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Chuva movimenta as estratégias no GP do Canadá

McLaren tinha o pleno domínio da corrida, mas o Safety Car provocado por Logan Sargeant começou a mudar os rumos da corrida

Neste fim de semana a Fórmula 1 disputou o GP do Canadá, a corrida foi bem movimentada, proporcionando um bom entretenimento. Max Verstappen faturou a vitória, mas ao longo desta corrida é possível destacar a boa performance da McLaren, a Mercedes surgindo no pódio e o abandono dos dois pilotos da Ferrari.

O fim de semana foi um tanto confuso para as equipes, o primeiro trino livre aconteceu, mas foi parcialmente prejudicado pela chuva que atingiu o traçado um pouco antes da sessão. Com a sujeira e as poças d’água pelo traçado, os fiscais de pista precisaram preparar o traçado, antes do primeiro carro ser liberado.

O TL2 foi quase todo realizado em pista seca, mas a chuva apareceu nos últimos minutos da sessão, os times precisaram priorizar o programa de simulação de corrida. A tabela ficou muito embaralhada e foi difícil bater o martelo sobre o desempenho das equipes, mas neste momento a Mercedes chamava a atenção.

No sábado os pilotos enfrentaram um dia de pista seca, mas sempre com a ameaça de chuva pairando. Na classificação a pista não estava nas melhores condições, o tempo do Q2 obtido por George Russell (1m11s742) foi superior ao tempo da pole obtido pelo mesmo piloto (1m12s000). Max Verstappen duelou com Russell pela primeira posição e estabeleceu o mesmo tempo que o piloto da Mercedes ao final do Q3.

Para as equipes de modo geral, foi difícil compreender o asfalto e o comportamento dos carros. Na mudança do Q1 para o Q2, a Ferrari passou a lidar com um carro que estava escorregando muito e sem aderência, mesmo usando os pneus macios. Como a sessão foi bem apertada, os dois pilotos do time italiano não avançaram para o Q3.

Sergio Pérez foi um fiasco na classificação, sendo pela segunda vez consecutiva eliminado no Q1.

Um problema enfrentado ao longo do fim de semana, foram as baixas temperaturas, dificultando ainda mais colocar os pneus na melhor janela de operação.

Corrida

A expectativa era de uma prova realizada com chuva, no entanto, foi um verdadeiro chove e para. Cerca de uma hora antes do início da prova, a chuva se aproximou do traçado e molhou todo o asfalto. Os pilotos foram se encaminhando para a pista já avaliando os pneus intermediários e de chuva extrema.

Vale mencionar que para o evento no Canadá de 2024, o asfalto foi recapeado e as equipes dependiam muito de fazer verificações para compreender as mudanças, mas todo o cenário não contribuiu. A própria Red Bull chegou em Montreal esperando muito dos treinos livres para ter a chance de encontrar uma boa configuração, mas foram atrapalhados. Verstappen perdeu o TL2 por um problema no sistema de recuperação de energia.

Na largada, a pista foi declarada como molhada, os times tiveram que escolher entre os pneus intermediários e de chuva extrema para começar a prova. Dezoito dos vinte carros foram com os pneus intermediários, apenas Kevin Magnussen e Nico Hülkenberg contavam com os pneus de chuva extrema.

Como a pista estava mais molhada no início, a dupla da Haas contou com mais aderência e foi escalando o pelotão, Magnussen chegou ao 4º lugar, largando do 14º lugar. Só que não demorou muito para a carruagem virar abóbora e Magnussen ser forçado a realizar a troca de pneus, trabalhando com o “comum” intermediário.

A Haas optou por segurar por mais tempo Hülkenberg em pista, o piloto formou um trenzinho atrás do seu carro, possibilitando Magnussen encostar em Carlos Sainz.

Estratégias usadas durante o GP do Canadá de 2024 – Foto: Pirelli

No entanto, embora acontecessem disputas pelo pelotão, o trilho seco que se formava na pista, acabou limitando os pilotos, pois mesmo sendo necessário resfriar os pneus, eles não podiam abusar muito do traçado molhado, para não cometer um erro.

Na volta 21, Lando Norris que estava imprimindo um ritmo forte, conseguiu realizar a ultrapassagem em Max Verstappen e assumir a liderança. Se a corrida seguisse sem interferências, o piloto da McLaren tinha altas chances de faturar mais uma vitória. O piloto britânico abriu mais de 11 segundos para Verstappen, mas o Safety Car pintou na pista após a batida de Logan Sargeant.

Foi neste momento da prova que o cenário mudou um pouco, faltou comunicação na McLaren para chamar Norris que estava tão à frente para os boxes. Com a batida de Sargeant era possível prever a entrada do Safety Car, mas não chamaram Norris. Quando o piloto perdeu a chance de fazer a troca de pneus antes que os rivais, o Safety Car apareceu na pista.

Norris precisou completar uma volta lenta no circuito, enquanto outros competidores paravam. No momento que Norris finalizou a sua troca de pneus, foi devolvido atrás de Russell.

