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Preview GP da Itália de 2018 da Fórmula 1 – Ferrari e Vettel buscam diminuir a diferença para Hamilton em casa

O Grande Prêmio da Itália, assim como a prova de Mônaco e da Bélgica, são as únicas que permanecem no calendário de Fórmula 1, desde o ano de sua estreia em 1950. De 1921 à 1928 e de 1931 à 1938 e depois de 1947 à 1949 já haviam corridas e campeonatos de automobilismo no país, fazendo parte do campeonato europeu. A prova também já recebeu o título honorifico de Grande Prêmio da Europa quando era necessário utilizar ela como uma espécie de tapa buraco quando alguma outra prova era cancelada do calendário ao longo dos anos. Aliás várias provas do circuito europeu já receberam esse título, a Bélgica também foi uma dessas provas.

Quer falar de motor? Chame um italiano, no país esse tipo de competição era bem popular e a primeira prova aconteceu em 4 de setembro de 1921 em um circuito que possuía mais de 17 KM, perto de Brescia.

lll Autódromo Nazionale Monza

O Autódromo Nazionale Monza teve suas obras concluídas em 1922 e passava a ser o terceiro autódromo permanente do mundo, pois naquela época só existiam o Brooklands na Inglaterra e Indianapolis nos Estados Unidos. O circuito tinha 10km e era composto por um traçado misto e um oval, sendo bem rápido e sempre proporcionava grandes emoções.

Algumas tragédias acabaram acontecendo no local, mas a de 1928 foi a primeira, quando o italiano Emilio Materassi em uma Talbot e Giulio Foresti em uma Bugatti, que estavam disputando a pista, acabaram se tocando roda com roda, mais foi um verdadeiro desastre. Emilio acabou perdendo o controle do carro e foi na direção dos especardes, o piloto acabou morrendo e cerca de 30 pessoas que estavam assistindo a corrida também faleceram. Acabou permanecendo como o pior acidente até a corrida das 24 Horas de Le Mans de 1955, onde 84 espectadores faleceram e o piloto Pierre Levegh.

Em 1933 Monza seria palco de outra tragédia. Naquele ano, no mesmo dia ocorreram duas corridas, uma no período da manhã e outra à tarde. Embaixo de uma garoa fina, a minicorrida seria concluída e vencida por Czaikowsky. Na sétima volta o carro Alfa Romeo de Felice de Trossi acabou quebrando um pistão e um vazamento de 22kg de óleo se espalhou pela Curva Sul.

Guy Moll que terminava a prova em segundo lugar, acabou passando sobre a mancha de óleo e derrapou. O piloto saiu reclamando das condições perigosas da pista. Ela foi “limpa” com vassouras e sob a mancha de óleo, uma quantidade de areia foi aplicada.

A segunda bateria eliminatória começou e Campari e Barzacchini era os principais concorrentes. O primeiro competia com uma Alfa Romeo enquanto que o outro estava com uma Maserati. Quando eles passaram na Curva Sul as rodas traseiras entraram em contato com a areia e não tiveram aderência. Campari perdeu o controle do carro e derrapou virando várias vezes na pista, morrendo instantaneamente. Barzacchini que estava próximo também tentou pisar no freio e derrapou, o seu carro acabou virando e ele foi ejetado do cockpit e ficou gravemente ferido, morrendo logo depois, ao chegar no hospital. Castelbarco e Barbieri tiveram sorte de sair vivos no dia.

Mesmo com a morte de dois pilotos a organização decidiu continuar o evento e uma terceira eliminatória foi realizada onde cinco pilotos participaram. Depois uma última corrida com 11 pilotos no grid, mas foi na décima volta que o desastre aconteceu. O polonês que estava na Bugatti derrapou, acabou capotando e o carro caiu de cabeça para baixo, prendendo o piloto. A Bugatti pegou fogo imediatamente e apenas o corpo carbonizado de Czaykowski foi recuperado e só depois disso a corrida foi interrompida.

