A Fórmula 1 se prepara para invadir o Circuito do Sakhir para a realização dos testes de pré-temporada. Novamente a atividade acontece em três dias – 21, 22 e 23 de fevereiro – em um período de 9 horas divididos em duas sessões uma que ocorre pela manhã e outra a tarde.
Antes a categoria até oferecia a oportunidade de trabalhar por mais dias com os carros, mas atualmente o cronograma das equipes conta com apenas três dias de atividade. Nestas sessões o foco principal é adquirir quilometragem e realizar a verificação de diversos componentes, peças e os conceitos que foram a aposta para a temporada.
Nos últimos dias a apresentação dos carros foi realizada e com o primeiro vislumbre das máquinas é possível notar várias mudanças nos projetos. A temporada 2023 foi dominada pela Red Bull e as equipes agora estão tentando reduzir a diferença para o time austríaco em busca de melhorar o seu desempenho em pista. No terceiro ano deste regulamento, foi natural ver as equipes se parecendo mais com a Red Bull, nesta tentativa de ter mais desempenho.
Do pouco que já foi revelado pelos times, muitos usaram o carro da Red Bull do ano passado como inspiração, mas mesmo a equipe mais forte do grid realizou mudanças no seu projeto, tentando aperfeiçoar ainda mais o equipamento.
Os times têm pouco tempo de pista para conhecer os novos carros e já identificar o que deu certo ou não no projeto. Além disso vale ainda ressaltar que atualmente as equipes têm pouco tempo para analisar os seus dados, a pré-temporada acontece nesta semana, mas na próxima as equipes já correrão no mesmo circuito, realizando a abertura do campeonato. Existe pouco tempo para absorver os dados coletados e providenciar as alterações nos pacotes aerodinâmicos que serão introduzidos ao longo do campeonato.
Para a temporada 2024 os times optaram por manter a sua mesma dupla de pilotos, portanto não existe nenhum estreante no grid. No entanto, o pouco tempo de atividade acaba limitando até mesmo o trabalho dos pilotos reservas, já que as equipes optam por dar preferência para os titulares realizarem as verificações necessárias dos carros.
Será uma temporada intensa para a Fórmula 1, com 24 corridas programadas para a temporada. Existe muito trabalho para ser realizado ao longo do campeonato.
Primeiro de tudo, a McLaren deseja superar os problemas das duas últimas pré-temporadas, tentando começar um campeonato de forma mais segura, acreditando nas alterações que foram realizadas em seu projeto.
Este também é o momento para observar o que a Aston Martin pode entregar com o AMR24, pois a equipe disputou pódios em 2023, a expectativa é que eles possam agitar as coisas no começo deste ano.
Do lado da Mercedes, o time mudou radicalmente o conceito do W15, seguindo a tendência do grid e abandonando o conceito do zeropod, o time alemão está em busca de se redimir e demonstrou uma boa confiança após a apresentação do equipamento.
A Sauber surpreender e realizou mudanças importantes no seu carro, buscando uma melhora expressiva no grid, apostando em ideias que já foram exploradas na Red Bull e McLaren.
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Este é o ano para observar a Ferrari, o novo carro foi construído sob o comando de Frédéric Vasseur, essa é a uma temporada para ter a casa mais arrumada e provar que as alterações deram certo. No entanto, o time italiano tem um desafio pela frente, superar a temporada 2024 até a chegada de Lewis Hamilton em 2025.
Como funciona os testes de pré-temporada?
Para as avaliações, as equipes podem trabalhar apenas com um carro em pista, esse equipamento será compartilhado entre os seus pilotos titulares e se os times desejarem, os reservas também podem aparecer na sessão – vamos aguardar a lista de participantes da pré-temporada.
Com dois pilotos titulares, eles acabam geralmente revezando o tempo de trabalho, tendo praticamente um dia e meio para guiar o carro. Os times aproveitam para dividir o cronograma do que precisa ser avaliado, algumas vezes priorizando os pontos fortes daquele piloto para obter os feedbacks necessários.
Também é nesta fase que os competidores aproveitam para se adaptar ao equipamento e compreender o que mudou do carro do ano passado para este. Um exemplo é a Williams que trouxe um novo volante, atualizando o modelo e essa é uma peça bem importante para o carro, onde os pilotos têm acesso a diversos comandos e mudanças de mapa do motor.
Basicamente o carro será avaliado em diferentes níveis de combustível, além dos pneus. Ao longo da sessão são realizados testes em ritmo de corrida e classificação, mas é difícil realizar um comparativo entre eles, afinal, cada time está realizando um tipo de verificação e nem sempre o cronograma trabalhado é o mesmo.
Os testes com os motores também são bem necessários de serem executados, ainda que a categoria esteja vivendo um período de congelamento dos motores. Adquirir quilometragem com o equipamento pode apontar as falhas de algumas peças e o nível de estresse que é necessário até a próxima troca. Isso será um ponto bem interessante neste ano, ainda mais com 24 provas pela frente – mesmo que a categoria tenha aumentado o limite de componentes do motor disponíveis para 2024.
Nos testes com o combustível, não é apenas avaliado o comportamento do carro em uma volta rápida, mas é necessário avaliar se as bombas de combustível são capazes de coletar todo o combustível do tanque durante uma volta de classificação em que o carro é liberado para a pista mais leve.
