No dia 17 de dezembro de 2001, após quase dois anos do anúncio de que estaria fazendo o movimento natural dos ralis para a Fórmula 1, passando por Le Mans, finalmente o mundo conheceu o Toyota F1.
Com um dos maiores orçamentos da categoria à disposição, a montadora anunciou seu ingresso na Fórmula 1 em 21 de janeiro de 1999, mas no ano seguinte informou que só entraria para a competição no campeonato de 2002, reservando o ano de 2001 para testes e desenvolvimento do carro. O time perdeu para a FIA um depósito de 11 milhões de dólares por não estrear no ano de 2001, conforme combinado. Sem problemas, disseram.
Depois de um dos processos de desenvolvimento mais longos na história da Fórmula 1 a Toyota finalmente lançou seu carro de corrida, tendo gasto um ano para montar a equipe e testar o carro, então batizado sem muita criatividade de TF101. O carro definitivo da F1 da Panasonic Toyota Racing, TF102, veio com uma nova cara, mantendo as cores corporativas da Toyota em vermelho e branco, além de levar os logotipos dos novos sócios da equipe AOL, Time Warner e Wella. O novo bólido foi projetado por uma equipe liderada pelo designer chefe Gustav Brunner, e era alimentado pelo recém-desenvolvido motor RVX-02. O presidente da Toyota Motorsport, Ove Andersson, disse: “O sucesso não é uma questão de dinheiro. É uma boa equipe trabalhando bem juntos e fazendo tudo certo”.
Os escolhidos para dar a acelerada inicial no projeto foram o finlandês (que sabia falar japonês, o que contou muito para sua escolha) Mika Salo e o escocês que pilotou o GT-One nas 24h de Le Mans de 1999 e que você ouve no podcast da BBC Allan McNish.
A estreia em 2002 foi na zona de pontuação: já na primeira corrida, na Austrália, um acidente entre Ralf Schumacher e Rubens Barrichello tirou metade dos pilotos participantes, e Mika Salo descolou um pontinho com o sexto lugar; infelizmente o finlandês marcaria apenas mais um ponto no ano, no Brasil, e a Toyota terminaria 2002 como a 11ª equipe, fazendo apenas 2 pontos nas 17 corridas e acabando empatada com Arrows e Minardi no final da tabela.
O segundo ano veio com pilotos novos: Olivier Panis e o campeão da CART Cristiano da Matta, debutando na categoria mãe. Houve uma melhora significativa na pontuação (16 pontos no total, 10 do brasileiro e 6 do francês que conseguiu a melhor posição final da equipe até então, um 5º lugar no GP da Alemanha), porém a equipe amargou novamente o fim da fila, em 8º lugar no campeonato, à frente apenas da Jordan e da Minardi. Os pilotos continuaram para o ano seguinte (quer dizer, Cristiano da Matta foi demitido no GP da Alemanha, e Panis aposentou-se antes do GP do Japão; Ricardo Zonta e Jarno Trulli substituíram os titulares). O time fez 9 pontos antes da troca de motoristas, repetindo com Panis a 5ª colocação, no GP dos Estados Unidos e mantendo a 8ª colocação entre os construtores.
Trulli continuou, mas a era brasileira na Toyota teve um fim em 2005, com Zonta sendo substituído por Ralf Schumacher, vindo da Williams. Foi o annus mirabilis da equipe, que pontuou em todas as etapas exceto na estreia (mesmo com uma inédita primeira fila de Trulli) e no infame GP dos seis carros em Indianápolis (onde o italiano abiscoitou a pole). Trulli conseguiu três pódios (segundo na Malásia e no Bahrein e terceiro na Espanha), enquanto Ralph terminou no degrau mais baixo da zona do champagne na Hungria e no encerramento, na China. Com incríveis 88 pontos, a equipe terminou atrás apenas da Renault, da McLaren e da Ferrari.
Um ditado japonês diz que 勝っているチームを変更しないでください, ou seja, em time que está ganhando não se mexe. O pessoal manteve o mesmo line up para 2006, alterando mudando apenas o calçado para Bridgestone. Não deu certo. Um pódio na estreia, com o terceiro lugar de Ralf na Austrália, foi a única alegria verdadeira da equipe. Mesmo assim, um sexto lugar geral com 35 pontos marcou a segunda melhor temporada da história da Toyota.
Os três últimos anos foram de declínio: em 2007, com a mesma dupla de pilotos, uma 6ª colocação geral com 13 pontos; 2008 viu Timo Glock no lugar do Schumacher caçula e a partida de Ove Andersson, que faleceu num acidente automobilístico na semana do GP da França, onde uma terceira colocação de Trulli foi o primeiro pódio em 2 anos. Uma melhora em relação ao ano anterior, com um total de 56 pontos e uma quinta colocação geral se provaram o canto do cisne, que adoeceu de mau olhado após o incidente do “Cadê o Glock?!, Cadê o Glock!?” em Interlagos naquele ano.
O início do ano derradeiro foi muito bom: sete vezes nos pontos, incluindo três pódios, nas primeiras quatro corridas com Glock e Trulli, além de uma pole no Bahrein, foram o brilhareco antes da pífia etapa europeia no ano. Mesmo os pódios em Singapura e no Japão não foram suficientes para curar o moribundo, que terminou o ano em quinto lugar entre os construtores com 59,5 pontos. O oitavo ano sem vitória, somado ao primeiro prejuízo financeiro da história da montadora, foram suficientes para que os executivos executassem (desculpem, não resisti) um haraquiri automobilístico: em 04 de novembro de 2009 a Toyota anunciou sua saída da Fórmula 1, causando ataques de fúria do tio Bernie contra as montadoras. Naquele ano, eu dirigia um Corolla.
lll FORA DAS PISTAS
Em 17 de dezembro de 1961, uma tragédia aconteceu em Niterói, quando o Gran Circo Norteamericano pegou fogo. Mais de 500 pessoas morreram, uma expressão comum no dia a dia foi cunhada e nasceu o Poeta Gentileza. Tudo isso você ouve no episódio 564 do Podcast Café Brasil, que eu recomento fortemente.
O dia também é de alegria, em amarelo, já que em 17/12/1989 o primeiro episódio de The Simpsons vai ao ar – com o irônico (aqui) título de Simpsons Roasting on an Open Fire”.
Nasceram neste dia o Papa Francisco (1936), Paul Rodgers (1949), que tocou guitarra no Free, no Bad Company e no The Firm e excursionou recentemente com o Queen, o eterno presidente de Independence Day Bill Pullman (1953) e a espetacular Milla Jovovich (1975), a Leeloo Minaï Lekatariba-Laminaï-Tchaï Ekbat de Sebat de O Quinto Elemento.
E, em 17 de dezembro de 1982, Karen Carpenter, uma das vozes femininas mais aveludadas da história da música, fez sua última aparição pública em Sherman, na Califórnia. Karen morreu em 04 de fevereiro de 1983, com apenas 32 anos, mas nos deixou com pérolas como essa: