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Raio-X da Temporada 2022: falta de confiabilidade esteve presente em disputa da Alpine pelo 4ª lugar no Mundial

Quebras e problemas no motor fizeram Fernando Alonso perder pontos. A Alpine poderia ter um resultado melhor ao final de 2022 e uma disputa um pouco mais tranquila com a McLaren

A Alpine encerrou a temporada 2022 ocupando o 4º lugar do Campeonato de Construtores, superando a McLaren após obter 173 pontos. O time francês fui para as férias de verão à frente da equipe inglesa e tentou se manter assim até o final da temporada, mesmo lidando com problemas no motor e abandonos.

Comparativo de desempenho entre os pilotos da Alpine em 2022 – Foto: reprodução F1

As férias de verão foram um caos para a Alpine, o time tentava negociar a permanência de Fernando Alonso, mesmo contando com Oscar Piastri. Tentou tanto, que perdeu o momento dos contratos, Alonso viu a saída de Sebastian Vettel como uma oportunidade de defender um novo time no próximo ano, enquanto Mark Webber que cuida da carreira de Piastri conversou com a McLaren para dar seguimento a carreira do seu pupilo.

Com um baque, a Alpine perdeu dois pilotos de uma vez nesse otimismo que conseguiria segurar tanto Piastri, como Alonso. Piastri que não era cotado para correr em 2023 e provavelmente ficaria mais um ano parado se não fosse a saída de Alonso, confirmou pouco depois do anúncio da Alpine que não defenderia o time francês em 2023. Isso gerou uma série de problemas, a Alpine e a McLaren então travaram uma disputa judicial, os francesas se confundiram com o tempo de validade dos contratos, desta forma Piastri seguiu para a McLaren.

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A Alpine ainda tentou algum tipo de ressarcimento pois investiu muito dinheiro na carreira de Piastri, mas no final das contas, foram eles que precisaram desembolsar o dinheiro,, pois estavam errados. Enquanto a Alpine disputava com a McLaren em pista, a equipe francesa fez questão de tirar Piastri dos holofotes, mantendo-o na fábrica, sem se quer usar o piloto nos testes que eram necessários ao longo do ano.

A aposentadoria de Sebastian Vettel prometia provocar um rebuliço na Fórmula 1, mas talvez ninguém imaginasse que seria nessa proporção. Além disso, Fernando Alonso não está convencido ainda de deixar a categoria e viu a oportunidade de ser a estrela da equipe na Aston Martin, deixando a sua disputa interna com Esteban Ocon de lado.

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O clima pesou, mas não tinha muito o que fazer, a Alpine ainda tinha que disputar o Campeonato e desejava superar a McLaren em pista.

E o ano da Alpine?

A temporada da Alpine começou com uma troca dos dois chefes de equipe, o time optou por cancelar a ideia de dividir a gestão para contratar Otmar Szafenauer que comandava a Aston Martin.

O A522 que estava em desenvolvimento foi apresentado e chegou as pistas com bastante otimismo. A Alpine apostou em um tipo diferente de abordagem para o seu carro, promovendo atualizações regulares, algo que na prática funcionou bem e não fazia o time lidar com diversas mudanças de uma vez – e em um ano com um novo regulamento isso fez diferença, pois ao instalar um grande pacote de atualizações um problema poderia surgir e a equipe perdia certo tempo no desenvolvimento.

Com o caótico meio do pelotão a Alpine se aproveitou dessas circunstâncias para pontuar, colocando os seus carros com mais frequência no Top-10, além de se aproveitar diretamente da McLaren que oscilava muito em desempenho e nem sempre pontuava com os dois carros. É claro que ao longo do ano a Alpine e a McLaren também disputaram diretamente, fazendo os seus engenheiros quebrar a cabeça para tentar capitalizar o máximo de pontos.

A Alpine tinha um bom carro para disputar no meio do pelotão, mas foram surpreendidos coma falta de confiabilidade – Foto: reprodução Alpine

A palavra confiabilidade marcou a temporada de vários times, não apenas da Alpine. Por diversas vezes Fernando Alonso ficou irritado com a equipe, pois por falhas no motor abandonava provas e perdia pontos. O piloto espanhol abandonou seis corridas, contra dois abandonos de Esteban Ocon.

