O GP da Espanha foi um tanto agitado, principalmente por conta das estratégias trabalhadas ao longo da corrida. Max Verstappen venceu a corrida, mas não foi tão simples cruzar a linha de chegada na primeira posição, Lando Norris tentou fazer a aproximação nas últimas voltas da prova, munido por um bom ritmo.
Desde o início do fim de semana as equipes identificaram a degradação acentuada dos pneus. O calor intenso, combinado com a pista abrasiva, era o que ditaria o ritmo da corrida. A Pirelli escalou a gama dura de compostos para a prova, como fez no ano passado, mas algumas dúvidas surgiram ao longo do desenvolvimento do evento.
Em um momento do fim e semana, a expectativa era que a corrida seria pautada em três paradas. Ou que seria necessário o time pouparem os pneus duros e médios, para evitar que os compostos macios fossem utilizados no domingo. No entanto, duas trocas de pneus formaram a estratégia mais rápida e os pneus macios, combinado aos compostos médios, foram usados pelos competidores.
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Grande parta das equipes contava com apenas um pneu duro e outro médio disponível para a prova, enquanto os jogos de pneus macios eram um pouco mais abundantes. Entre as 10 equipes do grid, a Williams foi o único time que reservou dois jogos de pneus médios para os seus pilotos, mas tanto Alexander Albon como Logan Sargeant trabalharam apenas com um jogo de pneus médios cada.
A Pirelli apostava como estratégia principal a utilização dos pneus macios na largada, depois os pilotos passariam para os pneus médios e para concluir a prova, os pneus de faixa vermelha voltariam a ser usados mais uma vez.
Porém, no GP da Espanha cada uma das equipes trabalhou de uma forma para chegar até a conclusão da prova; alguns pilotos como Zhou Guanyu, Yuki Tsunoda, Kevin Magnussen, Valtteri Bottas e Sergio Pérez anteciparam as suas paradas, fazendo a substituição dos compostos antes da janela que era esperada. Lando Norris e Charles Leclerc prolongaram o seu primeiro stint, substituindo os pneus da largada na volta 23 e 24, respectivamente.
Cada uma das equipes estava em uma batalha particular, basicamente o que foi compartilhado por dezenove dos vinte pilotos, se resumiu apenas na largada com os pneus macios. A exceção foi Albon que ao largar dos boxes, optou pelos pneus médios para permanecer um pouco mais na pista, mas a sua janela para a primeira troca de pneus ocorreu na volta 18.
A batalha pela ponta
Lando Norris começou a prova da posição de honra, teve uma boa reação, mas quando chegou na primeira curva, estava mais preocupado com a possibilidade de ser ultrapassado por Max Verstappen. Deixou espaço do lado direito e foi por lá que George Russell saltou para a ponta.
Verstappen ultrapassou Russell no terceiro giro e abriu, mas não conseguiu se distanciar muito do piloto da Mercedes. Pelas próximas voltas Norris fez o possível para superar Russell.
Foi travado entre as três uma batalha estratégia pela ponta. Russell foi superado por Norris na volta 14 e pouco depois, a briga do piloto da McLaren se tornou atrelada as decisões de corrida tomadas pela Red Bull para Verstappen. Russell por sua vez, travou uma briga particular com Lewis Hamilton e os pilotos da Ferrari.
Norris liderou a corrida por seis voltas, quando Max Verstappen parou na volta 17. A McLaren fez a troca de pneus de Oscar Piastri primeiro, parando Norris na sequência – nas duas substituições de pneus.
A escolha de realizar as trocas depois, foi uma forma de garantir que Norris tivesse pneus mais novos para brigar com os adversários. Mas a primeira troca, jogou Norris atrás de Sainz, ocupando uma sexta posição; o inglês precisou remar tudo de novo e superar Russell mais uma vez, antes de colocar Verstappen na mira.
A segunda troca de pneus aconteceu para Verstappen na volta 44 e para Norris no giro 47. Desta vez o inglês voltou à frente de Russell, eles duelaram um pouco, mas o piloto da McLaren teve a chance de seguir da volta 48 até a 66 tentando reduzir a distância que tinha para Verstappen.