Com a pista liberada, o piloto tentou batalhar com o competidor da Mercedes, mas o duelo foi muito mais difícil. A chuva apareceu mais uma vez no traçado e os times aguardaram o novo processo de secagem para instalar os pneus de pista seca.

Verstappen e Russell pararam na volta 45, enquanto Norris permaneceu por mais dois giros em pista, antes de fazer a sua substituição. O piloto foi devolvido atrás de Verstappen e até tentou batalhar pelo primeiro lugar, mas Norris precisou de um pouco de cautela, pois aquela área da pista que estava pisando ainda estava molhada.

A escolha da McLaren de não chamar Norris na mesma volta que seus rivais, implicava na tentativa de tentar construir alguma distância que desse uma vantagem ao piloto no momento que estivesse deixando os boxes. No fim, Norris não conseguiu alcançar Verstappen outra vez para mais um embate, mas faturou o pódio no Canadá.

Ocorreu uma segunda intervenção do Safety Car, depois de Sergio Pérez estampar o muro, Carlos Sainz e Alexander Albon se envolveram em um incidente. O SC se fez necessário, pois o carro do tailandês ficou parado na pista.

Este era mais um ponto que poderia provocar uma virada na corrida e a própria Red Bull estava tentando evitar, pois tinha razões para crer que a McLaren conseguiria lutar pela vitória.

Acreditava-se que com essa nova aproximação do pelotão Norris poderia tentar dar o bote, mas Verstappen conseguiu se firmar na ponta rapidamente. O holandês não venceu de forma fácil, mas conseguiu voltar ao topo.

Pneus de chuva disponíveis para cada um dos pilotos no GP do Canadá – Foto: reprodução Pirelli

As equipes estavam apreensivas com um evento com chuva, já que mudaram a regra de distribuição dos pneus de chuva para 2024 e não existia a possibilidade de usufruir de um jogo extra. A chuva deu uma trégua no sábado, contribuindo para o dia da corrida ser mais tranquilo. Cada um dos pilotos contava com quatro pneus intermediários e dois pneus de chuva extrema no domingo.

Outras observações

Charles Leclerc foi o primeiro piloto a testar os pneus de pista seca, mas a Ferrari fez essa manobra, no momento que a chuva estava piorando outra vez no circuito. O piloto monegasco, que já estava com a corrida comprometida pelo problema no motor, acabou de estragar o fio de esperança que restava.

De forma efetiva, Gasly foi o primeiro piloto a instalar os pneus de pista seca, acontecendo no giro 40. A escolha chamou a atenção, pois os pneus duros foram instalados no seu carro. Em um primeiro momento pareceu uma escolha terrível, pois a pista não tinha muita aderência; mesmo com a Pirelli fornecendo a gama macia de pneus, o composto duro desse fim de semana demoraria um pouco para esquentar, mas com o andamento da corrida, esse composto deu fôlego para Gasly buscar Ricciardo, batalhando pela oitava posição – mas o piloto da Alpine não conseguiu a ultrapassagem.

Lance Stroll e George Russell também saltaram dos pneus intermediários para os pneus duros. O piloto da Mercedes permaneceu apenas dez voltas com esses compostos, pois o Safety Car pintou na pista e a equipe tentou algo diferente, para atacar Norris, mas o piloto da Mercedes precisou se contentar com o terceiro lugar.

Lewis Hamilton foi submetido a uma troca adicional de pneus, o piloto tentou negociar com a equipe a instalação dos pneus macios para o final da prova, mas a equipe foi pelo lado conservador e instalou os pneus duros. Hamilton não ficou muito satisfeito e conseguiu terminar a corrida apenas à frente de Oscar Piastri, pois foi superado pelo companheiro de equipe.

Lewis Hamilton não contava com um segundo conjunto de pneus médios para terminar a corrida. A Mercedes optou por não arriscar no final da prova e garantir o máximo de pontos, porém, Hamilton não ficou satisfeito – Foto: reprodução Pirelli

Na Mercedes o clima ficou mais uma vez pesado, pois Hamilton gostaria de tentar algo diferente do time para ter um pouco mais de chances de brigar por um resultado melhor em uma pista que o piloto acumula sete vitórias.

Performance dos pneus usados ao longo do GP do Canadá – Foto: reprodução Pirelli

Yuki Tsunoda foi beneficiado por não participar da segunda troca de pneus intermediários, pois avançou no pelotão e ganhou terreno no grid, saltando para a sétima posição. Depois o piloto foi superado por Stroll e Ocon, mas ainda estava brigando por pontos.

A equipe autorizou um duelo entre Tsunoda e Ricciardo, para o australiano tentar recuperar as posições perdidas depois da largada. No fim, Tsunoda rodou e caiu para o final do pelotão, perdendo alguns pontos preciosos. Ricciardo herdou o oitavo lugar, enquanto a Alpine conseguiu colocar os dois carros na zona de pontuação.

Os pneus médios foram os pneus mais usados no final da corrida, por fornecer aderência e durabilidade. A corrida no Canada já é longa naturalmente, mas com a pista em processo de evolução, as 70 voltas se estenderam.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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