Você pode até tentar, porém não há como separar a história da Fórmula 1 e da Scuderia Ferrari, uma vez que ambas começaram a traçar os ditames da indústria automobilística juntas, bem como, todo e qualquer fã de carro, de corrida ou simples de rua já sonhou, nem que seja por um lapso de tempo igual ou inferior ao arrepiar que um ronco de um motor Ferrari produz, em dirigir um carro da fábrica italiana, por isso que Enzo Ferrari deve ser sempre lembrado como um homem que moldou o tempo a sua forma.
| Dos Prolegômenos
Sempre fui fã do Rubens Barrichello, me recordo quando ele assinou com a Ferrari, na época já se sabia o futuro difícil que ele teria na equipe, contudo passei a esperar mais ainda pela primeira vitória dele na Fórmula 1 e quando ela veio, que momento! Momento este muito bem narrado pelo Carlos Eduardo Valesi no post sobre a primeira vitória de Rubens Barrichello na Fórmula 1.
Com a vitória de Barrichello na Ferrari meu coração ficou dividido entre a McLaren e a Ferrari, porém entendo que seja a minha descendência italiana, somada ao fato de ser palmeirense que me fez sentir atraído ao lado vermelho corsa da Fórmula 1.
| O Comendador
Enzo Anselmo Ferrari, nasceu em 18 de fevereiro de 1898, filho de fabricante de peças para as ferrovias italianas, aos dez anos assistiu a sua primeira corrida, no Circuito de Bologna, o que lhe inspirou a ter três sonhos, ser tenor, jornalista esportivo ou piloto de corrida.
Serviu na primeira guerra, época que perdeu o pai e o irmão mais velho, voltando para casa após a guerra, doente e dispensado do serviço militar, Enzo descobria que a família estava falida. Buscou trabalho na FIAT, porém foi dispensado e só sendo aceito como mecânico em 1919 na Construzione Meccaniche Internazionali – CNM, atuando como piloto, porém sem obter muito sucesso, no ano seguinte, começou a correr pela Alfa Romeo e vencendo a prova da Coppa Acerbo, em Pescara.
Em 1929, nasce a primeira versão do que iriamos conhecer da Scuderia Ferrari, incialmente como uma equipe de aluguel equipada com carros da Alfa Romeo, a parceria durou até 1938, quando a Alfa Romeo decide realizar uma fusão das equipes subsidiárias em uma só equipe Alfa Romeo, Enzo não aceita e rompe com a Alfa Romeo, contudo, por motivos contratuais Enzo não poderia disputar qualquer competição e utilizar o nome Ferrari por quatro anos, no entanto em 1940, Enzo produz o carro de competição pela Auto Avio, o modelo Tipo 815, primeiro projeto assinado por Enzo e usado em algumas corridas, mas eram tempos difíceis devido a Segunda Guerra Mundial e as fábricas da Ferrari e da Alfa Romeo eram usadas nos esforços de guerra.
O logotipo da empresa é um escudo de fundo amarelo com a bandeira da Itália e um cavalo preto, o “Cavallino Rampante”, utilizado no avião de caça de Francesco Baracca durante a I Guerra Mundial, simbolizando o “cavalheirismo esportivo, e ousadia”.
A equipe e a fábrica eram sediadas em Modena, mas em razão dos bombardeios na II Guerra Mundial forma transferidas em 1943 para Maranello onde permanecem até hoje, isso não impediu que a fábrica fosse destruída por bombardeios em 1944, contudo foi reconstruída em 1946, incluindo um setor para a produção de carros de rua.
Em 1950 os ingleses criam a Fórmula 1, pois até ali os Grande Prêmios eram disputados por todo o planeta, mas não eram centralizados em um só campeonato, assim o esporte a motor passa a ter um Campeonato Mundial de Automobilismo em 1950, que hoje é conhecido como Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA.
A Scuderia Ferrari passa a participar já na segunda das sete provas daquele ano, no tradicional GP de Mônaco, já conquistando o segundo lugar por aquele com Alberto Ascari e desde então deu-se início a uma tradição e a uma marca tão fortes quanto a própria categoria como afirmou certa vez o então presidente da FIA, Max Mosley:
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Se a Ferrari não disputasse mais o campeonato, não haveria mais Fórmula 1
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Uma tragédia familiar viria a mudar completamente seu o estilo de vida do Comendador, pois seu filho Alfredino Ferrari viria a falecer em 1956, aos 26 anos, por distrofia muscular progressiva, com a morte de “Dino” deixou marcas profundas em Enzo que muito amargo e recluso, fazendo com que ele nunca mais pisasse em um autódromo em dias de corrida e passasse a usar óculos escuros.
Enzo Ferrari fundou a Ferrari essencialmente para se dedicar ao automobilismo, até então não pensava em produzir carros de rua, porém, a marca acabou virando ícone maior entre os carros de luxo, pois o cavalo rampante simboliza velocidade, luxo, riqueza e ostentação.
Na década de 60 a Ferrari era uma forte equipe também nas corridas com protótipos, com destaques a várias vitórias nas 24hs de Le Mans, porém se viu ameaça pela chegada da Ford e com o seu GT 40, diante da impossibilidade de competir com contra uma fabricante tão poderosa como o Ford, em 1969 a FIAT começou a comprar ativos da companhia, decisão que elevou a qualidade dos carros da Scuderia e também a sua competitividade, sendo que a FIAT é até hoje sua acionista majoritária, assim como da Alfa Romeo e da Maserati.
Em 1987, em comemoração aos 40 anos da fábrica é lançado o mítico modelo F40, último carro projetado por Enzo.
Enzo Ferrari faleceu em 14 de agosto de 1988, em um no que a Ferrari fazia um péssimo mundial de Fórmula 1, pois a temporada de 1988 estava sendo totalmente dominada pela McLaren da dupla Alain Prost e Ayrton Senna, que venceram até então todas as corridas, sua morte ocorreu antes do GP da Bélgica, mas na corrida seguinte, no GP da Itália em Monza a equipe conseguiu uma dobradinha com Gerhard Berger e Michele Alboreto, Alboreto que foi o último piloto contrato pelo Comendador, levando o autódromo de Monza ao choro e delírio.
Em homenagem aos feitos de Enzo, no mesmo ano, o autódromo italiano de Imola, onde era disputado o Grande Prêmio de San Marino, passou a se chamar Autódromo Enzo i Dino Ferrari.
Sobre a história completa de Enzo Ferrari e da Scuderia Ferrari eu recomendo os especiais do Podcast F1 Brasil sobre a história da Scuderia Ferrari.
| Fora das Pistas
René Goscinny, nasceu em 14 de agosto de 1926 em Paris, foi um dos expoentes dos quadrinhos como forma de entretenimento com um fundo de discussão política e social, porém uma das suas obras mais conhecidas é do Asterix que retrata as aventuras dos povos gauleses, porém, como não relembrar de uma breve passagem de dos maiores pilotos que já conduziu os carros do Comendador em um do filmes do Asterix.
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