A história do circuito começou com o Clube Automobilístico Roda, um grupo de aficionados por carros que organizavam corridas pelo México e contava com grandes nomes do automobilismo mexicano. Quando surgiu o projeto de transformar os terrenos que funcionam como lixões em Mixiuhca em um complexo esportivo, o diretor de Obras Públicas, Gilberto Valenzuela, que também era membro do Clube Roda, sabia que esse seria o local ideal para a construção de uma pista de corrida. Valenzuela então convenceu o presidente Adolfo López Mateos, outro aficionado por carros e piloto nas horas vagas, a deixá-lo incluir o autódromo no projeto.
O presidente aprovou a ideia, mas pediu que o projeto ficasse em segredo. Valenzuela então mentiu para o prefeito da Cidade do México, Ernesto Uruchurtu, dizendo que a pista da maquete eram estradas para facilitar o transporte de materiais para a obra. O desenho da pista foi feito pelo estudante de engenharia Óscar Fernández Gómez Daza, como parte de seu trabalho de conclusão de curso em 1955. Valenzuela fazia parte da banca e pediu para ficar com uma cópia do trabalho, já visando tirar o projeto do papel.
O complexo esportivo ficou pronto em 1958, mas o autódromo Magdalena Mixhuca só teve as obras concluídas no ano seguinte, sendo inaugurado no dia 20 de novembro de 1959. Aproveitaram para realizar as 500 milhas da Cidade do México, vencida por Pedro Rodríguez, com seu irmão Ricardo chegando em terceiro.
O objetivo quando foi planejado era de receber a F1 e o engenheiro Javier Velázquez, um dos responsáveis pelo projeto, fez uma peregrinação pela Europa e Estados Unidos, para convencer as equipes a aceitarem o México no calendário. Missão cumprida, a F1 desembarcou na capital mexicana no dia 4 de novembro de 1962 para o primeiro GP do México, ainda que não-oficial.
O que era para ser uma celebração, acabou em tragédia, quando durante os treinos, Ricardo Rodríguez, que apesar de ser contratado da Ferrari, estava disputando sua corrida em casa pela Lotus, teve uma quebra de suspensão na curva Peraltada e não resistiu à batida. Ricardo tinha apenas 20 anos e era considerado um dos mais promissores pilotos mexicanos. A corrida foi adiante a pedido da família e foi vencida por Jim Clark. Em homenagem ao piloto falecido, o presidente ordenou que o autódromo mudasse de nome e passasse a se chamar Autódromo Ricardo Rodríguez.
No ano seguinte, no dia 27 de outubro, a F1 voltou ao México, dessa vez para uma corrida oficial, vencida novamente por Jim Clark. O escocês conseguiu completar o Grand Slam nesta corrida, ao fazer a pole, volta mais rápida, liderar todas as voltas e vencer.
As corridas continuaram a acontecer nos anos 1960, sendo sucesso entre os pilotos e público. Mas o circuito enfrentava problemas de segurança e era comum cachorros e espectadores invadirem a pista. A situação chegou ao seu pico em 1970, quando a corrida precisou ser atrasada em várias horas, já que os 200 mil espectadores que eram mais do que o circuito podia suportar – estavam em boa parte instalados bem próximo à pista. Mesmo com o pedido dos pilotos, inclusive Pedro Rodríguez e Jackie Stewart, os fãs não se moveram. Sem conseguir outra solução, a corrida foi em frente, com Stewart abandonando depois de atropelar um cachorro. Com isso, a F1 retirou o circuito do calendário de 1971.
O circuito teve que se contentar em abrigar apenas eventos nacionais e em 1972, houve mais uma mudança de nome, passando a se chamar Autódromo Hermanos Rodríguez, depois que Pedro Rodríguez faleceu durante uma corrida de sportscar na Alemanha, no ano anterior.
Nos anos 1980, o circuito recebeu a CART (hoje Indycar), usando o circuito mais curto, que tinha 3,991km e não passava pelo hairpin Horquilla. A Indycar era um passo para que o circuito voltasse às graças da F1, com uma reforma sendo feita para que os problemas do passado não se repetissem. A pista também foi alterada, com a primeira curva se tornando um S, chamado agora de Esses Moisés Solana, para permitir mais áreas de escape. O hairpin Horquilla também foi encurtado, com a pista passando dos originais 5km para 4,421km.
O plano deu certo e em 1986, a F1 retornou ao país, com Gerhard Berger vencendo sua primeira corrida na F1 com a Benetton, sendo também a primeira vitória da equipe.
A famosa Peraltada acabou tendo sua área de escape reformulada, após um acidente de Ayrton Senna durante os treinos para a corrida de 1991.
