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Estratégia de duas paradas é a escolha mais popular durante o GP da Bélgica. Verstappen fatura mais uma vitória

Com o fim de semana marcado pela chuva, foi interessante ter um domingo de pista seca, para avaliar a situação dos pilotos de outra forma. A corrida seguiu o curso normal e tivemos sessões bem distintas ao longo do fim de semana na Bélgica

Neste fim de semana a Fórmula 1 esteve no circuito de Spa-Francorchamps na Bélgica para disputar a terceira prova Sprint da temporada 2023. A realização da prova marcou o encerramento da primeira parte do campeonato, com a categoria agora entrando de férias.

Mesmo com Charles Leclerc começando a corrida do domingo da pole, após punição de Max Verstappen, foi o holandês que terminou a corrida na ponta. A liderança do monegasco não durou muito tempo, Sergio Pérez teve a oportundiade de liderar a corrida por algumas voltas, mas no 17º giro, Verstappen se consolidou na ponta.

O fim de semana foi marcado pela chuva, desta forma, durante a sexta-feira o sábado, os pneus de chuva entraram em cena.

Durante as duas classificações que foram realizadas para definir o grid de largada, os pilotos enfretaram uma pista mais úmida no começo, mas com a sua evolução, arriscaram na utilização dos pneus de pista seca. O início da classificação Sprint Shootout foi, pensando em pegar um momento melhor da pista, semelhante ao que tinha acontecido na sexta-feira.

A regra para o sábado da utilização dos pneus médios (novos) no Q1 e Q2 foi mantida, além dos pneus macios (novos) para o Q3. Na ocasião a FIA não declarou a pista molhada, portanto, quem abandonasse os pneus de chuva, precisava obrigatóriamente cuprir a regra da Sprint Shootou.

Sábado

Com o atraso promovido por conta do início da Sprint Shootout, a corrida mudou de horário e isso impactou no começo da prova. Instantes antes do horário que ficou programada a largada, a chuva começou a cair em Spa, os pilotos que já estavam alinhados no grid, aguardaram o começo da prova. Os adiamentos começaram e a direção de prova esperou uma janela melhor para dar a largada.

A escolha de ter mudado o horário da corrida não foi bem vista por alguns pilotos, que reclamaram da direção de prova ter esperado um horário pior, que claramente a chuva era esperada para o traçado.

Nem mesmo a mudança de data da realização da corrida, colaborou para fugir da chuva. A prova que antes era disputada no final de agosto, marcando o retorno da Fórmula 1, foi movida para a última semana de julho. A alteração é parte da alteração voltada para a regionalização do calendário, mas fugir das chuvas em Spa é algo mais complicado, pois o traçado está localizado em uma região com florestas e também tem um micro clima.
Com a pista declarada molhada, os pilotos não tiveram outra alternativa e nos seus carros foram instalados os pneus de chuva extrema. A corrida começou realizando a volta de formação e mais alguns giros atrás do Safety Car, para espalhar um pouco a água, reduzir o spray e permitir a bandeira verde.

Quando a pista foi liberada, os pilotos já sentiam que os pneus de chuva extrema (faixa azul) não eram mais ideais para as condições que a pista apresentava. A largada lançada aconteceu quando restavam ainda 11 voltas para o final da prava. Rapidamente dez competidores se lançaram aos boxes para substituir os pneus de chuva extrema, pelos intermediários. Verstappen que era o líder seguiu em pista, completando uma volta de mais 7 km, antes de trocar os seus pneus.

Com a escolha, Oscar Piastri teve a chance de assumir a liderança da corrida. O piloto da McLaren administrou a ponta, tentando manter a diferença de cerca de 1s6 de distância para Verstappen. Por conta da pista escorregadia e traiçoeira, Fernando Alonso escapou do traçado e foi para a brita, trazendo outra vez o Safety Car para a pista.

O carro de segurança permaneceu na pista até o final da quinta volta. Piastri tentou registir a investida de Max Verstappen, mas o carro do piloto holandês era muito mais rápido e efetivo, mesmo sem o uso do DRS. Verstappen venceu a corrida Sprint, Piastri foi o segundo colocado e Pierre Gasly faturou a terceira posição.
Na Sprint o asfalto não secou o suficiente para a instalação de pneus slick, como a corrida foi realmente curta pela ação do Safety Car e algumas voltas foram debitadas, os times não viveram a agonia de traçar um momento para outra troca.

Os pneus de chuva extrema são bem mais lentos e esse foi um ponto de reclamação de George Russell, pois eles acabam atrapalhando a performance dos competidores.

Domingo

A chuva ficou reservada apenas para a sexta-feira e o sábado. No domingo algumas nuvens roderaram o autódromo, algumas gotas cairam ao longo da corrida, mas não foram suficientes para estimular algum piloto a usar os pneus intermediários e traçar uma estratégia arriscada, aguardando a chuva cair.

Que bom que ninguém teve essa ideia, pois ela seria completamente errada. No entanto, trabalhar com os pneus macios e médios foi a melhor opção durante o GP da Bélgica de 2023. A Pirelli mais uma vez levou a gama intermediária para esse circuito, tentando fornecer mais opções para os competidores, permitindo mais estratégias para as equipes.

Conjuntos de pneus disponíveis para a corrida no domingo – Foto: reprodução Pirelli

A pista não estava muito quente no momento que o GP da Bélgica foi iniciado e por conta da chuva que caiu ao longo do fim de semana, eles tinham uma boa quantidade de jogos de pneus disponíveis para a prova.
Max Verstappen começou a corrida da sexta posição, fez ultrapassagens importantes e após a primeira troca de pneus, não demorou para passar Sergio Pérez e assumir a liderança da prova de forma segura. O holandês venceu a corrida com mais de 22 segundos de diferença para o companheiro de equipe.

