Fórmula 1

A Fórmula 1 sem Bernie Ecclestone

Para quem acompanha a F1, ano passado recebemos a notícia que Bernie Ecclestone estava vendendo a mesma para o grupo americano Liberty Media.

Esta noticia começou a circular em meados de agosto/setembro, e concretizou-se em Janeiro deste ano.

Desde então, Bernie foi demitido da F1, e os americanos começaram a fazer uma série de mudanças.

Para entender a venda da F1, vocês podem ouvir este podcast aqui:

http:/www.podcastf1brasil.com.br/wp-content/uploads/2016/09/198-A-Venda-da-F1-Podcast-F1-Brasil.mp3

O ano na F1 começou, e com ele, pudemos notar algumas mudanças:

– Videos dos pilotos e equipes de dentro do Paddock.

Na era Ecclestone isso era terminantemente proibido. Tão proibido ao ponto de Lewis Hamilton ter sido advertido por postar bastidores no Snapchat. Lewis gostava de postar fotos e videos durante as pre-conference e os encontros com os fãs na pista e outros locais nas redondezas das corridas.

Os videos trouxeram pra nós fãs uma experiência nova e muito divertida, que haviam em outros esportes e faltavam pra F1.

– Aquecimento da interação nas redes sociais.

Desde o final do ano passado, pudemos perceber que a pagina, o canal no youtube e o Instagram da F1 mudou muito. Tivemos muito conteúdo em imagens, vídeos, lives e uma repaginada no conteúdo do youtube pra nenhum analista de mídias sociais botar defeito.

– Invasão de pista da Austrália.

Não sabemos se foi autorizada, ou forçada como acontece aqui no Brasil, mas o fato é que aconteceu, e não houve nenhum comentário negativo, proibição ou reclamação da F1… ou seja, dá pra perceber que os fãs estão tendo mais espaço.

Tudo que foi citado, para nós fãs que amam o esporte são aspectos positivos para a F1, Porém, Bernie Ecclestone não pensa assim.

Em uma entrevista para o site “Grad Prix 247” Bernie disse o seguinte:

“Everyone wants to go to a restaurant where you can’t get a seat. So I was very strict with things like paddock passes. Liberty’s philosophy is more open. They have an American culture and at an American race everyone is in the paddock and the pits and they can chat with the drivers and sit in their cars. In F1, we have been running a five-star Michelin restaurant, not a hamburger joint. But maybe now the cuisine will be more accessible. Maybe it will even have a better taste.”

Tradução: Todo mundo quer ir a um restaurante onde você não consegue uma reserva. Então, eu era muito criterioso com acessos ao paddock. A filosofia da Liberty é mais aberta. Eles tem a cultura americana. Em corridas americanas todos estão no paddock e podem conversar com os pilotos, sentar nos carros. Na F1, nós “funcionávamos” como um restaurante cinco estrelas, não uma hamburgueria. Mas talvez agora a cozinha esteja mais acessível. Talvez até tenha um gosto melhor.

Claramente não é uma tradução 100% até porque o tradutor da turma é o Campos, mas foi esse o sentido da coisa

Analisando essa entrevista, eu pude ver que a visão do Bernie era bem limitada. Um evento exclusivíssimo e caso. Luxuoso e caro. Sempre deu certo, mas, hoje vivemos uma época diferente, onde as pessoas procuram por algo funcional e que seja acessível, não só ao vivo como pelas redes sociais, coisa que não estava acontecendo na F1.

Bernie Ecclestone era, pra qualquer pessoa que trabalhe com vendas, um veneno para Fórmula 1. Ele não conhecia MAIS o público alvo para o seu produto. Para ser piloto, você tem que ter muito dinheiro, pois manter o ritmo dessa carreira demanda uma estrutura. Já para ser fã, não. O fã pode ser desde o menino do interior que vê a corrida pela TV, quanto o magnata que compra um camarote particular na pista. Tio Bernie só pensava no segundo tipo. Só que hoje, num mundo globalizado e com muitas opções, só se mantem quem vende. Não que a Fórmula 1 não fosse rentável. Porém, ela era uma mina de ouro, podendo trazer lucros muito maiores. Para isso, era crucial que houvesse algo novo, que agradasse seus fãs.

A visão americana trás algumas inovações que todos gostariam que acontecesse, como: expansão do calendário (mais corridas), um canal no YouTube onde pudéssemos ver o melhor das corridas e testes, mais liberdade pros pilotos (como por exemplo, correr em outra categoria, como vamos ver este ano com Alonso na Indy 500), e prezar pelos circuitos tradicionais (Europa).

A Liberty Midia mostra um comprometimento com a melhora da categoria para os fãs dela, e não só para as equipes ou pilotos.

Isso é visto com as medidas quase imediatas nas redes sociais, e com um questionário veiculado pelo autosport.com onde tinham questões sobre todos os aspectos, desde o valor dos ingressos no seu país, até sobre os pilotos favoritos de cada fã.

Tudo isso mostra que vamos viver uma nova era na Fórmula 1, que finalmente pensa nós fãs e aproxima-os de sua paixão: as corridas.

 

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Rubens Gomes Passos Netto

Editor chefe do Boletim do Paddock, me interessei por automobilismo cedo e ao criar este site meu compromisso foi abordar diversas categorias, resgatando a visão nerd que tanto gosto. Como amante de podcasts e audiolivros, passei a comandar o BPCast desde 2017, dando uma visão diferente e não ficando na superfície dos acontecimentos no mundo da velocidade. Nas horas vagas gosto de assistir a filmes e séries de ação, ficção científica e comédia. Atuando como advogado, também gosto de fazer análises e me aprofundar na parte técnica.
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