Felipe Nasr fez uma breve visita ao Brasil, após vencer as 24 Horas de Daytona com a Porsche Penske. O piloto brasileiro desembarcou em São Paulo para uma coletiva de imprensa na última sexta-feira (31/01) onde contou um pouco sobre os momentos decisivos da prova, assim como a expectativa para o restante da temporada.
Essa foi a segunda vitória de Nasr em Daytona com a Porsche Penske, o brasileiro que divide o carro com Nick Tandy e Laurens Vanthoor, fez o último stint da corrida. Nesta temporada do IMSA, a equipe optou por trabalhar com trios, diferente dos quartetos que eram utilizados na última campanha.
O final da prova foi bem apertado por conta da proximidade dos competidores, mas Nasr conseguiu superar os adversários, munido por uma boa estratégia que viabilizou o piloto receber a bandeirada em primeiro lugar.
“É impressionante uma corrida de 24 horas ser definida nos últimos instantes. Para mim, foi uma honra enorme levar o nome da Stuttgart mais uma vez ao primeiro lugar em Daytona. Não poderia haver maneira melhor de começar o ano”, comentou o piloto.
O final da corrida não estava definido, antes de chegar no ápice da prova, Nasr e Tandy ainda teriam pela frente três stints cada. Ficou a critério dos companheiros de equipe, se acertarem para o final da prova e quem estaria no carro nos últimos minutos.
“A divisão final ficou entre mim e Nick”, explicou Nasr. “A equipe falou que a sugestão era Nick fazer três e eu três, mas podiamos conversar entre nós. Aí eu o chamei, pois temos que ter um relacionamento assim, aberto, profissional e honesto.”
O brasiliense explicou que os pilotos estavam liberados para fazer as suas estratégias, eles poderiam dividir os stints da forma que ficasse melhor.
“Então falei ‘Nick o que você está pensando? Você quer fechar a prova?’. Ele então parou para pensar um pouco, eu vi que ele ia responder uma coisa e mudou, falando ‘Você promete que vai fazer de tudo para ganhar essa corrida? Mas tudo mesmo?’, então prometi que faria de tudo”.
Nasr então assumiu o carro para o final da prova, o brasileiro no último stint era o terceiro colocado, um dos adversários em pista era um dos carros da própria equipe.

(Porsche)
No momento final da prova, cada um dos carros definiu o que era melhor para si, no #6 eles optaram por trocar apenas dois pneus, enquanto no #7 (carro de Nasr) foram trocados os quatro pneus.
“Teve um momento daquela última parada nos boxes, que todos os carros tiveram que tomar uma decisão. A escolha de pneus é muito individual, entre cada carro. Tanto que optei por colocar quatro pneus novos e o carro deles, o #6 só trocou dois.”
“A única ordem era ‘Não briguem com o outro carro, não perca tempo’. Então no meu entendimento é que se fosse uma oportunidade limpa”.
“Eu queria ter todas as armas possíveis para poder lutar no fim. E deu certo, porque atrás de mim estava chegando um Acura (de Felix Rosenqvist, Scott Dixon, Colin Braun e Tom Blomquivist) e eu estava mais rápido que os carros à minha frente (o outro Porsche Penske e o BMW de Raffaele Marciello/Kevin Magnussen/Dries Vanthoor/Philipp Eng). Passei os dois e o Acura veio junto”, comentou Nasr.
O brasileiro está no projeto desde o seu início, portanto acompanhou toda a crescente do time, que chegada neste momento com uma boa performance e capaz de travar disputas ainda melhores. Mas parte deste trabalho consiste na troca de informações importantes entre a equipe do IMSA e aquela que disputa o WEC.
“É compartilhado tudo o que é da Porsche Penske Motorsport. É como um programa global, a gente tem uma equipe tanto nos Estados Unidos quanto na Alemanha. A parte da Alemanha super o time do WEC e a dos EUA o IMSA, mas essas informações são compartilhadas 24 horas, ao vivo.”
“Nós temos, por exemplo, uma sala de observação na Alemanha, quando estamos correndo no IMSA, eles têm as nossas informações ao vivo, para eles saberem se a gente teve um desgaste muito acentuado no freio. Se o freio desgastou nessa temperatura, eles já sabem desse lado e já estão pensando em um diagnóstico para o carro deles. Isso é bem legal de um projeto com essa dimensão global, porque a informação corre muito rápido e essa evolução é contínua.
Quando Nasr transicionou das competições de fórmula, para o endurance foi uma mudança radical de carreira. Na fórmula, além de não estar em uma equipe que tinha uma estrutura robusta, Nasr também enfrentava um esporte muito individual. No endurance, é algo mais coletivo, principalmente com essa necessidade de dividir o carro com outros competidores. No entanto, essa consciência coletiva só foi adquirida com o passar dos anos.
“Não, eu acho que fato ela veio naturalmente pelo ambiente do mundo do endurance. Até porque, nos monopostos, Fórmula 4, F3, F2 e F1, é um esporte muito individualista, pois o piloto toma a decisão ali dentro. Ele tem uma equipe o auxiliando, mas é um esporte muito individualista, quando o piloto vai falar sobre um acerto, ajuste do carro, ele faz para ele”, comentou Felipe Nasr.
“No endurance, eu compartilho o carro com outros três pilotos, então não adianta eu ter uma coisa no carro que não é boa. A gente acha um equilíbrio para os três pilotos. Avisa, se o carro está bom.”
“E claro, como piloto, você evolui, porque começa a olhar como um todo. Você observa o comportamento da equipe, dos seus companheiros e como é que essa informação está sendo digerida. Eu acho que isso me tornou mais completo”.
O competidor ainda reforça, que foi apenas competindo em corridas de longa duração que conseguiu extrair um outro lado dele.
“O endurance abriu uma nova porta para mim. Eu pude enxergar outras qualidades que às vezes eu até poderia tê-las, mas eu pude aprofundá-las agora.”

(G. Prado/Stuttgart Porsche)
O foco de Nasr é conquistar uma 24 Horas de Le Mans, essa será a preparação até junho, quando a prova será disputada.
“Eu espero que a gente possa brigar por essa vitória. É uma corrida que a gente ainda vem de uma fase evolutiva nesses últimos anos. Não tivemos o melhor carro em 2023, não tivemos o melhor carro em 2024, então espero que a gente consiga condições de mesmo nível para poder brigar tanto com a Ferrari, como a Toyota que tem sido as marcas vencedoras dos últimos anos.
“É uma prova que tem que dar tudo muito certo. Então acho que esse é um grande desafio e estar preparado para isso, usar esse tempo até junho para a gente digerir todas as informações. Todas essas corridas são um preparativo para nós.”
A próxima corrida do IMSA será as 12 Horas de Sebring, programada para o dia 15 de março.
@oficialboletimdopaddock Depois de conquistar a sua segunda vitória consecutiva em nas 24 Horas de Daytona, o piloto brasileiro #FelipeNasr fala sobre esse momento incrível que tem vivido com a #sttutgart e com a #porsche #penske
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