagem, mudou o estilo de condução de Vettel. O alemão que gostava de um carro com a traseira presa ao solo e a dianteira mais solta, enfrentou grandes problemas de adaptação aos novos carros. Agora quando olhamos para o grid atual da Fórmula 1, fica claro que os pilotos que vão se destacar nos próximos anos, são aqueles que se adaptam rápido aos equipamentos, pois competidores que precisam que os carros se adaptem ao seu estilo, fazem o trabalho das equipes ser um pouco mais limitados.

É um tanto ruim dizer que neste esporte você precisa de sorte, mas em alguns momentos ela precisa jogar ao seu favor. Piloto, máquina e equipe têm que trabalhar juntos, para que seja possível ganhar um campeonato. As mudanças de regulamento são momentos desafiadores para qualquer equipe.

Nos tempos de Ferrari, a equipe italiana também teve a sua parcela de culpa para auxiliar Vettel, problemas aerodinâmicos, falta de potência no motor e uma equipe interna com problemas, não foi a melhor combinação para brigar por títulos. E damos um salto para 2022, quando a Ferrari tinha um carro ideal e uma boa dupla de pilotos, o time ainda conseguiu perder o título da temporada, por conta de erros e problemas no motor.

Sebastian Vettel abraçou a Ferrari e fez o possível para conquistar vitórias e levar um título para o time, mas a equipe também precisava ter feito a sua parte – Foto: reprodução

Com o mundo passando por uma pandemia e a Ferrari optando por Carlos Sainz, Vettel deixou o time italiano ao final de 2020, para guiar pela Aston Martin em 2021. O alemão foi escolhido para substituir Sergio Pérez, pois a marca precisava de um piloto que tivesse uma grande relevância para a categoria.

Os anos na Aston Martin não foram incríveis, o time não conseguiu entregar um grande carro, na realidade a AM retrocedeu, quando comparada com a Racing Point. Foi neste período que Vettel começou a considerar a sua aposentadoria do esporte. Não fazia mais sentido para o piloto o grande tempo fora de casa, as justificativas dadas aos seus filhos para a sua ausência se tornaram insustentáveis.

Em 2021, Vettel conquistou o seu último pódio na Fórmula 1, durante o GP do Azerbaijão. O alemão ainda terminou o GP da Hungria daquele ano em segundo lugar, mas foi desclassificado, pois a equipe não conseguiu entregar para a FIA a quantidade de combustível necessário para a análise.

Nestes últimos anos na Fórmula 1, Vettel esteve tentando, buscando resultados melhores e aproveitando cada volta antes da aposentadoria. Lewis Hamilton é um dos competidores que acredita que Vettel voltará para a F1 em dois anos, pois a paixão pelo esporte falará mais alto. Eu posso estar errada, mas acredito que ‘esses passos’ de Michael Schumacher, o alemão não seguirá. Vettel até pode voltar para a categoria, como um consultor, um membro para a FIA, talvez um chefe de equipe, mas acredito que ele não correrá outra vez.

Neste esporte onde o conjunto faz a diferença, Vettel conquistou os seus quatro títulos e viveu fases diferentes da categoria. Antes de se despedir da Fórmula 1, ele teve a oportunidade de conhecer os novos carros, infelizmente a Aston Martin novamente falhou em construir um carro adequado e cometeu vários erros estratégicos em algumas provas. Vettel merecia um equipamento melhor antes de se despedir da F1.

Antes de deixar a categoria, Vettel tentou mais uma vez, se entregando para o projeto, foi até mesmo um dos motivos que levou o chefe de equipe da Aston Martin, Mike Krack conversar com Vettel tentando a renovação do contrato do piloto.

Outro motivo que acredito que Vettel jamais será esquecido, é por algo que ele desenvolveu nestes anos. O piloto passou a defender causas ambientais, lutar para uma transformação do planeta e a conscientização das pessoas.

Assim como Hamilton, Vettel passou a ser destemido, abordando causas sociais, falando sobre o direito da comunidade LGBTQIA+ ou apoiando Lewis Hamilton na luta racial e por mais diversidade no esporte. Em suas viagens junto à Fórmula 1, o piloto estudava o país que estava visitando e sempre apresentava uma causa para se lutar. Com essas atitudes, Vettel colaborou para dar voz à alguns grupos, convidou outras pessoas para lutar junto e esse legado é algo que ele deseja que permaneça na categoria. O piloto pode não ter acertado sempre, mas o importante é que nesses anos ele reavaliou a situação e foi capaz de mudar.

O alemão espera que cada vez mais pilotos, usem a sua voz e a plataforma para abordar assuntos importantes, transformar a vida de outras pessoas e como um bem maior, buscar uma transformação em nosso planeta. O piloto também deseja ser uma inspiração para outros competidores que desejam correr na categoria. Vettel e Hamilton são pilotos consagrados no esporte, mas que usaram a sua visibilidade com cuidado e atenção.

A Fórmula 1 ‘perde’ não apenas um atleta com a saída de Vettel, mas também uma pessoa com muita coragem. O alemão deseja dar continuidade aos seus projetos e agora vai analisar com calma o seu futuro, para dar continuidade aquilo que ele começou na F1.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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