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Chuva embaralha o GP da Austrália e Safety Car desafia estratégias

Como esperado, a chuva caiu no domingo e agitou a realização da abertura do campeonato

A Fórmula 1 disputou no último fim de semana o GP da Austrália, a corrida marcou o início da temporada 2025. O circuito de Melbourne foi desafiador, principalmente para os pilotos novatos. Combinado a chuva do domingo, ficou ainda mais difícil para os competidores escaparem de erros.

O fim de semana começou com pista seca e temperaturas altas. Ao longo das sessões, os pilotos avaliaram os pneus disponíveis para o evento e identificaram que o composto macio estava sofrendo com a granulação e terminando antes da volta rápida. A Mercedes apostou no uso dos pneus médios no Q1, mas precisou trabalhar com os pneus macios e se colocar na mesma situação que os adversários.

A Pirelli fez algumas mudanças para 2025, diminuindo o gap entre eles, além de reforçar os compostos para que eles resistissem a evolução dos carros deste ano. Porém, foi novamente notado que os carros já estão muito avançados.

No domingo a chuva caiu em Melbourne, lavando todo o emborrachamento da pista. A Pirelli, que estimava a estratégia de apenas uma parada, com os dados obtidos na sexta-feira e no TL3, mas viu as possibilidades estratégicas se abrirem como em um leque, já que parte da prova seria disputada em pista molhada. Como a pista ficou novamente verde e sem o emborrachamento construído dos últimos dias, os pilotos precisavam de um pouco mais de cautela.

Boa parte da prova não foi possível usar os pneus slicks, pois seria muito fácil perder o controle do carro, só de pisar fora de um trilho mais seco. A maior parte do grid cometeu erros, mas alguns conseguiram se livrar de encontros com os muros.

A prova começou com quinze minutos de atraso, por conta da batida de Isack Hadjar na volta de apresentação. Como foi necessário a remoção do carro do francês, os pilotos precisaram se preparar para um novo início. Foi até interessante, pois a Aston Martin tinha instalado os pneus de chuva extrema no carro de Lance Stroll e fez a substituição para instalar os pneus intermediários.

Lando Norris conseguiu manter a dianteira quando a prova começou, mas Oscar Piastri foi surpreendido por Max Verstappen e caiu para a terceira posição. Ainda depois da largada, na primeira volta, Carlos Sainz e Jack Doohan também bateram, provocando a ativação do Safety Car e a realização de sete voltas atrás dele.

Existia uma preocupação com a chuva no domingo, pois os pilotos não queriam permanecer tanto tempo atrás do Safety Car, pois os pneus perdem muita temperatura e os competidores ficam ainda mais vulneráveis. O lado positivo, é que a chuva mais intensa caiu antes da Fórmula 1 entrar em pista e depois do pódio, então a corrida foi feita de uma forma mais controlada.

Ao longo do fim de semana, a FIA também ficou preocupada, verificando se existia a necessidade de trocar o horário da largada – semelhante ao que aconteceu no Brasil – para pegar uma janela climática melhor, mas a categoria conseguiu trabalhar com o evento sem grandes contratempos para a categoria principal. Por outro lado, a prova da Fórmula 2 foi cancelada.

Estratégias trabalhadas ao longo do GP da Austrália – Foto: divulgação Pirelli

Voltando para a corrida…

Foi apenas na oitava volta que a corrida começou a ter ritmo e os pilotos conseguiram duelar por posição. No giro 12 o DRS foi ativado para melhorar as batalhas, já que a pista começava a apresentar um trilho mais seco.

Verstappen que não é um piloto que costuma errar nessas condições, extravasou os limites de pista e viu Piastri retomar o segundo lugar na volta 17. As McLaren desapareceram na liderança, enquanto o holandês brigava com o carro e principalmente com os pneus, pois sentia que os compostos de chuva intermediária já estavam danificados. Ao longo de algumas voltas, o neerlandês precisou buscar áreas com um pouco mais de água em pista para refrigerar os compostos, pois não existia a perspectiva de uma parada nestes primeiros giros.

Conforme a pista secava, os times esperaram um ‘bode expiatório’ que instalasse os pneus slicks, para ver o quão rápido eles poderiam ser naquela situação de pista. No entanto, as trocas só começaram a acontecer na volta 34, com a batida de Fernando Alonso.

