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Raio-X do GP da Austrália – Leclerc conquista vitória e Williams completa Top-10

O GP da Austrália não foi aquela prova tão movimentada como esperávamos, mesmo com todos os ajustes que foram realizados na pista e as promessas de mais ultrapassagens, ou disputas empolgantes não foram cumpridas. O traçado é travado, difícil de ultrapassar, mesmo com as três zonas de DRS disponíveis.

A Ferrari venceu pela segunda vez na temporada, enquanto a Red Bull lidou com o abandono de Max Verstappen. Sorte do time italiano que agora conta com 104 pontos, mesmo com o abandono de Carlos Sainz. A Red Bull é a terceira colocada no Campeonato de Construtores. A Mercedes segue como segunda força, mesmo enfrentando diversos problemas e com várias questões para serem resolvidas, acumularam pontos valiosos em mais uma corrida que Verstappen não completou.

Acompanhe o Raio-X da etapa com alguns comentários sobre o fim de semana dos times

Ferrari

Charles Leclerc vence o GP da Austrália com um nível muito superior – Foto: reprodução

A equipe italiana segue como a líder do campeonato. Presenciamos mais um fim de semana forte da Ferrari, onde o time fez questão de estar à frente, mesmo com eles acreditando que não seriam tão fortes superiores neste traçado, pois existem muitas retas e o carro da Ferrari opera melhor nas curvas.

Charles Leclerc obteve a pole, liderou todas as voltas da corrida, sem perder a ponta mesmo quando realizou a sua troca de pneus e ainda cravou a volta mais rápida da prova. O monegasco não lidou com a degradação dos pneus, de cara para o vento foi cada vez mais de afastando de Max Verstappen, sem dar chances de ser atacado. As zonas de ativação do DRS eram uma preocupação, pois poderiam ser usadas de forma estratégica e a Red Bull tentar uma ultrapassagem em Max.

Por outro lado, Carlos Sainz começou demonstrando um bom trabalho, mas se perdeu no sábado. O espanhol estava mais forte nos treinos livres, não cometia erros, enquanto Leclerc protagonizou algumas escapadas de pista. Sainz era um forte candidato a obter a primeira pole da carreira, mas no Q3, aquela bandeira vermelha provocada por Alonso, eliminou o seu tempo de volta rápida. Na segunda tentativa, Sainz não teve tempo para preparar os pneus de forma adequada, ficando apenas com o P9 para a largada.

Antes da largada, Sainz teve um problema com as mudanças de ajuste no volante e eles tiveram que trocá-lo antes da volta de apresentação. Na largada o carro de Sainz entrou em anti-stall e ele perdeu várias posições, depois o espanhol tentou forçar uma ultrapassagem, mas com os pneus duros e ainda frios, perdeu o controle do carro e abandonou a corrida. O carro estava adequado para escalar o grid, mas todas as circunstâncias o impediram de pontuar. Sainz ainda está se adaptando ao carro e parece que foi um erro a Ferrari ter apostado nos pneus duros logo para o início da prova.

Os times estão se preparando para fornecer atualizações para Ímola, todos vão lidar com um período de pausa, antes de correr na Itália.

Mercedes

Russell conquista o seu primeiro pódio com a Mercedes – Foto: Mercedes / Daimler

A Mercedes segue comendo pelas beiradas! Mesmo com todos os problemas, o time se mante pela terceira etapa na segunda posição do Campeonato. Para a Austrália eles não tinham perspectiva, pois não estavam levando atualizações significativas. A Mercedes utilizaria uma asa diferenciada para a prova, mas por conta da logística, ela não poderia ser entregue antes da realização do evento.

Foi neste calvário que a Mercedes se encontrava, mas eles andaram bem e levaram os dois carros ao Q3, com Lewis Hamilton conquistando o P5 e George Russell saindo em P6.

Hamilton largou muito bem, melhor até mesmo que Pérez e assumiu a terceira posição, mas quando a liberação do DRS aconteceu, o mexicano passou o inglês. As paradas eram realizadas, mas a disputa estava intensa na pista, onde o inglês duelava com Pérez, buscando o pódio. A Red Bull chamou o mexicano para os boxes na volta 21, Hamilton trocou os pneus no giro seguinte, mas instantes depois o Safety Car foi ativo, Russell simplesmente estava na posição certa e no momento certo – parou na volta 23 e retornou à frente de Hamilton.

