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OPINIÃO – A temporada 2020 da Racing Point

A Racing Point investiu pesado na temporada 2020 da Fórmula 1. A equipe que terminou em 2019 na sétima posição, com 73 pontos, em 2020, brigou pela terceira posição do campeonato e assustou os concorrentes. A equipe ficou com a quarta posição dos construtores ao final da temporada, conquistando 195 pontos com três pódios.

O conhecido carro rosa era muito semelhante ao modelo utilizado pela Mercedes em 2019, a Racing Point não teve vergonha nenhuma ao copiar peças externas e internas do W10. A ousadia gerou protestos da Renault e outros times embarcaram nas acusações, mas o máximo que conseguiram tirar da Racin Point, foram os quinze pontos do campeonato de construtores. A perda destes pontos se deu pela cópia do duto de freio, peça listada que a RP adquiriu em 2019, mas só equipou o carro em 2020, quando não era mais permitido este tipo de troca.

Sergio Pérez durante o GP da Áustria – Foto: Racing Point

A FIA não queria mais conversar sobre o assunto, aplicou a penalidade e realizou mudanças no regulamento para não ver dez Mercedes de cores diferentes no grid. No entanto, ninguém seria capaz de tirar o conhecimento adquirido pela Racing Point em desenvolvimento aerodinâmico e dos dutos de freio que já equipavam o carro. Mas na Fórmula 1 é assim, as equipes sempre estão copiando soluções de outros times, é possível ver que existem fotógrafos nas etapas que acabam fazendo registros de soluções aerodinâmicas de outras equipes para encaminhar aos times que eles trabalham.  

É necessário dizer que a Racing Point já utilizava o motor Mercedes e outras partes fonecidas pela equipe alemã, mas investia em um conceito diferente em seu carro. Em 2020 eles apostaram no conceito que eles sabiam que funcionava com a unidade de potência que impulsionava os seus carros. Foram na aposta certa, para obter o resultado adequado.

Voltando para os trabalhos em pista, já nos testes de pré-temporada, o time chamou a atenção, mas foi apenas no GP da Áustria, que realmente eles ganharam um destaque maior, ao figurar nas primeiras posições a Racing Point não era vista como uma ameaça para a Mercedes, mas sim para aquelas equipes que estão acostumadas a brigar pela segunda e terceira posição do campeonato de construtores.

A disputa entre Racing Point, Renault e McLaren ficou viva até o final da temporada – Foto: Racing Point

Se manter competitiva, atualizando o carro como deveria foi um desafio no início da temporada, era impossível ver a Racing Point isolada, a equipe estava muito conectada ao desempenho da McLaren e Renault. Quando a RP não tinha bons resultados, era a oportunidade perfeita para os outros times reagirem.

Além disso, vale dizer que a Racing Point surpreendeu sim, mas alguns erros acabaram apagando a performance real que era esperada, principalmente com o equipamento que a equipe tinha disponível. Acho que faltaram mais pódio ao longo da temporada, pois eles eram esperados. Com a aproximação do final da temporada 2020, McLaren, Renault e Racing Point travaram a luta da ‘equipe que errava menos’, assim a dupla da carros rosa teve que se contentar com a quarta posição do campeonato de construtores.

Sergio Pérez e Lance Stroll

Comparativo entre Sergio Pérez e Lance Stroll – Foto: reprodução F1

A experiência e habilidade do mexicano contaram muito, Pérez conseguia desafiar os times nas classificações e tinha um bom domínio nas corridas. Ele chegava nos adversários e não precisava negociar muito para a realização de ultrapassagens, desta forma não ficava perdendo muito tempo como outros pilotos. Esse foi um ponto bem interessante para definir as ultrapassagens nos pilotos da McLaren, que mesmo com um bom carro tinham um pouco de dificuldade em alguns circuitos.

Pérez estava mostrando serviço pois gostaria de permanecer no time, mas a Racing Point que em 2021 será Aston Martin, deu preferência por Sebastian Vettel. O mexicano duelou com mais afinco, buscando resultados melhores, foi para o pódio duas vezes, a primeira com um segundo lugar na Turquia e logo depois a tão sonhada vitória no GP de Sakhir.

Quase não existiam mais vagas para Pérez, mas a Red Bull optou por dar uma chance ao mexicano, desta forma o time austríaco optou por substituir Alexander Albon.

Pérez é um piloto rápido e consistente, uma boa opção para qualquer time que deseja brigar pela ponta. Em 2020, Pérez não participou do GP da Inglaterra e do GP de 70 anos, pois contraiu o Covid-19. O mexicano ainda abandonou duas provas por problemas no motor, mas fez a Racing Point conquistar dois pódios e só perdeu outras oportunidades pois a própria equipe cometeu erros de estratégia que tiraram um resultado melhor dele.

Sergio Pérez e Lance Stroll, a dupla 2020 da Racing Point – Foto: reprodução

Sobre Lance Stroll, podemos dizer que foi mais uma temporada para trabalhar a evolução. O canadense cumpriu o papel de segundo piloto e mesmo com cinco abandonos – por causas variadas – nas outras corridas o piloto tentou se manter na zona de pontuação e ajudar o time.

Por conta da batida no GP da Toscana, Stroll prejudicou Sergio Pérez que receberia atualizações do carro no GP da Rússia, mas o mexicano compensou o problema com a sua performance e confiança. Por isso volto a falar das atualizações, nem sempre a equipe pode fornecer as melhores peças para os dois carros da dupla de pilotos.

A equipe ainda precisou recorrer a Nico Hulkenberg, Pérez e Stroll foram contaminados com o Covid-19 e foram afastados, prontamente o alemão assumiu o carro, acabou pontuando em duas etapas. Hulk foi muito cotado em 2020, acreditava-se que ele conseguiria uma vaga em 2021, mas o piloto permaneceu mais uma temporada sem assento.

A Racing Point esteve durante a temporada buscando os 15 pontos perdidos pela punição, então a dupla precisou focar na conquista de pontos. O saldo do time ao final da temporada é positivo, além disso é a equipe que precisamos ficar mais ligados no próximo ano, dinheiro e estrutura o time tem, então não será um problema para enfrentar os concorrentes.

Stroll segue no time, mas a aposta da vez é Sebastian Vettel, com a dupla eles esperam um resultado melhor em 2021.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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