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Preview completo para o GP de Singapura de 2022

A Fórmula 1 retorna ao circuito de Marina Bay depois da pandemia para disputar mais uma corrida noturna

Depois de duas semanas de pausa, a Fórmula 1 retorna em Singapura para disputar a 17ª etapa da temporada 2022. A prova marca o retorno da categoria ao Circuito de Marina Bay.

O primeiro GP de Singapura foi disputado em 2008, sendo a primeira corrida noturna presente no calendário da Fórmula 1. A prova foi organizada depois das negociações realizadas entre Bernie Ecclestone e o Singapura Tourism Board – as empresas de telecomunicações na época também entraram no acordo para viabilizar o evento.

Hoje vemos a categoria focar muito no espetáculo, em formas de deixar o público mais entretido e quando Singapura entrou no calendário, criaram o Amber Lounge Fashion Show, sendo um evento que reúne o mundo da moda e do automobilismo. Singapura também se tornou atrativa para a organização de shows, como um festival.

Para muitos que não conhecem esse circuito, nem imagina os desafios que são para realizar essa prova. O traçado precisa de cerca de 1600 refletores para iluminar toda a sua extensão. O traçado passou por algumas alterações ao longo dos anos, mas manteve a sua essência desafiadora, com as 23 curvas.

Para viabilizar a corrida em Singapura, foi necessário um grande aparato para formar o traçado e prover a iluminação – Foto: reprodução

É um dos traçados mais lentos da Fórmula 1, onde a corrida acontece durante cerca de duas horas. A pista favorece carros mais desenvolvidos, além da downforce. Ao longo desses últimos anos a categoria adicionou mais circuitos de rua, porém, Singapura é uma das pistas que cobra mais técnica dos competidores, principalmente por conta das mudanças rápidas de direção.

Com a aproximação do evento, os pilotos trabalham ainda mais a sua forma física, treinando em ambientes com salas climatizadas, para simular as temperaturas elevadas de Singapura. Ao correr neste traçado, é como se os pilotos enfrentassem uma sensação de cerca de 60°C no cockpit, a sensação é de estar correndo dentro de uma sauna.

 

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Os mecânicos também precisam se preparar, pois a sensação de fadiga, atrapalha o desempenho do trabalho, atenção e os times ficam mais suscetíveis a cometer erros.

Uma parte importante que também entra na preparação física, é que o GP de Cingapura é realizado como se os pilotos e equipes ainda estivessem na Europa. Os hotéis se preparam para mudar o horário de servir o café da manhã, além do almoço ser servido por volta das 18h, as janelas recebem blackout para viabilizar o momento de descanso. Essa é uma forma de permitir que as pessoas não sintam muito a mudança da Europa para Singapura e ainda realizar uma corrida noturna.

Pneus escolhidos para o GP de Singapura

Por ser um traçado de rua, a possibilidade de surgir um Safety Car está sempre à espreita, nas 12 edições do GP de Singapura, o Safety Car entrou ao menos uma vez na pista. Os times precisam prestar muita atenção e isso pode determinar o momento das paradas, dependendo de qual momento da corrida ele aconteça. É nesta ocasião que as estrategistas precisas ser mais flexíveis.

A Pirelli selecionou os pneus mais macios para a etapa, desta forma fornecerá as equipes os pneus de 18 polegadas, nesta configuração: C3 (duro – faixa branca), C4 (médio – faixa amarela) e C5 (macio – faixa vermelha).

Pneus selecionados para o GP de Singapura – Foto: Ale Ranieri / BP

Em 2019 quando a última prova foi disputada em Singapura, os principais competidores realizaram apenas uma parada. A Pirelli repete as escolhas de pneus, pois eles são os que melhor desempenham no traçado, porém é necessário lembrar que esses compostos tiveram a sua composição alterada e agora a categoria utiliza pneus de 18 polegadas.

Ao longo de todo o fim de semana os pilotos precisam prestar um pouco de atenção aos bueiros, pois eles podem danificar os carros, além disso, as faixas pintadas no chão também modificam a aderência dos pneus em contato com o traçado. Parte da pista também foi recapeada, alterando um pouco as propriedades do asfalto.

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Existe a chance de chover durante o fim de semana e se isso acontecer, os pilotos podem não sentir a evolução da pista, pois ela seria ‘lavada’ ficando com as características de um traçado verde.

Outra coisa que precisa ser observada, é que em teoria os novos carros oferecem melhores chances de ultrapassagem, desta forma, se a corrida proporcionar uma maior movimentação, é possível arriscar a realização de mais paradas ao longo da prova. A corrida de Singapura tem tendência de seguir para a calmaria, justamente pela exaustão física.

Sebastian Vettel é o piloto com mais vitórias em Singapura, o piloto cruzou a linha de chegada na dianteira em cinco provas. Nestas doze edições, apenas Lewis Hamilton (4 vitórias), Fernando Alonso (2 vitórias) e Nico Rosberg (1 vitória), venceram em Singapura. Por outro lado, Vettel e Hamilton estão empatados com 4 poles cada neste traçado.