O ano seguinte acabou se tornando o último da F1 no circuito por muitos anos. Sem a F1, o circuito recebeu a World Superbikes em 1993 como evento principal, mas todos os problemas do passado voltaram a acontecer. Além dos cachorros invadindo a pista, bolas de futebol do campo vizinho acabavam caindo na pista durante os treinos, com crianças correndo nas áreas de escape. Para piorar as coisas, durante a classificação, uma caminhonete atravessou a pista na frente dos pilotos. Sem condições de segurança, os pilotos boicotaram o resto da classificação e a corrida foi cancelada, com a categoria abandonando o circuito nos anos seguintes.
Sem receber provas, o foco do complexo se voltou para outros esportes, com a construção de um estádio de beisebol, chamado de Foro Sol, na parte interna da curva Peraltada. Em 1999, a parte da pista foi definitivamente fechada e até se cogitou transformar o local num condomínio. Felizmente, um dos donos da CART ChampCar, Gerald Forstythe, procurava um lugar para correr no México, aproveitando o sucesso dos pilotos da casa na série. Em 2001, um acordo foi feito para que a categoria corresse no circuito em 2002.
O circuito precisou passar por uma reforma e o principal problema era com a Peraltada. Sem espaço para ampliar mais a área de escape, a solução foi construir uma nova seção, passando pelo meio do estádio, cortando a Peraltada ao meio, mas criando a área mais famosa do circuito e onde hoje está localizado o pódio. Apesar desse desvio, a Peraltada original ainda estava disponível para uso. A última curva acabou ganhando o nome de Mansell, em homenagem ao piloto inglês que fez uma ultrapassagem fantástica em Berger por fora na Peraltada, durante a corrida de 1990.
Visão aérea do Autódromo Hermanos Rodriguez
A Nascar se interessar pelo circuito e entre 2005 e 2008, a categoria passou a disputar uma corrida no México. Para as corridas, uma chicane temporária foi construída na reta principal, que logo foi eliminada no ano seguinte. A Nascar nacional também passou a correr no circuito, mas usando apenas a parte oval.
O interesse pela F1 voltou a florescer com a chegada de Sergio Perez e Esteban Gutierrez na categoria e em julho de 2014, um acordo de 5 anos foi firmado para trazer a F1 de volta ao México, contando com o apoio do bilionário empresário Carlos Slim.
Para esse retorno, novas alterações foram feitas na pista, realinhando todo o traçado e mudando a curva Moises Solana, além de mudanças também na nova Peraltada, que antes era reta e agora conta com algumas chicanes. Além das mudanças no traçado, o circuito ganhou novas arquibancadas e boxes. A construção foi feita por partes, para manter o circuito ainda funcionando e a reforma só terminou em agosto de 2015, um ano depois do início das obras.
No dia primeiro de novembro, o circuito recebeu a F1 de volta, com a vitória de Nico Rosberg, que recebeu o troféu no estádio Foro Sol.
Em 2016, a Fórmula E também passou a disputar uma etapa no circuito, usando um traçado temporário construído na parte oval, que apesar de passar pelo Foro Sol, ainda usava a Peraltada original, mas com uma chicane instalada no meio dela. Em 2020, uma nova alteração no traçado criou um hairpin, usando parte da pista principal, além da retirada da chicane na Peraltada.
Entre os vencedores, das 20 corridas disputadas até o momento, 15 pilotos diferentes subiram no degrau mais alto do pódio. Cinco pilotos (Clark, Prost, Mansell, Verstappen e Hamilton) estão empatados com 2 vitórias cada. Em número de pódios, Jack Brabham, Denny Hulme, Ayrton Senna, Nigel Mansell e Riccardo Patrese estão no topo da lista, com quatro. Do grid atual, Bottas e Hamilton estão empatados com 3, com Verstappen, Vettel e Raikkonen tendo conquistado dois e Ricciardo um.
Entre os mexicanos, dos quatro pilotos que já disputaram corridas em casa (Pedro Rodríguez, Moises Solana, Sergio Perez e Esteban Gutierrez), nenhum conseguiu vencer ou chegar ao pódio, com Pedro Rodriguez sendo o que mais chegou perto, ao terminar em 4º na corrida de 1968. Único representante do país na edição de 2021, Sergio Perez tem como melhor resultado em casa o 7º lugar, conquistado em 2017 e 2019.
O Brasil teve oito representantes na etapa mexicana, com Ayrton Senna sendo o piloto mais bem sucedido, com uma vitória e quatro pódios, com Nelson Piquet também conseguindo um pódio no México.
Em 2019, o governo anunciou que deixaria de investir na realização da prova, com o país correndo o risco de ficar mais uma vez fora do calendário. Graças a um grupo de investidores, a corrida foi confirmada para 2020, passando a se chamar GP da Cidade do México, mas com a pandemia de COVID-19, a corrida de 2020, que aconteceria no dia 1º de novembro, foi cancelada e o autódromo virou um hospital de campanha para os pacientes com Covid. O hospital foi desativado apenas em agosto de 2021, fazendo com que a corrida da Fórmula E, que aconteceu em junho, fosse realizada na cidade de Puebla.
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