Com a nova presença do Safety Car em pista, os pilotos se lançaram aos boxes. A McLaren apostou no uso dos pneus duros para os seus pilotos, enquanto a Red Bull deu preferência pela instalação dos pneus médios. O grid se dividiu entre esses compostos para fazer um trecho de cerca de 10 voltas.

Por conta da possibilidade de chuva, chamou a atenção alguns times apostarem nos pneus duros, já que eles costumam ser mais difíceis para a manutenção da temperatura, principalmente em uma pista úmida. Quando os pneus duros são comparados com os médios, geralmente eles fornecem mais aderência e tem um nível aceitável de degradação – dependendo da condição do asfalto.

A dupla da McLaren foi a primeira surpreendida quando voltou a chover na volta 44 e logo se lançaram nos boxes para a troca. Nesse ponto da prova, o time tinha a dobradinha, mas Piastri perdeu o controle do carro quando se deparou novamente com a pista molhada e caiu para o final do pelotão. O australiano precisou fazer uma prova de recuperação para ao menos levar alguns pontos para a equipe – após disputar o pódio.

A McLaren, por reagir rápido, ajudou Lando Norris a manter a dianteira, porém, equipes como a Red Bull e a Ferrari, pagaram para ver se a chuva pioraria tanto ao ponto de utilizar um novo jogo de pneus intermediários. Verstappen foi devolvido na segunda posição, enquanto Lewis Hamilton e Charles Leclerc caíram para o final do Top-10, por conta de um trabalho péssimo da equipe.

Na Austrália os pilotos enfrentam certa dificuldade para ultrapassar, por conta das características do traçado, mas na situação de chuva, se tornou ainda mais complicado ultrapassar, pois não era possível fugir do trilho. Os pilotos ficaram presos em um trenzinho, desta forma as estratégias foram ainda mais importantes e o problema com elas – trouxe o resultado de uma corrida ruim para a Ferrari.

Uso de cada um dos pneus durante o GP da Austrália – Foto: divulgação Pirelli

A Red Bull fez uma boa escolha ao instalar os pneus médios em Verstappen, pensando diferente de vários adversários que estavam ao redor do carro do holandês, mas erraram duramente ao deixar o holandês em pista mais do que o necessário, já que ele perdeu completamente a aderência e ficou vulnerável em pista.

As últimas voltas foram duras para Norris, pois ele precisou ‘apertar o passo’ para se defender das investidas de Max Verstappen. O britânico conseguiu cruzar a linha de chegada na primeira posição. Para a Ferrari, o máximo que Leclerc conseguiu foi obter um oitavo lugar, seguido por Piastri e Hamilton, contribuindo para a Ferrari levar 5 pontos para a casa.

Com o erro estratégico da Racing Bulls, a equipe tirou Yuki Tsunoda da zona de pontuação, o japonês passou a maior parte da prova duelando por um sexto lugar, mas foi apenas o décimo segundo. Lance Stroll e Nico Hülkenberg também foram beneficiados por toda a movimentação gerada pela chuva e o retorno aos pneus intermediários.

Por outro lado, a corrida ainda contou com os abandonos de Liam Lawson e Gabriel Bortoleto.

“De um ponto de vista puramente técnico, hoje pudemos ver como a versão 2025 do intermediário se saiu, provando ser um pneu que permitiu aos pilotos acelerarem por muitas voltas, mesmo em uma pista onde o trilho seca se formou. Havia apenas um pouco de granulação na parte dianteira esquerda, o pneu que sofre mais estresse nesta pista, mas, em geral, vimos que a degradação foi mínima. Não há muito a dizer sobre os slicks porque os turnos foram bem curtos, entre dez a 14 voltas, o que significa que é difícil fazer uma avaliação completa de seu desempenho”, comentou Mario Isola, diretor de automobilismo da Pirelli.

“Agora, junto com as dez equipes no campeonato, estamos nos preparando para a segunda rodada da temporada, já na semana que vem em Xangai. É uma pista muito diferente de Melbourne, onde encontraremos um asfalto e pista totalmente novos e em um fim de semana de Sprint, então é um desafio extra logo na segunda corrida.”

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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