Sobre a Pista 

Para tentar aumentar o número de ultrapassagens, três zonas de DRS são definidas para o traçado de Singapura – Foto: reprodução F1

O traçado é desafiador por conta das suas 23 curvas, demandando muito a atenção dos pilotos. Os muros próximos como em Mônaco, não deixam brechas para que os competidores cometam algum erro. Os carros e suas suspensões são preparados para circuitos de rua, pensando principalmente nos solavancos que os carros vão enfrentar por conta das oscilações e desníveis do traçado.

O porpoising também é um desafio esperado para Singapura, pois nos circuitos de rua do início da temporada, o efeito de oscilação vertical era bem observado. Como uma forma de conter o problema, a FIA anunciou uma diretiva técnica, para introduzir uma métrica e conseguir medir esse deslocamento dos carros.

Porém, existia uma preocupação especifica com Singapura e Austin, pois são traçados em que naturalmente os carros já saltavam, independente do efeito solo, pois são pistas que tem ‘bumps’ ao longo de todo o traçado. Os times ficaram preocupados com a necessidade de levantar muito os carros e isso se confundir entre os saltos que acontecem em decorrência do efeito solo e os que são provocados pelas características do traçado.

A FIA informou aos times um limite máximo de 7G, qualquer coisa que for aferida acima disso, não entra na contagem, sendo avaliado como um impacto gerado pelo traçado.

De qualquer forma, essa é uma preocupação para as equipes, pois acaba provocando um estresse em seu equipamento, além de ser algo que afeta o desempenho dos pilotos, em um traçado que cobra extremamente a atenção dos competidores.

Os freios também são uma preocupação neste fim de semana, pois eles são muito utilizados ao longo da volta, além disso, não existe uma janela muito grande entre as curvas para que os pilotos consigam realizar o resfriamento. Essa também é a pista com o mais alto consumo de combustível no ano, por conta acelera-freia que acontece ao longo das 61 voltas.

“O concreto utilizado na Ponte Esplanada é sustentado por vigas de aço magnetizadas. Os campos magnéticos envolvidos são fortes o suficiente para interferir em determinados sensores dos carros, exigindo que as equipes substituam vários sensores por versões especiais, menos suscetíveis a interferências. A instalação de protetores magnéticos nas válvulas de mudança de marcha tornou-se uma parte normal da preparação de Singapura, mas anteriormente fazia com que os carros parassem na pista, principalmente nos primeiros anos de atividade em Singapura”, informou a Mercedes.

Temperaturas extremas sempre são ruins para os carros e seus componentes eletrônicos, as equipes tentam se preparar ao máximo para Singapura, evitando quebras ao longo do fim de semana, mas principalmente na corrida. Mas não é possível descartar falhas, principalmente panes provocadas pelo superaquecimento.

Uma mancha no passado de Singapura

O singapuragate foi revelado em 2009, toda a armação feita para beneficiar Fernando Alonso na primeira corrida noturna da F1 – Foto: reprodução

A primeira corrida em Singapura foi marcada por uma fraude e acarretou um grande problema para Felipe Massa, que perdeu o seu título no GP do Brasil tempos depois – a vitória de Alonso na corrida de estreia do circuito foi armada por Flávio Briatore e Pat Symonds, onde Nelson Piquet bateu de proposito para auxiliar o seu companheiro de equipe.

Na época o campeonato era disputado por Lewis Hamilton e Felipe Massa, com o britânico liderando o campeonato, mas com apenas um ponto de diferença. O brasileiro tinha conquistado a pole e se vencesse a prova, assumiria a dianteira do campeonato.

Fernando Alonso por sua vez, não tinha se classificado bem, depois de um Q2 ruim. Desta forma Briatore e Symonds combinaram com o Nelson Piquet Jr deveria bater, escolheram a curva 17 que era de difícil remoção do carro. Na época a Fórmula 1 ainda tinha o esquema de parada com o reabastecimento e no GP da Alemanha, Piquet foi beneficiado por ter trabalhado com a estratégia de uma parada, que funcionou após a batida de Glock.

Alonso antecipou a sua parada na volta 12, enquanto Piquet bateu na volta 14. Felipe Massa era o líder e permaneceu em pista, fazendo a sua parada na volta 18. Porém, neste momento da prova a Ferrari cometeu um erro, o mecânico liberou Massa antes da conclusão do reabastecimento e o brasileiro ficou com a mangueira acoplada em seu carro. Como demoraram para fazer a remoção e a liberação do carro, o brasileiro caiu para a última posição, essa prova fez diferença na sua luta pelo título.

O espanhol se tornou então líder da prova, cruzando a linha de chegada na primeira posição. O escândalo de Singapura foi revelado durante o GP da Bélgica de 2009, pelo jornalista Reginaldo Leme.

Programação do GP de Singapura – Foto: Ale Ranieri / BP

 

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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