Alonso se sentiu frustrado, principalmente pela maior parcela de abandonos e falta de confiabilidade acontecer em seu carro, mas o mesmo não ser enfrentado por Ocon. Por conta dos problemas, naturalmente Alonso precisou realizar substituições de elementos que compõem a unidade de potência. Ocon também passou por trocas, que foram necessárias para encerrar a temporada.

O A522 não era aquele carro que conseguia acompanhar Red Bull, Ferrari e Mercedes, por vezes a Alpine travava o tráfego em pista, formando uma fila atrás dos seus pilotos. O time francês acredita com convicção que atualmente o seu lugar é como quarta-força do Campeonato, agora estão focados em resolver os problemas com a confiabilidade, pois as questões que envolvem o desempenho do carro não afetaram tanto eles ao decorrer do ano.

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Para 2023, a Alpine precisa realizar alguns ajustes no seu motor e precisaram de autorização da FIA para as mudanças relacionadas a confiabilidade por conta do congelamento dos motores. O objetivo é evitar tantos abandonos ao longo do ano e por consequência não perder pontos. Se muitos dos times conseguirem resolver suas questões para o próximo ano, o meio do pelotão pode ficar ainda mais disputado.

A Alpine também mira estar entre aquelas equipes que disputará o título, mas por enquanto está encarando a sua escalada de uma forma mais realista, dando um pequeno passo em direção ao objetivo. Mesmo com o desempenho que não foi algo que prejudicou a equipe em 2022, ele pode ser um problema no próximo ano, pela proximidade do pelotão intermediário.

Sobre os pilotos, o clima também ficou pesado entre Ocon e Alonso, principalmente após as diversas declarações do espanhol em 2022. No GP do Brasil Alonso voltou a ficar irritado com Ocon, pois os pilotos se tocaram e o espanhol ficou com a asa dianteira do carro danificada. Alonso não sentia que Ocon estava cooperando com a equipe e pensava mais nele durante as disputas.

Quando os dois se encontravam brevemente em pista, Ocon atrapalhava Alonso, resistia as ultrapassagens e dificultava mais para o companheiro de equipe, do que em outras batalhas que travava em pista. Longe da Alpine estar perto de disputar pódios e vitórias em 2022, os pilotos estavam em um jogo para capitalizar o máximo de pontos e não perder espaço com certas disputas.

Na Hungria os pilotos já tinham se estranhado, principalmente quando deveriam estar brigando com a McLaren e não Ocon focado em atrapalhar Alonso.

O espanhol também lidou com uma questão no GP dos Estados Unidos, quando quase perdeu o sétimo lugar, pois a Haas entrou com um protesto. Como a solicitação da Haas aconteceu fora do prazo, a Alpine recorreu da decisão e conseguiu devolver os pontos para Alonso.

Fernando Alonso e Esteban Ocon fomentaram uma disputa interna após os problemas de confiabilidade apresentados – Foto: reprodução Alpine

Ocon tem contrato com a Alpine até 2024 e no próximo ano terá como companheiro de equipe Pierre Gasly. Por estar por mais tempo no time, será visto como uma espécie de líder, mas o francês não deixou a AlphaTauri para ser um segundo piloto e também desejará a sua dose de protagonismo. A dupla tem uma certa rixa, pois já tiveram alguns problemas, mas precisam não transformar o ambiente da equipe em uma zona de guerra.

Vemos que Ocon também é um dos pilotos que acaba oscilando, nem sempre mantendo o seu desempenho uniforme. É um competidor que em algumas corridas desaparece completamente, mas tenta chegar ao Top-10 para se manter na zona de pontuação.

Na conquista de pontos as coisas ficaram de certa forma equilibradas, Ocon obteve 92 pontos, contra 81 de Alonso. Ainda vale ressaltar que o espanhol lidou com erros da equipe que também prejudicaram o piloto nos seus resultados

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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