Enzo Ferrari estava perto de Capari e Borzacchini, depois desse acidente o piloto acabou endurecendo por causa das mortes e dos amigos. As mortes e os acontecimentos daquele dia, foram o divisor de água para as corridas, a rigidez do regulamente e da segurança para com os pilotos. Em 1933 os corredores não tinham qualquer segurança, era realmente um desafio com a vida, correr e sair vivo de uma competição era como nascer de novo. A segurança com os espectadores também foi uma coisa colocada em pauta, já que o público fica lado a lado com os carros que estavam disputando a prova, sem nenhuma proteção e só contavam com a sua noção do perigo.

Após a desastrosa corrida de 1933, algumas mudanças precisavam ser realizadas em Monza. Foram adicionadas chicanes, o circuito oval foi modificado, passando a integrar o circuito misto. Equipes como Mercedes e Audi ou Auto Union dominaram esse período até que a segunda Guerra Mundial estourou e de 1939 à 1946 não houveram mais corridas no país.

Em 1947 o Grande Prêmio da Itália aconteceu em Milão e a corrida foi conquistada por Carlo Felice Trossi em um Alfa Romeo, mas mais um acidente voltou a ocorrer, Giovanni Bracco saiu com o carro da pista e acertou um grupo de espectadores, onde cinco pessoas acabaram mortas. O local nunca mais foi usado e no ano seguinte a competição foi transferida para Valentino Park. Já em 1949, Monza voltou a sediar as corridas.

 

lll A Monza de 1949-1979

Em 1950 a Itália viu nascer o campeonato de Fórmula 1 e Monza passava a ser uma competição oficial. A história da Fórmula 1, como a de Enzo Ferrari e outros italianos como Alberto Ascari, filho de Antonio Ascari e outro memorável piloto dentro do automobilismo se cruzavam naquela época. Enzo acabava o seu contrato entre Ferrari e Alfa Romeo e passava a executar os seus projetos independentes.

A pista passou por diversas alterações ao longo dos anos, em 1954 novas instalações foram construídas e dentre elas um muro de contenção, a Parabólica foi construída no lugar das duas curvas que tinham angulo de 90° graus e 10 km.

 

Em alguns anos como em 1957 à 1960 a parte oval deixou de ser usada, mas em 1961 decidiram que ela faria parte da disputa e viu mais um acidente acontecer. Os dois pilotos da Ferrari, Hill e o alemão Wolfgang von Trips entraram na corrida com grandes chances de vencer.  Na largada Von Trips perdia a liderança para Hill e outros dois competidores, enquanto isso Jim Clark ganhava posições. Os carros chegaram na Parabólica, Clark e Von Trips estavam lado a lado, quando se tocaram roda com roda e o piloto alemão foi lançado para cima dos espectadores, o piloto e 14 pessoas morrem. No entanto a corrida não foi encerrada e Hill acabou vencendo a corrida. Supostamente a corrida não foi encerrada, para ajudar no trabalho de resgate dos feridos, o que não faz sentido algum.

Em 1962 o circuito oval deixou de ser utilizado pela Fórmula 1 e nunca mais voltou para a competição.

 

lll Imola 1980

Em 1980 o Autódromo Enzo e Dino Ferrari ou Imola, foi anunciado para o campeonato já que Monza passaria por uma reforma e grandes atualizações em novos complexos. Imola já havia sido usado para eventos fora do campeonato.

No ano seguinte Monza voltou para a Fórmula 1, porém Imola é mantida no calendário e recebia o nome de Grande Prêmio de San Marino, que foi disputado até 2006.

lll Pneus

Foi mantida a mesma escolha de pneus usados em 2016 e 2017 médio (faixa branca), macio (faixa amarela) e supermacio (faixa vermelha) no entanto os compostos desta temporada tem uma goma mais macia que os utilizados nas temporadas passadas.