O dono do carro #44 ainda foi ultrapassado por Pérez antes da entrada do Safety Car, pois o mexicano estava com os pneus quentes. De qualquer forma, assim como no Bahrein, o abandono de Max Verstappen contribuiu para o resultado da Mercedes, Russell foi ao pódio, enquanto Hamilton recebeu a bandeira quadriculada em P4. Um resultado satisfatório para aqueles que não tinham ideia se conseguiu um bom resultado neste traçado.

Russell conquistou o seu primeiro pódio com a Mercedes, mas sabe que eles precisam melhorar muito para que esses resultados aconteçam de forma mais orgânica e não dependendo também do fator sorte. O outro inglês estava na melhor posição da pista, no melhor momento, quando aquele Safety Car provocado por Sebastian Vettel entrou, desta forma não teve nenhuma perda com a troca de pneus e permaneceu na posição conquistada.

Red Bull

Sergio Pérez conquista segunda posição no GP da Austrália por abandono de Verstappen – Foto: reprodução Red Bull

O time austríaco ainda está na terceira posição do Campeonato de Construtores e tenta perseguir a Mercedes em pontos, partindo para a quarta etapa separados por dez pontos.

Max Verstappen passou o fim de semana reclamando das configurações do carro de da dificuldade para guiar nesta pista. No sábado conseguiu o segundo lugar para a largada, mas Sergio Pérez demonstrava um desempenho um pouco mais superior do que o do seu companheiro de equipe.

Na corrida, Verstappen administrou um confortável P2, pois não tinha como se aproximar de Leclerc. Era só terminar a corrida e garantir os pontos, mas o holandês começou a sentir um cheiro estranho vindo do carro, a falta de potência apareceu e ele encostou o carro – instantes depois labaredas começaram a sair da parte traseira. Agora com o carro retornando à fábrica, a Red Bull vai verificar o que aconteceu, mas o time suspeita que foi um vazamento de combustível que desencadeou em uma falha.

O segundo lugar foi automaticamente para Pérez, o mexicano obteve os pontos não conquistados por Verstappen. O piloto perdeu a terceira posição na largada, mas conseguiu se recuperar na prova, mas admite que neste fim de semana os adversários deles em pista eram as Mercedes e não a Ferrari.

Com esta instabilidade, a Red Bull vai perdendo pontos preciosos, além disso, precisa se preocupar com uma futura recuperação de desempenho da equipe alemã.

McLaren

A McLaren teve um fim de semana forte, pontuando com os dois pilotos – Foto: reprodução McLaren

O time de Woking teve um fim de semana bem satisfatório e com ritmo. Esse período de pausa entre as etapas da Arábia Saudita e Austrália serviram para que a McLaren analisasse os seus dados e compreendessem mais o carro. Desde que a temporada teve início, as coisas aconteceram rapidamente, a pré-temporada foi encerrada e na semana seguinte eles estavam competindo no Bahrein, depois em Jeddah. Eles não tiveram muito tempo para de fato ver como as coisas estavam funcionando.

Norris obteve um P4 para a largada no domingo, enquanto Ricciardo era o P7. O inglês da McLaren não conseguiu largar bem e perdeu duas posições no início da prova, mas o resultado foi satisfatório, mesmo não conseguindo acompanhar a Mercedes. O pit-stop da McLaren funcionou como um relógio e assim os pilotos não perderam tempo ao retornar para a pista.

O piloto australiano que estava correndo em casa, mas não tinha chance de ir ao pódio, de qualquer forma ele conquistou os primeiros pontos da temporada com o P6. Ricciardo perdeu um pouco de desempenho com o uso dos pneus duros, mas conseguiu terminar a prova.

A McLaren vai analisar os dados neste retorno para casa, para continuar a sua evolução. O time sabe que algumas pistas vão ser mais complicadas para o seu carro, mas de qualquer forma querem tirar o melhor proveito do equipamento em todas as circunstâncias.

