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Mudança de curso: estratégia de uma parada domina o GP da China

Por conta da degradação acentuada no início do fim de semana, a Pirelli apostava em uma corrida mais movimentada na troca de pneus

O GP da China contou com uma dobradinha da McLaren, liderada por Oscar Piastri. O australiano, que tinha faturado a sua primeira pole na F1, conseguiu convertê-la em vitória. Apesar do sufoco vivido por Lando Norris nas últimas voltas, o piloto britânico conseguiu cruzar a linha de chegada na segunda posição.

O resultado garantiu à McLaren a 50ª dobradinha da equipe e a segunda para essa dupla de pilotos que formou o 1-2 na Hungria no ano passado.

George Russell completou o pódio, mais um bom resultado para a Mercedes. As equipes celebram o resultado, ampliando principalmente a distância para a Ferrari, que teve os dois carros desclassificados no domingo.

Sprint

O fim de semana na China contou com uma prova Sprint, a corrida serviu de parâmetro para a Pirelli definir quais eram as melhores estratégias para o domingo.

Com apenas um treino livre, as equipes priorizaram a utilização dos pneus médios, pois eles seriam essenciais para a corrida do sábado. Por ser uma corrida sem a necessidade de uma parada obrigatória, os pilotos precisavam entender como seria o stint o gerenciamento desses compostos.

Logo de cara, ficou claro que os pneus macios seriam usados apenas nas duas classificações e não poderiam ser incluído nas estratégias de corrida. Sem o ponto da volta rápida, eles também não teriam a necessidade de surgir no final da prova.

No entanto, as equipes continuam lutando para compreender a operação dos pneus, com os novos carros. Apesar da Pirelli ter reforçado a estrutura dos compostos, a degradação apresentada até o momento é muito acentuada.

Resultado da corrida Sprint – Foto: divulgação Pirelli

Na China as equipes ainda tinham mais um fator para lidar: o asfalto foi todo recapeado para a prova de 2025, então era esperada uma evolução do asfalto, com mudanças de uma sessão para a outra.

Chegando na Sprint, todos optaram por trabalhar com os pneus médios na largada, mas com 14 voltas, já tinha piloto reclamando do desempenho dos pneus e que eles tinham se acabado. Isso gerou uma certa preocupação para o domingo, pois com paradas mais cedo, era então esperado que a corrida se desenvolvesse para uma segunda troca de pneus.

Carlos Sainz, que fazia a sua segunda corrida com a Williams, precisou recorrer aos boxes para fazer uma troca de pneus, enquanto o restante do pelotão tentou terminar as 19 voltas com o mesmo composto.

Lewis Hamilton conseguiu a pole na sexta-feira e dominou a corrida do sábado, fazendo uma prova segura. O piloto teve que lidar com a perseguição de Max Verstappen por algumas voltas, mas o piloto holandês precisou recuar com conta dos pneus.

Corrida do Domingo

Com os dados obtidos no início do fim de semana, acreditava-se antes da largada que a corrida seria para duas paradas. Sendo assim, a Pirelli então montou um cronograma para a largada com os pneus médios e mais dois stints de pneus duros, ou uma configuração médio-duro-médio.

Estratégia que a Pirelli achava que seria a escolha ideal para a prova – Foto: divulgação Pirelli

Para o início da prova, a maior parte do grid largou com os pneus médios, enquanto Liam Lawson (largada do pit-lane) e Oliver Bearman começaram a corrida com os pneus duros. Gabriel Bortoleto perdeu o controle do carro na primeira volta e foi parar na brita, a reação da equipe foi chamar o competidor para fazer uma parada e instalar os pneus duros, para fazer um stint mais longo.

Acredita-se que as equipes realmente largaram com o intuito de fazer duas paradas, mas os ponteiros desistiram dessa estratégia, principalmente pela eficiência do undercut. Oscar Piastri, Lando Norris e George Russell largaram com os médios e em torno da volta 14, migraram para os pneus duros. A estratégia deles estava bem próxima, já que a Mercedes tentou superar os pilotos da McLaren, dando condições para Russell em pista.

Estratégia de pneus escolhida para o GP da China – Foto: divulgação Pirelli

A Ferrari terminou a corrida ocupando a quinta e a sexta posição, a dupla de pilotos foi superada por Max Verstappen – que também foi para a estratégia de uma parada. O time italiano largou com o intuito de fazer duas trocas de pneus, mas a segunda substituição aconteceu apenas com Lewis Hamilton.