O grande problema é lidar com a degradação já esta é uma das pistas quentes do ano, além disso Monza tem grandes retas, fazendo com que o pneu seja altamente consumido. Escolher os supermacios para quem quer fazer apenas uma parada nos boxes pode ser arrisca, mas é possível ver alguns pilotos optando pela utilização dos médios na parte final da corrida, mesmo que sejam os compostos mais lentos.

lll Corrida de 2017

 

Diferente do sábado em que havia caído um pé d’água durante a classificação, o domingo começou com 24°C e a temperatura da pista estava na casa dos 37°C e a chuva não fora uma ameaça para a corrida. Os pilotos tiveram a oportunidade de escolher os pneus para a largada e a maioria optou pelos supermacios. Apenas a dupla da Red Bull, Hulkenberg e Alonso calaram os compostos macios.

 

Hamilton dominou a corrida, liderando-a de ponta a ponta e não foi ameaçado em nenhum momento. Aliás depois da largada ele praticamente sumiu de vista. Conquistou a sexta vitória no ano, ultrapassou Vettel no campeonato com três pontos a mais que o alemão. Vettel fez o que pode, largando em sexto e terminou em terceiro lugar, ele não tinha como chegar nos carros da Mercedes, a pista é da Ferrari, mas o traçado e por ser um circuito de alta velocidade, acabou favorecendo as flechas prata.

 

Valtteri Bottas também foi um destaque da corrida, largou em quarto e acabou encontrando o finlandês que não fala a sua mesma língua nas pistas. Raikkonen e Bottas mergulharam juntos na primeira curva, mas o piloto da Mercedes que se sustentou na frente. Logo depois foi a caça de Stroll e Ocon para obter o segundo lugar nas primeiras voltas da prova.

Mas o grande nome da corrida na verdade foi o de Daniel Ricciardo, que também foi escolhido como o piloto do dia pela votação no site da Fórmula 1. Largou de décimo sexto, depois das punições que recebeu pela troca de peças do motor. A estratégia escolhida pela Red Bull de colocar os compostos macios em seu carro funcionou muito bem. O australiano largou bem, realizando uma corrida de recuperação. Ficou mais tempo na pista enquanto os outros realizavam os seus pit-stops e pode aproveitar o final da prova com os supermacios mais novos que foram instalados e que consequentemente eram mais velozes.

Verstappen poderia ter se dado bem da mesma forma que o companheiro, mas se envolveu em um incidente no começo da prova com Felipe Massa e acabou levando a pior já que o seu pneu ficou furado. O holandês perdeu muito tempo nos boxes, porque a asa dianteira também ficara danificada. Se viu despencando para último, realizando uma prova de recuperação. O bom senso passava longe do piloto nesta corrida. Magnussen que o diga, já que a décima posição de Verstappen não foi conquistada de forma limpa.

 

A última volta da prova ainda reservou uma emoção a mais. Stroll vinha lutando para chegar em Ocon e tentar uma ultrapassagem, mas mesmo conseguindo abrir a asa em diversos momentos, o canadense não conseguia se aproximar do carro da Force India. A medida que a corrida foi chegando ao fim, Massa acabou colando nos dois e o brasileiro era um forte candidato a tomar o sétimo lugar de Stroll, o brasileiro tentou, mas não foi possível realizar a ultrapassagem.

 

Nessa briga de defender a posição Sergio Pérez se aproximou deles e na volta final, Stroll, Massa e o mexicano vivaram um bolo. Stroll ficou limitado a abrir a asa, mas Massa e Pérez tinham sua vez por conta da proximidade. Por fim o canadense defendeu a posição dos ataques do companheiro de equipe e Massa também não deixou espaço para Pérez passar.

 

 

Os carros da Williams acabaram ficando com o sétimo e oitavo lugar, bom resultado obtido por Stroll e por Ocon com o seu sexto lugar. Eles não tinham carro para se sustentar na ponta, mesmo assim fizeram uma boa corrida e se mantiveram na zona de pontuação.

O Grande Prêmio da Itália foi uma prova para tirar o chapéu para aqueles que souberam analisar positivamente a situação.

 

Fonte: globoesporte.globo.com
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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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