Alpine

Fernando Alonso teve um fim de semana complicado, quando era para ser a melhor prova desde o seu retorno à F1 – Foto: reprodução

Outra grande surpresa neste fim de semana além da McLaren, foi o ritmo da Alpine, mas principalmente de Fernando Alonso. O espanhol chegou com muita garra para brigar pelas primeiras posições e estava próximo de largar junto aos primeiros colocados, mas a batida na classificação prejudicou a corrida de Alonso.

O dono do carro #14 foi liberado para a pista no Q3, quando ela estava mais vazia. Alonso tirava tudo do carro, mas do nada o A522 apagou na curva 11, fazendo o piloto se tornar passageiro. Na prova Alonso poderia ter ficado no Top-10, pois largou com os pneus duros com a intenção de permanecer mais tempo na pista. A Alpine não fez a troca de pneus durante o primeiro período em Safety Car, pois eles teriam muitas voltas pela frente com os pneus médios. A corrida seguiu e o seu carro começou a perder desempenho, o piloto despencou no grid, terminando a corrida apenas na décima sétima posição.

Foi uma pena, pois a Alpine está mostrando um desempenho melhor a cada nova corrida e Alonso faz muita diferença no time.

A classificação e a corrida de Esteban Ocon foram tranquilas, o piloto se manteve dentro do Top-10 e fora de confusão, fez o possível para não errar, mas não foi além. Está é a terceira corrida da temporada e nos três eventos o francês representou o time nos pontos.

Alfa Romeo

O GP da Austrália não foi o ideal para o time, mas Valtteri Bottas pontuou mais uma vez – Foto: reprodução Alfa Romeo

Desde o início do fim de semana, a Alfa Romeo não estava mostrando um grande desempenho, mas imaginávamos que eles estariam no Top-10 da classificação. Infelizmente foi a primeira vez no ano em que não avançaram para o Q3, mas Frédéric Vasseur estava certo, a equipe conquistaria mais pontos no domingo.

Para a Alfa Romeo se torna importante pontuar, principalmente pelo ritmo que é imprimido pela AlphaTauri e Haas. Valtteri Bottas terminou a prova na oitava posição, travando um duelo com Stroll e Gasly para chegar à zona de pontuação.

Ainda é necessário ressaltar o resultado de Guanyu Zhou, pois o chinês terminou a prova na décima primeira posição e mais um abandono tivesse acontecido ou a estratégia da Williams não tivesse funcionado, ele certamente teria pontuado nesta prova. Zhou mostra que está se esforçando para conseguir outros bons resultados. O estreante desta temporada conseguiu resolver a questão da largada, o que já melhorou o seu desempenho no início da corrida.

Haas

A Haas teve um desempenho bem fraco na Austrália – Foto: reprodução Haas

A Haas não esteve nos pontos e neste fim de semana, fez uma aparição completamente apagada na Austrália. O time também lidou com algumas dificuldades, depois da batida de Mick Schumacher na Arábia Saudita, a Haas ficou sem um carro reserva para essa etapa, portanto qualquer problema poderia tirá-los da participação da prova.

LEIA MAIS: Após acidente de Schumacher em Jeddah, Haas fica sem chassi extra para GP da Austrália

Os momentos em que o Safety Car esteve na pista, não favoreceram as escolhas/estratégias da Haas. Infelizmente em algumas corridas alguns times também dependem de sorte, além do desempenho. O ritmo da dupla não foi tão ruim durante a prova, mas ficaram apenas com P13 e P14. Acreditava que o desempenho crítico nos treinos livres não seria o mesmo da classificação e corrida. Agora eles precisam trabalhar para Ímola.

AlphaTauri

Pierre Gasly se esforçou para ajudar a AlphaTauri em mais uma conquista de pontos – Foto: reprodução AlphaTauri

O fim de semana da AlphaTauri foi um pouco mais tranquilo, sem lidar com quebras como nas últimas corridas. A questão mesmo foi a equipe não ter avançado para o Q3 com nenhum dos dois carros. Antes da classificação os carros passaram por um novo ajuste fino, mas que não trouxe muitos benefícios.

Conforme a corrida foi se desenvolvendo, a AlphaTauri não conseguia atingir a zona de pontuação, assim como aconteceu com a Haas, a AlphaTauri não conseguiu usufruir do Safety Car para tirar alguns benefícios durante a prova. Gasly era a esperança de um resultado melhor, pois avançou no grid.

