Se o começo da temporada da Fórmula 1 foi um pouco monótono, parece que as peças estão se encaixando para proporcionar um pouco mais de diversão para o público. Mesmo com Max Verstappen vencendo o GP da Espanha, vimos o piloto em disputa direta com Lando Norris, precisando reagir ao desempenho da McLaren.
Parte das pessoas tem criticado muito a categoria pela Red Bull ter dominado todas as etapas em 2023, com exceção ao GP de Singapura, e começar o ano da mesma forma. As equipes do grid não conseguiram obter um equipamento como o do time austríaco, mas neste início de campeonato foi um pouco mais frustrante, pois os equipes também não estavam travando um duelo real entre eles em pista.
Foi todo um processo dentro deste regulamento, para que as equipes coletassem dados e fizessem as suas apostas para melhorar o desempenho. A Red Bull saiu muito na frente e os outros times, mesmo com algumas boas duplas de pilotos, não contavam com um bom equipamento. Tivemos um exercício de erro e acertos, para melhorar os carros e termos alguma competitividade.
A McLaren foi uma das equipes que impressionou em 2023, por apresentar um crescimento muito significativo com o campeonato em andamento. Hoje colhe os frutos de algumas escolhas realizadas para a temporada anterior, bem como, contar com Norris, um piloto muito entrosado com a equipe e quebrou a barreira da vitória, para apresentar uma postura mais confiante em pista.
Após dez etapas disputas, temos um saldo um pouco mais positivo. Verstappen venceu sete das dez corridas realizadas; dessas provas, o piloto não completou apenas o GP da Austrália, por uma quebra. Nas outras corridas vencidas por Lando Norris (Miami) e Mônaco, o holandês esteve na pista – ritmo, estratégia e outras circunstâncias combinadas contribuíram para outros pilotos vencerem provas nesta temporada.
A McLaren apresentou uma boa melhora e Norris agora ocupa a vice-liderança do campeonato. O inglês é o único piloto do grid que pontuou em todas as etapas até o momento. Sergio Pérez, companheiro de Verstappen não venceu nenhuma corrida este ano, participou de apenas quatro pódios e desde então tem apresentado um desempenho muito ruim, que permitiu Charles Leclerc e Carlos Sainz ganharem algum terreno na competição. Oscar Piastri também está de reboque neste duelo, somando 81 pontos, contra 87 conquistados por Pérez.
A renovação com o piloto mexicano é uma das maiores incógnitas no grid.
De certa forma, neste momento que a F1 está se encaminhando para as férias de verão, mesmo com Verstappen ainda tendo chances absurdas de ganhar corridas, a Fórmula 1 ficou um pouco mais “palatável” de acompanhar, pela aproximação da McLaren, os ajustes realizados pela Ferrari e a esperança que a Mercedes gera de ser mais competitiva em algumas provas.
Contínua longe de ser a categoria ideal, mas talvez essa seja a segunda temporada mais agradável de acompanhar Verstappen, pois ele é realmente desafiado. A Red Bull continua contando com um dos melhores carros do grid, mas ter pontos fracos, não poder atacar sempre as zebras, enfrentar problemas em circuitos mais ondulados, permitiu aos fãs se apegarem na possibilidade de termos resultados diferentes em algumas etapas.
Precisamos lembrar que a categoria também é uma competição de carros, dos times que constroem os melhores equipamentos, mas os pilotos são uma peça muito importante nos duelos. Na Red Bull existe o exemplo mais claro de diferença entre os competidores, Verstappen trabalha bem com o equipamento oferecido pela equipe, enquanto Pérez flutua entre alto e baixos. E os resultados ruins do mexicano, são ruins mesmo.
Ou melhor dizendo, ao longo de 2024 devemos acompanhar um processo para Verstappen buscar as vitórias, enquanto as equipes têm chances de trabalhar estratégias diferentes para perseguir o holandês. O GP do Canadá foi tão agitado quanto o da Espanha, talvez a tabela no final do ano não seja justa com algumas provas que foram realmente interessantes neste campeonato.
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Agora as habilidades do tricampeão mundial estão sendo testadas. O mais interessante aqui, é que mesmo com Verstappen não se sentindo confortável com o carro em alguns momentos na sexta-feira, a equipe sabe exatamente o que ele precisa e qual é seu estilo, contribuindo para que eles consigam chegar em uma melhor configuração para atender o piloto. A Red Bull conta com um piloto que tem um estilo que se encaixa na demanda do time.
Max Verstappen assumiu a liderança do GP da Espanha na terceira volta, após superar George Russell. Norris ficou muito preocupado com Verstappen na largada e mesmo tendo uma reação melhor, ao fechar o piloto, os competidores foram surpreendidos por Russell que saltou para a ponta.
No restante da prova, Verstappen e a Red Bull precisaram ficar atentos, que o duelo do holandês não era com Russell, o inglês da Mercedes estava envolvido em uma briga particular com Lewis Hamilton e a dupla da Ferrari. Norris era o seu maior rival em pista e as paradas realizadas e a dinâmica de corrida deles, foi como uma dança.
Nas últimas corridas o piloto da McLaren tem conservado muito bem os pneus, conseguindo dosar o momento de atacar e buscar os adversários, enquanto Verstappen tem sofrido um pouco mais para preservar os pneus, pois o carro tem escorregado nas curvas, aumentando o desgaste.
Talvez Norris não vencesse a corrida, mesmo se tivesse mantido a dianteira da prova – são os “e se” da Fórmula 1, mas o ritmo de Norris e Verstappen foi muito semelhante em vários momentos da prova. Verstappen venceu no detalhe e com sua habilidade, mas a diferença de mais de 7 segundos, caiu substancialmente nos últimos giros, com os pilotos cruzando a linha de chegada separados por apenas 2s2.
A projeção é que o próximo ano as brigas entre as equipes, principalmente entre os ponteiros atuais, possa ser mais acirrada.