Durante a Assembleia Geral realizada em Ruanda, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) aprovou alterações significativas em seus estatutos, afetando diretamente o funcionamento dos comitês de ética e auditoria. Apesar de críticas de partes interessadas, as mudanças foram ratificadas pouco antes da tradicional cerimônia anual de premiação da entidade, marcando o encerramento dos trabalhos da temporada 2024.
Uma das principais modificações estabelece que questões éticas passarão a ser supervisionadas diretamente pelo presidente da FIA, atualmente Mohammed Ben Sulayem, e pelo presidente de seu senado.
As mudanças tiveram cerca de 75% de aprovação durante a Assembleia Geral.
Isso reduz o papel independente do senado, que anteriormente desempenhava uma função mais autônoma nesse processo. Além disso, o comitê de auditoria, responsável por investigações financeiras, agora só poderá atuar mediante autorização expressa do presidente do Senado.
As alterações geraram resistência. David Richards, presidente do Motorsport UK, manifestou preocupação à BBC: “Não é uma questão sobre quais mudanças podem ou não ser nas regras do senado, ou do comitê de ética. Este é um debate fundamental sobre como a governança deve funcionar dentro da FIA e a oportunidade para um debate aberto e adequado sobre esses assuntos.”
Em resposta às críticas, a FIA argumentou que as revisões visam proteger informações confidenciais e reforçar a governança interna. A entidade afirmou que a nova abordagem para o comitê de ética busca evitar vazamentos de informações e proteger tanto denunciantes quanto investigados.
As mudanças sinalizam uma tentativa da FIA de centralizar decisões em questões sensíveis, mas levantam preocupações sobre a transparência e a independência na administração da entidade que governa o automobilismo mundial.
No último ano, os comitês de ética e auditória fizeram investigações sobre o presidente da FIA, por conta de tentativas de interferência na Fórmula 1 em 2023. Uma delas aconteceu por conta do GP da Arábia Saudita, quando o presidente teria solicitado aos comissários para reverter a punição aplicada para Fernando Alonso. Meses depois, o presidente da FIA foi acusado de tentar inviabilizar a realização do GP de Las Vegas. Porém, as duas acusações foram rejeitadas.
Também é notado nos últimos meses que FIA tem ocorrido uma onda de demissões de funcionários, além de várias pessoas deixando os seus cargos.
O Boletim do Paddock é um projeto totalmente independente. É por isso que precisamos do seu apoio para continuar com as nossas publicações em todas as mídias que estamos presentes!
Conheça a nossa campanha de financiamento coletivo do Apoia.se, você pode começar a contribuir com apenas R$ 1, ajude o projeto. Faça a diferença para podermos manter as nossas publicações. Conheça também programa de membros no nosso canal do Youtube.