A AlphaTauri espera que com as novas peças que serão instaladas, possam avançar no grid, obtendo um desempenho melhor. A equipe italiana faz parte do pelotão intermediário, que está bem disputado e que nem sempre sobram oportunidades para obter pontos. Gasly terminou a corrida na nona posição, enquanto Tsunoda foi o décimo quinto colocado. O japonês relatou a dificuldade para encontrar ritmo com os dois compostos que eles usaram.

Williams

Albon contou com uma estratégia que poderia não funcionar, mas a sua conquista tem muito mérito. Além disso Ocon fez uma corrida muito apagado e não atacou o piloto tailandês da Williams – Foto: reprodução

Outro fim de semana complicado na Williams, onde nenhum dos dois carros avançou para o Q2. Nicholas Latifi foi obliterado por Lance Stroll durante a classificação, onde a parte traseira do FW44 ficou danificada. A Williams não conseguiu avançar para descolar do grid, o seu ritmo era bem complicado durante os treinos livres.

Entretanto, Alexander Albon obteve o primeiro ponto para a Williams no domingo. O piloto largou com os pneus duros e não teve problema. A equipe foi deixando-o na pista com o composto duro e apenas na volta 57 ele realizou a sua troca. A janela para a parada era apertada, mas ele conseguiu fechar a corrida em P10, levando um ponto para a Williams. Albon largou da vigésima posição, depois que lidou com uma desclassificação, pois a equipe não entregou o combustível para análise da FIA. O tailandês ainda tinha uma punição para cumprir, pois bateu em Stroll na prova passada, mas se tornou irrelevante pós-desclassificação.

Foi uma prova onde o time assumiu riscos, pois não tinham uma perspectiva de uma prova melhor, ou com um resultado mais satisfatório. Nos boxes da Williams foram só comemorações pós-corrida.


A estratégia de Latifi não favoreceu muito a sua corrida e depois do incidente com Stroll, o canadense virou passageiro, com o carro precisando passar por uma recuperação. Latifi viu as imagens do incidente e relatou que ele foi alertado sobre o piloto da Aston Martin estar em uma volta rápida, mas ele deve ter abortado. Latifi voltou para o que seria o melhor traçado para ele e Stroll bateu em seu carro.

Aston Martin

A Aston Martin segue como o time que não conquistou pontos ainda na temporada 2022 da Fórmula 1 – Foto: reprodução

Agora a Aston Martin é a única equipe do grid sem pontos e não tem uma perspectiva de quando estará entre os dez colocados, pois o seu desempenho é bem fraco. Sebastian Vettel realizou a sua estreia na Austrália, mas nem a sua experiência fez muita diferença no evento. Fora que Lance Stroll parecia estar completamente descontrolado durante o fim de semana.

Vettel bateu no muro de contenção no sábado durante o TL3, Stroll repetiu o feito instantes depois, desta forma o time ficou sobrecarregado tentando recuperar os dois carros para a classificação. O AM22 do canadense tinha mais chances de ser devolvido para a pista, mas Stroll não colaborou muito e bateu em Latifi, danificando a suspensão dianteira mais uma vez.

Sobrou tempo para os mecânicos reconstruírem o carro de Vettel para o Q1, um esforço que foi valorizado pelo chefe de equipe e pelo alemão, mas eles não tinham muito tempo para trabalhar os pneus, portanto, Vettel se contentou em dar apenas uma volta no Q1.

A corrida da Aston Martin foi igualmente caótica, com os pilotos sem muita ação. Vettel abandonou a corrida na volta 24, quando bateu no muro de contenção. O alemão explicou que estava indo no limite, mas pela falta de experiência com o carro, passou pela zebra da curva quatro e perdeu o controle.

Stroll atrapalhou outros competidores durante a prova, estava fazendo manobras perigosas para tentar defender a posição. O desempenho com os pneus duros não foi surpreendente, portanto, o resultado não foi nada positivo. A Aston Martin apostou em uma estratégia semelhante à de Albon para Stroll, mas o piloto terminou apenas na décima segunda posição.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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