Norris conseguiu diminuir a diferença que era de mais de 6 segundos, para 2s2 quando a última volta da corrida foi realizada. O piloto da McLaren acreditava que seria possível travar um duelo mais justo com Verstappen se não tivesse desfrutado daquele problema na largada.
Escolha de Pneus na Mercedes para Hamilton e Russell
Como mencionado no começo do texto, apenas a Williams guardou dois jogos de pneus médios para a corrida, o restante do pelotão optou por utilizá-los durante os treinos livres de sexta-feira e o TL3 do sábado quando fizeram as verificações dos carros.
Com Hamilton a Mercedes usou os pneus macios, médios e macios, para completar a prova. O inglês percorreu da volta 43 até a 66 com pneus macios usados, mas que foram suficientes para superar Russell.
A mesma estratégia foi usada com Charles Leclerc, para que o monegasco superasse Sainz em pista e contasse com uma chance melhor para buscar Russell. Funcionou para Leclerc, mas ele recuperou apenas a posição perdida para o próprio companheiro de equipe.
Russell instalou um jogo de pneus duros na volta 36, assim como fez Carlos Sainz, os pilotos, não contavam com um jogo adicional de médios, pois já tinha consumido o seu único jogo; arriscar os macios, naquele momento da prova, poderia significar uma perda maior de desempenho até o final da prova.
A Mercedes trabalhou estratégias diferentes para os seus pilotos. Hamilton foi mais rápido no final da corrida e saltou para o terceiro lugar. Russell fez a escolha de brigar com Norris na volta 32, fazendo a distância entre ele e Hamilton reduzir substancialmente; ao ficar vulnerável a Mercedes optou pela troca de pneus para os compostos duros e Hamilton ganhou a posição em pista.
Apesar do pódio ter contado com Verstappen, Norris e Hamilton – quase a mesma configuração da largada, os pilotos tiveram que lutar para obter o resultado.
Mesmo com o holandês faturando mais uma vitória, a corrida foi mais interessante para o público, pois assim como o Canadá, tivemos disputa em pista. Hamilton conseguiu o seu primeiro pódio em 2024 com a Mercedes e ficou um pouco mais feliz com o resultado.
Neste domingo o que chamou a atenção mesmo foi o desempenho da Mercedes mesmo em pista quente, algo que a equipe sofria muito. Por outro lado, a Ferrari, que tinha vantagem em circuitos com a pista mais quente, não teve o mesmo efeito na Espanha e basicamente não renderam nada usando os pneus médios.
Outros detalhes
Punido, Sérgio Pérez começou a corrida ocupando a 11ª posição, o mexicano não progrediu na larada e travou um duelo particular com Nico Hülkenberg. A Red Bull fez uma estratégia diferente para o piloto, resultando na estratégia de três paradas, sem trabalhar com os pneus duros. Pérez largou com os pneus macios, fez a primeira parada na volta 13, mas usou um segundo jogo de pneus macios até a volta 31. O stint com os médios durou da 31 até a volta 49, quando novamente Pérez explorou os pneus macios. Mesmo depois de todas essas trocas, o piloto ficou apenas na oitava posição, atrás de Oscar Piastri que largou ocupando o 9º lugar.
Yuki Tsunoda também trabalhou com a estratégia de três paradas, mas não colaborou com o piloto. O japonês foi apenas o décimo nono colocado quando a corrida foi concluída.
Dos 20 pilotos, doze fecharam a corrida usando os pneus duros. Tsunoda usou os compostos de faixa branca entra a volta 27 e 44, recuando mais uma vez para o final do pelotão para usar os pneus macios e terminar a corrida como o restante dos outros competidores.
No final das contas, o pneu duro foi trabalho ao longo da corrida e se tornou importante para algumas equipes, mas foi o resultado dos pilotos não contarem com um jogo adicional de pneus médio e não sentirem confiança nos pneus macios – dependendo do momento da parada – por conta da combinação de asfalto quente e abrasivo.
A Fórmula 1 segue sem pausa para a Áustria, com a corrida sendo a segunda batalha de uma rodada tripla.