Ficha técnica
Nome do circuito: Circuito Rouen-les-Essarts
Comprimento da pista: 6,542 km (1968)
Número de voltas: 60
Distância total: 392,520 km
Recorde da pista: 2:11.4, Jack Brabham (1964)
Primeira corrida na F1: 1952
A história do circuito de Rouen-les-Essarts começou logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Um circuito nas florestas da região de Essarts já existia antes da Guerra e em 1949, uma nova estrada ligando as vilas de Essarts e Orival iria ser criada.
Vendo a oportunidade perfeita, o Automobile Club Normand (ACN) pediu permissão para usar a estrada como parte de um circuito de rua que estava sendo planejado para a região. Duas estradas existentes na área eram ligadas formando um ‘V’ e a nova estrada vinha fechar o triângulo, criando o traçado do circuito.
Na época, as competições automobilísticas estavam retornando e Reims saiu na frente, garantido inclusive a realização do 1º GP da França de F1 em 1950. O plano de Rouen era usar a localização a seu favor para tirar a corrida do circuito rival. Situada no noroeste da França, na região da Normandia, a cidade permitia um fácil acesso para os torcedores vindos de Paris, assim como os vindos da Inglaterra.
No dia 30 de julho de 1950, o presidente do clube, Jean Savale, inaugurou o circuito de 5,1 km e que usava as estradas que passavam ao lado de um vale. O contorno era feito na curva Virage du Nouveau Monde, que ao contrário do restante da pista, era feito de pedras.
Depois de receber uma etapa da F2 em 1951, vencida por Giannino Marzotto, Rouen recebeu a oportunidade que vinha esperando. A F1, que começou seu campeonato em 1950, viu alguns anos difíceis em seu começo, e sem equipes grandes, o campeonato de 1952 foi disputado sob as regras da F2. Sem se importar com o fato, o circuito aceitou receber o GP da França daquele ano, tirando a corrida de Reims.
Para receber a etapa, algumas melhorias foram feitas, como a construção de arquibancadas permanentes e um complexo de boxes, assim como o que já existia na pista rival.
E foi assim que, no dia 6 de julho de 1952, o público presente pôde ver o Grand Chelem de Alberto Ascari, que completou 77 voltas no circuito nas 3 horas de duração da corrida. Essa foi a segunda das seis vitórias em sete corridas disputadas do piloto italiano, que levou o título no final da temporada.
Em 1954, uma nova reforma alterou o traçado, com a parte norte da pista sendo aumentada em 1,5 km, com o novo traçado passando a ter 6,542 km de extensão. A configuração que antes era triangular, passou a ser retangular.
Uma coisa que não mudou foi a primeira seção, logo após a linha de largada/chegada, chamada de Virage des Six Frères e que era composta de curvas feitas na descida do vale. Entre os pilotos, o trecho ganhou o apelido de ‘Chickens Lift’ (levantada dos covardes), para denominar aqueles que não tinham coragem de fazer o trecho com o pé embaixo e tiravam o pé do acelerador quando passavam pelo lugar.
Se os pilotos tinham medo de descer a Six Frères, não era sem razão. O trecho era considerado extremamente perigoso e das seis mortes no circuito, quatro delas foram nesse local.
Enquanto a F1 não voltava, o circuito continuou abrigando o GP de Rouen. Depois de um hiato de cinco anos, a F1 voltou ao circuito em 1957, com a vitória de Juan Manuel Fangio.
Em 1967, o piloto Jean-Claude Bernasconi faleceu depois de sofrer um acidente na Coupe Nationale Renault Gordini. Foi a primeira vítima da Six Frères. Um ano depois, durante o GP da França de 1968, Jo Schlesser fazia sua estreia na F1 quando seu motor apagou no fatídico trecho e seu carro escapou da pista, capotando e pegando fogo. O resgate chegou rápido, mas o carro foi rapidamente consumido pelas chamas e Schlesser não resistiu.
Depois desse acidente, a F1 achou o trecho muito perigoso e a categoria abandonou de vez as corridas no circuito, depois de apenas cinco provas disputadas na pista, passando a disputar suas etapas em Clermont-Ferrand, Dijon ou no recém-construído circuito de Paul Ricard.
O circuito continuou a realizar corridas de F2 e de outras categorias francesas até 1978. Durante os anos, a pista sofreu algumas alterações, como em 1972, quando a construção de uma rodovia cortou o circuito e fez com que o traçado fosse diminuído para 5,542 km, com uma parte permanente sendo construída abaixo da nova rodovia, ligando as remodeladas curvas Virage Gresil e Virage Paradis.
Em 1973, uma chicane provisória foi colocada na famosa descida da Six Freres, não sem antes tirar a vida de mais um piloto. Gerry Birrell fazia um treino para o GP de Rouen, quando um estouro de pneu fez o piloto passar reto. Ao bater no guard-rail, ele acabou se levantando, permitindo que carro passasse por baixo, matando Birrell na hora. A chicane, que era provisória, virou permanente e foi construída um pouco mais à frente no ano seguinte, com o circuito ficando com 6,542 km de extensão.
Depois disso, o maior evento que a pista recebeu foi a F3. Ainda sendo considerado perigoso, todas as categorias deixaram de competir no circuito em 1993 e a pista nunca mais seria usada.
Foram feitos planos para construir uma pista permanente dentro do circuito antigo, que iria utilizar a parte permanente que foi construída em 1972 entre as curvas Gresil e Paradis, mas o projeto não saiu do papel por falta de dinheiro e em 1994, Rouen-les-Essarts foi oficialmente fechado.
Ao contrário do que aconteceu em Reims, onde as arquibancadas e boxes ainda existem e estão sendo restaurados, escavadeiras acabaram com os últimos vestígios do circuito, derrubando toda a estrutura permanente de boxes e arquibancadas para expandir a estrada em 1999.
Hoje, apenas é possível passar pelo primeiro traçado, que ainda está intacto. A chicane colocada em 1974 na Six Frères hoje é uma parada de veículos, a Virage du Nouveau Monde foi asfaltada e a parte permanente, construída em 1972, também foi demolida, sobrando apenas um pequeno pedaço dela. Em alguns trechos, ainda é possível ver pedaços das arquibancadas naturais, encravadas nos vales.
As cinco corridas disputadas no circuito tiveram quatro vencedores diferentes. Apenas Dan Gurney conseguiu mais de uma vitória nessa pista. Alberto Ascari, Juan Manuel Fangio e Jacky Ickx completam os pilotos que já triunfaram nesta pista.
Entre os pilotos da casa, nove tiveram o gostinho de correr em Rouen. Seis deles estavam na primeira corrida da F1, em 1952: Jean Behra, Louis Rosier, Yves Giraud-Cabantous, Philippe Etancelin, Maurice Trintignant e Robert Manzon, que de todos, teve o melhor resultado, ao terminar em 4º, sendo que nenhum piloto francês chegou ao pódio em Rouen.
Entre os brasileiros, apesar de Gino Bianco e Chico Landi estarem disputando corridas em 1952, eles não participaram da etapa francesa. Nos demais anos em que a corrida foi disputada em Rouen, não havia brasileiros disputando a temporada.