Ao final da prova e com a desclassificação de Charles Leclerc, a Ferrari admitiu que o problema relacionado ao peso do carro do monegasco foi em decorrência da equipe não fazer a segunda troca. Os pneus foram consumidos mais do que eles esperavam, desta forma o equipamento ficou 1 kg abaixo do definido pelo regulamento técnico.

Para a corrida do domingo, a Ferrari fez uma mudança na configuração do carro, que contribuiu para as reclamações de Lewis Hamilton, que sentiu mais dificuldade para guiar o carro, quando comparado com o equipamento que tinha em mãos no sábado. No caso do inglês, a sua desclassificação aconteceu por conta da prancha, que em contato com o solo, sofreu um desgaste maior.

Nessa diferença de configuração, aparentemente Leclerc tinha um carro mais duro que o de Hamilton. Quando o carro do inglês estava mais pesado no início da prova por conta do combustível, raspou no asfalto. O circuito de Xangai tem várias mudanças de elevação que contribuem para que o carro entre em contato com o solo.

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A estratégia de Hamilton foi interessante, principalmente pela aproximação que aconteceu entre ele e Leclerc no final da corrida. Sobre a estratégia de Hamilton ainda é importante dizer que ele largou na frente do companheiro de equipe e sustentou o quarto lugar, mesmo após o toque com Leclerc, porém, com o decorrer da prova ele perdeu performance e após a primeira rodada de pit-stops ele sugeriu a inversão de posição para a equipe.

Performance dos pneus durante o GP da China – Foto: divulgação Pirelli

A inversão entre Leclerc e Hamilton aconteceu na curva 14, a ideia era que o monegasco se aproximasse de Russell para brigar pela terceira posição. O duelo até aconteceu, mas após um erro do monegasco ele foi obrigado a recuar e poupar os pneus. No fim, a Ferrari se quer pontuou na China.

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Nesta corrida, os dois carros da Haas pontuaram, Esteban Ocon finalizou a prova logo atrás de Lewis Hamilton, na sétima posição, trabalhando com uma estratégia de apenas uma parada, assim como os adversários. Oliver Bearman que largou com os pneus duros, foi até a volta 26 com os compostos, quando a substituição para os médios ocorreu e ele conseguiu sustentar a corrida até o final, cruzando a linha de chegada em décimo.

Com as desclassificações, todos os pilotos atrás de Leclerc e Hamilton – além de Pierre Gasly, avançaram na tabela.

Por fim, a degradação dos pneus não foi igual ao que aconteceu no sábado. Embora muitas equipes tenham parado cedo os seus pilotos que largaram com os pneus médios, os compostos duros aguentaram até o final. A grande questão é que pela necessidade de poupar os compostos, a prova não foi tão movimentada como o esperado, os pilotos ficaram um tanto travados nas negociações para fazer ultrapassagens e conforme a prova foi evoluindo a distância entre os adversários foi ampliada.

A McLaren comandou a corrida e próximo ao encerramento da prova, Norris começou a se aproximar do companheiro de equipe. Um problema nos freios atingiu o britânico, que precisou fazer o trecho final da corrida com muito cuidado, em um circuito que ele já tinha cometido alguns erros e é muito exigente nas freadas, por conta das longas retas. Se a corrida tivesse mais uma volta, George Russell poderia superar o adversário, mas como não era esse o caso, Norris levou o segundo lugar para casa.

Chamou a atenção as equipes confiarem tanto no desempenho dos pneus duros, já que eles não foram usados ao longo do fim de semana e surgiram apenas na corrida principal. Além de Hamilton, apenas a dupla de pilotos da Racing Bulls optou pela segunda parada e no carro de Yuki Tsunoda e Isack Hadjar, a corrida de ambos foi prejudicada. O japonês ainda precisou de uma terceira troca de pneus para finalizar a corrida e com isso, ficou atrás dos dois carros da Sauber.

Para Bortoleto foi uma corrida basicamente apenas com os pneus duros, pois por conta daquela parada no início da corrida, a equipe priorizou o uso dos pneus duros e de stints longos. A Sauber figurou toda a corrida no final do pelotão, com apenas o embate entre Nico Hülkenberg e o brasileiro sendo observado.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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