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Alpine se ilude com o resultado da temporada passada e agora Rossi cobra uma mudança rápida

Depois de passar por processos de reestruturação, Laurent Rossi, CEO da Alpine cobra mudanças depois de deixar claro que a paciência tem se esgotado

Já tem algum tempo que a Alpine tenta buscar bons resultados, o desejo de voltar a ser uma equipe campeã, um time que pode conquistar vitórias e pódios com regularidade vem desde a época que ainda usava o nome Renault. A própria troca do nome foi uma forma de sinalizar que eles estavam vindo mais fortes.

A Alpine passou por um processo de reestruturação que não deu muito certo, quando apostaram na repartição da gerência do time com mais chefes de equipe. O formato não deu certo e voltaram para o tradicional, contratando Otmar Szafenauer que fez a sua primeira temporada à frente do time francês.

No ano passado a Alpine fechou a temporada como a 4ª colocada, superando a McLaren no Mundial de Construtores. A temporada da Alpine não foi perfeita, o time se aproveitou da situação da McLaren que tinha muita dificuldade para pontuar com os dois carros. O time francês também lidou com quebras. Não foi um ano com pódios ou uma vitória como aconteceu em 2021 (uma temporada de certa forma atípica na F1 depois da Pandemia).

Porém, a equipe tem se apegado a esses resultados para voltar a vencer e estar disputando a temporada como uma equipe do topo. Neste ano o time enfrenta outra vez a dificuldade para estar no Top-10, pois as equipes do meio do pelotão estão embolados e é ainda mais necessário ter algo para se destacar. Até agora a Alpine conquistou apenas 14 pontos, empatando novamente com a McLaren, mas agora lutando pela quinta posição do Campeonato.

A Alpine persegue formas de pontuar em 2023, enquanto traça os planos para ser uma equipe de ponta – Foto: reprodução Alpine

Otmar deixou a Aston Martin, depois de longos anos trabalhando não apenas com família Stroll, mas com a Force India/Racing Point/Aston Martin para cuidar da Alpine. Entre os chefes de equipes, Otmar é o que menos parece ter um pulso firme ou um controle de gerenciamento. Prova disso, é que em seu primeiro ano como chefe de equipe, Otmar perdeu não apenas Fernando Alonso, como também levou uma rasteira de Oscar Piastri. Enquanto tentava prender os dois, os pilotos resolveram se arriscar em outras equipes.

Quando Alonso apostou na Aston Martin a escolha parecia bem precipitada, afinal, o espanhol estava trocando um time que estava se desenvolvendo por outro. No entanto, o time britânico agora está brigando por pódios, enquanto a Alpine ainda está tentando colocar as coisas nos eixos.

O 2022 da Aston Martin foi bem sofrido, a equipe se arrastava no pelotão e só foi apresentar alguma melhora no final da temporada. O primeiro carro construído sob o novo regulamento tem participação de Otmar, pois ele estava na equipe antes de deixar o time que posteriormente seria gerenciado por Mike Krack.

Em entrevista com Laurent Rossi ao site da Fórmula 1, ele comentou algumas frustrações e uma delas está obviamente ligada à Otmar, que acompanha a equipe diretamente. O chefe de equipe foi contratado pela Alpine pela sua vasta experiência no esporte, trabalhando com um time que foi sofrendo mutações.

“Ele é responsável pelo desempenho da equipe, esse é o trabalho dele. Não há como se esconder aqui. Otmar foi contratado para orientar a equipe, ao longo da temporada e das próximas temporadas, em direção aos objetivos que temos, que é progredir constantemente, como fizemos nos primeiros dois anos – quinto e quarto [nos Construtores] – e chegar aos pódios, esta é a sua missão de dar a volta por cima e trazer a esta equipe o desempenho que queremos”, estabeleceu Rossi.

