Drive to Survive ajudou a popularidade da Fórmula 1 alavancar, desde a sua estreia. A série documental surgiu para mostrar os bastidores da categoria e ser os olhos e os ouvidos para aqueles momentos que poucas pessoas têm acesso.
A primeira temporada foi revolucionária, mas ao longo dos anos, a equipe da Netflix ficou um tanto marcada. Além disso, alguns pilotos ‘chave’ não queriam participar, alguns times também não cooperavam levando em consideração a narrativa de conflitos que nem sempre condiz com a realidade.
Outra crítica é que as imagens de bastidores começaram a ficar mais limitadas e as imagens de pista mais presentes para gerar 10 episódios. Desta forma, era mais um resumo do fim de semana, dividido em classificação e corrida, a narrativa que não prendia mais. Mesmo sabendo do resultado da prova, algumas corridas foram bem distorcidas, como no caso daquele episódio sobre Nikita Mazepin e o GP da Rússia.
A 7ª temporada estreou nesta última semana, no dia 7 de março, uma semana antes da Fórmula 1 retornar. O campeonato de 2024 teve uma história boa, o duelo da McLaren, Ferrari e Red Bull na busca pelo título no Mundial de Construtores, além dos próprios pilotos envolvidos. Lando Norris disputou o título da temporada, contra o experiente Max Verstappen, em um ano que o britânico superava o fato de ainda não ter vitórias na Fórmula 1.
Lewis Hamilton trocando de equipe, deixando a Mercedes após mais de 12 anos, para defender a Ferrari, também foi uma trama que envolveu todos os fãs da categoria, e obviamente não poderia ser deixada de fora da série. Mas é através do baque de receber a notícia, que Toto Wolff colabora para narrar esse momento que sua equipe está lidando.
Depois de assistir aos 10 novos episódios de Drive to Survive, podemos dizer, que conseguiram finalmente resgatar os bastidores. Ao menos a série esse ano consegue colocar nos holofotes narrativas que chamaram a atenção no último campeonato.
Desta vez, a Netflix conseguiu registrar momentos decisivos, a mudança de Hamilton para a Ferrari; Carlos Sainz e as diversas semanas que ele levou para decidir qual equipe ele defenderia em 2025; Lando Norris sendo impactado pelas opiniões alheias; a contratação de Andrea Kimi Antonelli e ele esquecendo o nome completo da equipe que defenderia.
Outra narrativa, é o retorno de Flávio Briatore à Fórmula 1, anos depois do Singapuragate. Nas cenas em que o consultor da Alpine surge, é sempre em uma atmosfera mais escura, mas densa, com uma trilha sonora de suspense.
Esteban Ocon, que foi um personagem recorrente nas últimas temporadas de Drive to Survive, surge para mostrar a sua saída da Alpine. Briatore deixa claro que você só é bom, até a sua última corria, então mesmo os esforços e o resultado do GP do Brasil, não foram suficientes para manter Ocon até a próxima corrida.
O figurão do esporte recebe comentários pontuais de Claire Williams, que deixa claro, se ainda alguém tiver dúvidas, que ele consegue o que ele quer. No episódio sobre Carlos Sainz, Briatore também é uma peça importante, já que ele fez a Alpine entrar nas negociações, para tentar ter o espanhol. Nesse caso Briatore não conseguiu aquilo que ele queria, e essa é uma forma de demonstrar o descontentamento do italiano.
Um dos episódios mais diferente dessa temporada, é o “No Calor da Noite”, onde Lando Norris, George Russell, Charles Leclerc, Alexander Albon e Pierre Gasly ficam responsáveis de filmar algumas coisas para a Netflix, sobre o fim de semana em Singapura. Esse é um olhar mais pessoal dos pilotos, que vão compartilhando não apenas as dificuldades de correr neste circuito, como as suas questões pessoais – e os conflitos que estão enfrentando.
Para quem sentia vontade de ver mais o GP do Brasil/São Paulo, os dois últimos episódios da série dão uma grande importância para a prova brasileira, embora ainda descarte por completo a prova Sprint e as adversidades daquele fim de semana.
Christian Horner, que nos últimos anos abriu as portas da Red Bull, não poderia deixar a produção de fora neste campeonato. Porém, o sentimento de camaradagem é deixado de lado, já que eles querem registros do momento de tensão interna, onde Horner é investigado por um caso de assédio, enquanto vê a equipe em pista desmoronar.
Tudo o que envolve a Red Bull neste campeonato dá o tom da série, principalmente o quanto Horner consegue ser desagradável com os concorrentes, chamando Zak Brown (CEO da McLaren) de “idiota” ou contribuindo com comentários bem afiados sobre Lando Norris, ou Charles Leclerc.
Infelizmente a saída de Adrian Newey ou a queda de braço com Helmut Marko são ignoradas.
Outra figura que foi muito importante nos últimos anos, e se tornou a cara de Drive to Survive: Günther Steiner. Com a demissão do chefe de equipe da Haas, é a vez de Ayao Komatsu ganhar protagonismo, sem aparecer nas imagens registradas pela Netflix, precisando lidar com acessos de raivado seu ex-chefe.
Ao menos no episódio que a Haas ganha destaque, é possível sentir o que é o clima de uma equipe de meio de pelotão e como as pequenas conquistas de pontos, deixaram eles animados. Não é possível ignorar neste momento, a revelação de Komatsu sobre a contratação de Ocon, enquanto um funcionário da equipe questiona o chefe de equipe se essa realmente a opção para eles.
Sinto que essa temporada de Drive to Survive está mais tragável que as últimas, algumas narrativas foram mais bem trabalhadas. Os comentários tão óbvios ficaram de lado, para dar espaço para entrevistas que fazem mais sentido. Como a presença da Netflix já está marcada, o pessoal das equipes em alguns momentos, conseguem até mesmo brincar com isso, atrapalhando um pouco a forma como a empresa poderia tirar algumas reações e expressões de contexto.
O foco da produção ainda é mostrar o mundo da Fórmula 1, aquele lado do glamour que poucos têm acesso de viver. A palavra “inveja” também entra como um gancho para explorar a emoção dos pilotos, dirigentes e das equipes. Algo que quem já acompanha a série, está acostumado.
A curiosidade é que motiva ainda mais as pessoas para acompanhar Drive to Survive. Então ao menos a 7ª temporada, compensa ser assistida.
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