As equipes vão para o circuito para fazer uma verificação completa dos carros. Nestas saídas dos boxes eles vão verificar os componentes do carro e todas as alterações que foram realizadas no projeto. A atividade é usada principalmente para identificar a confiabilidade do equipamento, portanto a quilometragem é a parte mais importante destas sessões.
É na pré-temporada que as equipes esperam lidar com problemas e até mesmo perder algumas horas com os carros nos boxes, mas com apenas três dias de atividade, o ideal é que o equipamento esteja rodando o máximo possível. As atribulações na pré-temporada colaboram para a equipe trabalhar em soluções para o equipamento e projetar o desempenho do carro para algumas pistas do calendário.
Durante os testes os times conseguem identificar os pontos fortes e fracos do projeto, desta forma fica um pouco mais fácil de compreender em quais corridas o time poderá extrair mais do carro e buscar pontos e até pódios.
No primeiro ano do novo regulamento, os times identificaram o porpoising durante os testes. A McLaren por dois anos seguidos enfrentou problemas com os freios, que prejudicaram o início do campeonato.
Depois de todo o período rodando o carro no túnel de vento e CFD, eles precisam verificar se o que deu certo no simulador, realmente funciona na pista, este é um momento delicado para todos os times, foi exatamente na pista que a Mercedes descobriu que os dados de simulação não eram compatíveis e a equipe enfrentou vários problemas por dois anos.
O que o público deve ver durante a pré-temporada?
Primeiro de tudo o público pode se atentar em quantas voltas foram completadas por cada uma das equipes ao longo dos três dias de evento. Aqueles que conseguirem permanecer mais tempo com o carro em pista já tem uma certa vantagem, pois é um indicativo que cumpriram o cronograma e fizeram uma avaliação mais completa.
Os times que passarem por quebra ao longo da sessão, o mais interessante é verificar se eles vão conseguir retornar para a pista e qual foi o tempo perdido nos boxes. Isso pode afetar muito a coleta de dados e é um ponto que eles acabam comentando após o encerramento da pré-temporada.
Na pista: os carros serão enviados para o traçado com grades e tinta espalhada pela carenagem, tudo isso é usado para compreender a atuação do fluxo de ar nos carros e comparar os dados que foram obtidos por meio dos túneis de vento ou obtidos por meio da Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD), com os dados coletados na pista.
O aero rakes é uma grelha que pode ser montada e presa em diversas partes do carro. Nela, existem vários tubos presos em várias direções no carro que vão capitar o fluxo de ar naquela região. Esse mapeamento aerodinâmico é importante, pois é com ele que as equipes podem compreender erros que aconteceram durante a modelagem e evitar desperdiçar tempo na produção de peças ou em um conceito ruim que era avaliado na fábrica.
Vários sensores são usados nos carros para fazer o monitoramento, muitos que se quer são vistos pela TV, mas também são importantes para fazer verificações de temperatura e comportamento das peças.
Os times também vão trabalhar com o flow-vis, aquela tinta espeça que é espalhada em várias partes do carro. Ela também serve para identificar a passagem do ar pelas peças que estão sendo avaliadas. As equipes tomam o maior cuidado quando os carros estão voltando para os boxes, tentando evitar que outras equipes façam registro e suas peças se tornem alvo de estudo.
Uma camada desta tinta pode ser espalhada em diversas áreas do carro e conforme o competidor completar algumas voltas, eles conseguem compreender melhor o comportamento do fluxo de ar naquela peça ou em uma área maior do carro.
Ainda que ninguém saiba a posição do adversário em pista, existem fotógrafos espalhados pela pista tirando foto dos carros dos concorrentes. Essas fotos servem de material de estudo para as equipes e até pode dar uma ideia do trabalhar em seu modelo. Nas últimas duas temporadas várias equipes tomaram o maior cuidado quando os seus carros precisavam ser içados pelas gruas, para que ninguém gerasse imagens dos assoalhos – peça extremamente importante nos carros com efeito-solo.
Tempo de volta e quilometragem
Os tempos de volta são o que ‘menos importam’ durante a pré-temporada quando estão tentando realizar comparativos entre as equipes. O motivo é aquele já mencionado anteriormente, cada equipe está realizado uma avaliação em pista e elas podem ser iguais ou extremamente diferentes – porém essa parte não é revelada. Mesmo deixando os boxes com o mesmo tipo de pneus, os carros podem estar com diferentes cargas de combustível, peso adicional por conta de sensores ou operando o motor de formas distintas.
É claro que conforme a pista vai ganhando mais emborrachamento e a temperatura sofre alterações ao longo do dia, os tempos podem decair na tabela de tempos. No último dia de atividades, mais para o final da sessão é quando os pilotos costumam arriscar mais voltas rápidas pelo traçado.
A simulação de corrida dá uma base um pouco maior para aqueles que acompanham os testes de pré-temporada por fora. Desta forma não se assuste, é normal terminar o dia com várias voltas completadas no traçado, pois elas vão mostrar a confiabilidade dos carros e mostram que pelo time ter passado mais tempo no traçado, conseguiu avaliar mais elementos de sua lista de verificações.
🚨Nesta semana será realizado os testes de pré-temporada da Fórmula 1!
A atividade acontece entre os dias 21 a 23 de fevereiro no Bahrein. Na F1TV será possível acompanhar todos os detalhes.
Confira os horários!#F1noBP #F1 #Formula1 pic.twitter.com/NDswINLaWq
— BP • Boletim do Paddock (@diznoboletimque) February 19, 2024