Ao longo da corrida, Verstappen recebeu algumas chamadas do seu engenheiro, relacionadas com o ritmo que o piloto estava aplicando na pista e o uso dos seus pneus. Max até tentou negociar mais uma parada, mas o engenheiro abortou a ideia. No final da corrida o holandês perdeu o ponto da volta mais rápida, pois Lewis Hamilton instalou um jogo de pneus médios novos e estabeleceu o melhor tempo da prova.

Performance de cada um dos pneus do GP da Bélgica – Foto: reprodução Pirelli

Um detalhe interessante, é que caiu um pouco de chuva com o desenrrolar da prova, perto do momento que os pilotos estavam realizando a segunda parada nos boxes, uma movimentação interessante foi instalar os pneus macios, que ofereciam mais aderência, enquanto aguardavam para ver se a situação de pista pioraria. Mas foram apenas algumas gostas que molharam parcialmente a pista e a corrida conseguiu ser conduzida normalmente.

C2 (pneus duros – faixa branca): foram usados apenas por Lando Norris em um stint curto. O desempenho do piloto da McLaren caiu muito depois da largada, Norris se tornou uma presa fácil para os adversários, usando tanto os pneus médios e compostos duros. O carro não tinha um configuração ideal para a pista, a asa traseira escolhida também não colaborou.

Talvez com a falsa sensação que os pneus duros de outras etapas performaram bem em seus carros, a McLaren optou por fazer o segundo stint usando esse composto. Não deu certo e com isso eles instalaram os pneus macios para encerrar a prova. Norris recuperou algumas posições, terminou a corrida no sétimo lugar, levando alguns pontos para a McLaren.

C3 (médios faixa amarela): sete pilotos escolheram os pneus médios para iniciar a corrida. Lando Norris parou muito cedo, substituindo os pneus médios pelos compostos duros. Mas outros pilotos permaneceram um pouco mais de tempo com esses compostos, antes de realizar a sua troca e partir para o ‘segundo uso obrigatório’.

A Alpine foi uma equipe que escolheu realizar a estratégia de apenas uma parada, diferente do que o restante do pelotão optou. Esteban Ocon permaneceu até a 25ª volta com os pneus médios. Pierre Gasly por sua vez fez a estratégia invesa a que foi adotada para o companheiro de equipe, suas chances de pontuar eram maiores, mas a troca de pneus não foi boa e Gasly não conseguiu se recuperar como era o esperado, o piloto faturou apenas a 11ª posição – ficando fora da zona de pontuação.

George Russell também trabalhou com a estratégia de apenas uma parada, esse foi o motivo para o piloto escolher os pneus médios para o começo da corrida. O britânico largou da oitava posição e terminou em sexto, mas realizou uma corrida de recuperação, pois ao final da primeira volta era o décimo primeiro colocado, prejudicado com o incidente entre Oscar Piastri e Carlos Sainz.

Os compostos de faixa amarela foram ideias para quem queria realizar uma corrida com duas paradas e para cumpir o uso obrigatório de dois tipos de pneus, os times tiveram que adicioná-lo à estratégia.

C4 (macio – faixa vermelha): foi o pneu que ofereceu uma performance mais ‘competitiva’ para os pilotos. A escolha de usá-lo no início da prova para contar com mais aderência foi uma boa escolha, assim como instalá-lo no final da corrida para buscar mais performance. Os times tiveram certa flexibilidade estratégia, optando por trabalhar com os pneus mais rápidos do fim de semana.

Em uma pista que os pilotos precisaram construir a aderência, por conta da chuva, bom, os pneus macios foram ideias para construir também essa camada mais aderente ao longo da prova.

Ainda sobre a corrida de Norris, quando o piloto da McLaren instalou os pneus macios, conseguiu recuperar algumas posições, além disso, também subiu no pelotão, já que outros competidores estavam realizando as suas trocas. O carro da McLaren nitidamente rendeu mais com o pneu C3 do fim de semana.

As estratégias dos quatro primeiros colocados foram bem semelhantes: stint com os pneus macios, médios e macios. Hamilton parou na volta 12, Leclerc respondeu na volta 13 e este também foi o momento que a Red Bull escolheu para chamar Pérez aos boxes, por ser o líder da prova. Verstappen fez a sua primeira troca de pneus na volta 14.

Estratégias de pneus trabalhadas ao longo do GP da Bélgica – Foto: reprodução Pirelli

A segunda rodada de trocas para os quatro primeiros colocados começou na volta 27, Hamilton desencadeou novamente a busca pelos boxes. O prudente para a Ferrari foi realizar a parada com Leclerc, evitando que o piloto da Ferrari tivesse seu pódio ameaçado. Foi uma corrida segura do monegasco, que infelizmente não tinha como brigar com a dupla da Red Bull e a prioridade foi focar na movimentação da Mercedes.

Carlos Sainz e Oscar Piastri se chocaram ainda no início da corrida. Sainz permanceceu mais tempo na pista, mas a corrida do espanhol estava comprometida e nem mesmo a manobra trabalhada pela McLaren com Norris, surtiria efeito no carro de Carlos. A Ferrari portanto encerrou a corrida de Sainz mais cedo. O espanhol não ficou na pista para ser usado pelo time, podendo prever uma movimentação para Leclerc se a chuva caísse.
A Fórmula 1 agora entra de férias, retornando apenas no final de agosto com o GP da Holanda.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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