“Tínhamos uma equipe que jogou razoavelmente bem no ano passado, conseguimos a quarta posição que é a melhor evolução que tivemos em muito tempo. Mostrou muita promessa. São mais ou menos as mesmas pessoas, então não aceito que não sejamos capazes de manter isso. Sim, é Otmar e o resto de sua equipe, pois Otmar sozinho não faz tudo, mas a responsabilidade fica com Otmar. É responsabilidade de Otmar, sim”, afirma Rossi.

Otmar perdeu Fernando Alonso e Oscar Piastri de uma vez. O espanhol optou por não renovar o contrato e Piastri começou a negociar um contrato com a McLaren quando viu que o time francês tinha preferência pelo espanhol. Enquanto Otmar tentava reter os dois pilotos por mais uma temporada, precisou traçar novos planos quando viu que não tinha mais controle da situação – Foto: reprodução Alpine

Quando o carro da Alpine para 2023 ganhou as pistas, ficou claro que o time tinha perdido terreno e mais uma vez eles teriam que percorrer um caminho buscando a direção certa. Em meio a todas essas mudanças, parece que a Alpine não está sendo capaz de se estabelecer, arrumar a casa. Vendo o que tem acontecido com a Alpine atualmente, Fernando Alonso soube exatamente o momento ideal para deixar a equipe, pois talvez ele tivesse notado que as coisas de fato não estavam progredindo.

“Confiança é algo que aumenta com bons resultados e diminui com resultados ruins. Todo mundo começa com um capital de confiança e depois você o administra. Existem tantos contratempos que você pode enfrentar no esporte, em um mundo de competições. Todos podem dizer se você está indo no caminho certo ou não, direção. Isso afeta diretamente a sua confiança. Eu diria que Otmar é muito capaz, mas ele tem uma grande tarefa em suas mãos”, afirmou Rossi.

As coisas podem mudar rápido na Fórmula 1, mas perder terreno também significa ganhar uma fatia de prêmio menos no final da temporada. A Alpine no ano passado se concentrou muito na questão do teto orçamentário, reclamando principalmente das equipes que pediram um aumento no teto de gastos, enquanto time tinha se limitado aos gastos definidos para o ano.

O time tem economizado um pouco, para contar com instalações melhores e um novo simulador, programado para entrar em funcionamento em dezoito meses a dois anos.

“A Aston tem menos engenheiros do que nós, até onde eu sei. Eles ainda não têm túnel de vento próprio, não têm fábrica funcionando no momento. Eles aceleraram o desenvolvimento ao ter as pessoas certas se juntando a eles. Isso mostra que tudo depende da criatividade e da eficiência. É a regra do jogo, sabemos disso. Portanto, não, desculpe, não compro a desculpa do recurso.”

Outro ponto é que atualmente a Alpine está sozinha na Fórmula 1, o time não tem outra equipe que confie em seu trabalho para fornecer a unidade de potência e dividir a coleta de dados para auxiliar no desenvolvimento. Trabalhando sozinha, é difícil obter ganhos em um grid dominado por Mercedes e Ferraris.

Rossi ainda não responsabiliza os pilotos pois eles estão trabalhando com o que tem. Estaban Ocon realiza algumas corridas de uma forma pouco exibicionista, mas tenta faturar pontos. Pierre Gasly está sendo testado de uma forma mais puxada agora, depois de deixar a AlphaTauri e ser uma aposta para a Alpine. O potencial deles de desenvolvimento de carro e feedback será muito testado, principalmente que agora eles estão direcionando a equipe não apenas em 2023, mas para o próximo ano.

Acredita-se que a Alpine está trabalhando para um novo momento de virada e realizará o anúncio de um novo parceiro financeiro. É o que aponta o site The Sports Rush, onde a Alpine concordou em vencer 25% das suas ações para um investidor americano (AutoNation), podendo subir a venda para 40%. O dinheiro trazido pela empresa ajudará no crescimento da equipe francesa e em formas para melhorar o seu desenvolvimento.

Essa também seria uma forma da Alpine entrar nos Estados Unidos e começar as vendas na América, aproveitando também essa imersão da Fórmula 1 nos Estados Unidos. A AutoNation patrocinou a Alpine durante o GP de Miami.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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