A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aprovou mudanças cruciais no regulamento técnico da Fórmula 1 para a temporada 2026, visando acabar com possíveis brechas que permitiam o uso de sistemas de resfriamento de pneus, rodas e freios — uma área até então considerada zona cinzenta pelas equipes.
A decisão, anunciada após a reunião do Conselho Mundial de Automobilismo realizada nesta semana, responde ao crescente interesse técnico sobre a gestão térmica dos pneus — fator que tem se mostrado decisivo no desempenho das equipes na atual temporada.
O tema ganhou força após a ascensão da McLaren, cuja eficiência na gestão da temperatura dos pneus tem sido apontada como uma das chaves de seu bom desempenho. Desde o último ano, a equipe é alvo das recorrentes dos questionamentos dos outros times, sobre quais são as partes do carro que estão levando a equipe ao sucesso.
Os rivais, especialmente a Red Bull, especulavam se a equipe teria encontrado uma forma inovadora — e potencialmente ilegal — de manter os compostos mais frios. Foi ainda no ano passado, que a equipe austríaca acusou a McLaren de utilizar um recurso ilegal para o resfriamento dos pneus – como injetar água nos compostos.
No entanto, diversas inspeções realizadas pela FIA ao longo do ano, incluindo uma análise minuciosa após o GP de Miami, não encontraram irregularidades no sistema de freios ou nos conjuntos de rodas do MCL39. A entidade concluiu que a vantagem da McLaren estava dentro das regras, baseada apenas no fluxo de ar gerado naturalmente pelo deslocamento do carro.
Ainda assim, a ausência de uma proibição explícita sobre sistemas de resfriamento no regulamento alimentou teorias sobre possíveis explorações criativas dessa área.
Essa contestação, é semelhante àquela sobre as asas flexíveis e como as equipes estavam fazendo para manipular a peça; por consequência a FIA então esclareceu a regra e definiu novos limites, bem como testes.
A McLaren também tem ressaltado o quanto tem sido alvo de perseguição, com os adversários tentando identificar irregularidades constantes no equipamento. No entanto, Zak Brown já comentou que as equipes estão ignorando o que realmente faz diferença no projeto.
Para 2026, o Artigo 10.8.3 foi revisado. Anteriormente, o texto tratava apenas da proibição de aquecer ou manter temperaturas elevadas em rodas e freios. A nova versão amplia esse escopo, incluindo também a proibição de qualquer método que tenha o efeito de resfriar esses componentes.
“d. O único tipo permitido de dispositivos de aquecimento de pneus são cobertores que estejam em conformidade com as prescrições de projeto listadas no Artigo C10.8.4.”
“e. Com exceção do ar que entra pelas aberturas definidas em C3.16.6 e C3.16.16, e dos cobertores permitidos em (d) acima. Qualquer dispositivo, sistema ou procedimento (exceto para a condução do carro) cujo propósito e/ou efeito seja aquecer, resfriar ou manter a temperatura das rodas, cubos ou freios completos é proibido.”
Além disso, a restrição agora menciona especificamente as “rodas completas”, não mais apenas cubos e freios, dificultando qualquer tentativa de canalizar ar para essas áreas como meio de controlar a temperatura dos pneus.
Outra mudança importante é a inclusão de uma cláusula no novo Artigo 3.17.1, que trata das carenagens da suspensão. A FIA agora exige que essas estruturas sejam “seladas internamente para evitar qualquer fluxo de ar” — fechando outra possível via de manipulação aerodinâmica com impacto térmico nos pneus.
As alterações não necessariamente são uma reação ao que a McLaren está explorando, mas é uma forma de coibir que as equipes continuem explorando essa área do equipamento que nos regulamentos ficou “em aberto” – as chamadas áreas cinzentas.
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