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Vitória fácil de Vettel no ano da Brawn

Série 365: 04 de Outubro – Vitória fácil de Vettel no ano da Brawn - 02ª Temporada: dia 136 de 365 dias. Por: Carlos Eduardo Valesi

Em 04 de outubro de 2009 a Fórmula 1 voltava a correr em Suzuka, após um breve hiato – as provas de 07 e 08 foram disputadas em Fuji. Alguns dos pilotos das principais equipes não tinham corrido lá (Vettel e Hamilton inclusive), e talvez este seja um dos fatores que provocou uma sexta e um sábado animados em terras nipônicas.

A Brawn GP, com seu início de ano avassalador, chegava com Jenson Button 15 pontos à frente de Barrichello no campeonato de pilotos, com 30 ainda a ser disputados. Vettel estava matematicamente na briga, porém os 25 pontos que o separavam do inglês eram um oceano de distância para o primeiro título mundial. No campeonato de equipes, bastava à estreante manter a dianteira para ser declarada campeã.

Os treinos livres de sexta-feira aconteceram debaixo daqueles torós que acometem a ilha das libélulas e das cerejeiras. Timo Glock, que havia chegado em segundo na prova anterior, estava com febre e como sua Toyota não tinha cobertura sua mãe e os médicos da Fórmula 1 não o deixaram correr, porque senão ele poderia pegar um resfriado. Em seu lugar colocaram um local que disputava a GP2 chamado Kamui Kobayashi. Pena que ele não deu sorte, porque a chuva foi só piorando com o passar do dia e o tempo de pista foi mínimo, não sendo possível fazer voltas minimamente decentes.

Toyota correndo em casa.
Fonte: The Guardian

Com isso, ao abrir aquele solão no sábado, a galera correu para o asfalto com bastante sede ao pote. Bastante mesmo. Ainda no FP3 Button e Alguersuari se encontraram, com o líder tendo que trocar o bico do carro. Pior foi para a Mark Webber queixo-quadrado, que teve que trocar o carro inteiro após uma pancada na Degner – seu chassi ficou tão destruído que ele não conseguiu nem participar do classificatório, tendo que se consolar com uma largada dos boxes.

O qualifying também teve suas batidas: no Q2 Alguersuari amassou novamente a lataria da Toro Rosso, sem muita gravidade, mas Timo Glock virou passageiro na última curva e bateu forte, causando bandeira vermelha no Q2. Enquanto os médicos levavam o alemão para o hospital para exames, Buemi deixava pedaços de carro na Spoon e se arrastava de volta aos boxes. As Brawns passaram para o Q3 no limite, mas iriam sofrer as conseqüências. Ao final da sessão, enquanto Vettel, Trulli e Hamilton comemoravam as três primeiras posições do grid nos boxes, Glock era informado que a contusão na perna direita o deixaria fora da prova, no hospital, e uma turma – Button, Barrichello, Heidfeld, Kubica, Alonso e Sutil – ganhavam um esporro e punições de posição de largada por terem acelerado durante bandeiras amarelas, segundo os comissários.

Hamilton até tentou, mas a curva era para a direita.
Fonte: The Guardian

Com toda essa agitação antes das luzes se apagarem, o GP no domingo teve menos adrenalina circulante. Na largada, Hamilton até tentou fazer um movimento para cima de Vettel, mas este manteve o lado de dentro da curva e Lewis teve que se contentar em tomar apenas a segunda posição de Trulli. Lá atrás Button, que largava em décimo, perdia dois lugares e Barrichello fazia um começo burocrático mantendo sua sexta posição. Mark Webber foi um show à parte: largou dos boxes e após cinco voltas já tinha parado três vezes, para arrumar o encosto de cabeça que estava caindo, trocar pneus, colocar mais dois golinhos de gasolina e comprar uma barrinha de cereal na lojinha de conveniência.

Poucas ultrapassagens aconteceram: Vettel flanou alegremente de cara para o vento sem ser incomodado, Trulli ganhou de volta sua posição em um overcut fabricado com voltas matadoras e um bom trabalho de equipe nos boxes e Button provou ter mais sorte do que braço ao aproveitar um toque entre Sutil e Kovalainen para ultrapassar ambos sem esforço. Alguersuari conseguiu pedir música no Fantástico ao bater pela terceira vez no final de semana, durante a volta 50, o que provocou um safety car que, se juntou a fila, não provocou emoções nas voltas finais. Vettel, com pole e liderando todas as passagens venceu a corrida e só não levou também o Grand Chelem porque Webber, duas voltas atrás, fez a melhor volta no finzinho. Rubinho teve que se contentar com um sétimo lugar (o SC beneficiou Rosberg, que não precisou parar e terminou à frente do brasileiro), e tirou um pontinho de Button, que ficou em oitavo, na rabeira dos pontuadores. A Brawn GP não saiu da Terra do Sol Nascente com o caneco porque ficou 35,5 pontos à frente da Red Bull, com 36 possíveis, e deixou para comemorar no Brasil. As posições no pódio foram as da largada, com Vettel vencendo pela quarta vez na sua carreira e diminuindo a distância no campeonato para 16 pontos, 02 atrás do vice-líder e ainda com esperanças; Hamilton em terceiro sem muito brilho e Trulli repetindo a segunda colocação da Toyota na corrida anterior. Esta foi a última vez que tanto o piloto quanto a equipe japonesa frequentaram os degraus do champanhe.

Alguersuari gastou fibra de carbono. Fonte: Google
Button aproveitando a confusão. Fonte: Racefans.com

lll FORA DAS PISTAS

O famoso Expresso Oriente, que já foi palco de uma famosa aventura de Monsier Hercule Poirot, fez sua viagem inaugural em 04 de outubro de 1883. Esta parece ser uma data propícia para viagens longas, pois em 1957 o Sputnik tornou-se o primeiro satélite artificial a orbitar o planeta. Nasceram nesta data a mãe do vampiro Lestat, Anne Rice, o ator Liev Schreiber, que já foi o Dentes de Sabre mas fez mais estrago como Ray Donovan, Buster Keaton, o pai da comédia cinematográfica e Assis Chateaubriant, jornalista, empresário, mecenas, político e nome de molho de filé.

E o epílogo musical fica por conta de Chris Lowe, tecladista e vocalista dos Pet Shop Boys, deixando vocês com uma super vibe anos 80 nesta quinta-feira.

lll A Série 365 Dias Mais Importantes do Automobilismo, recordaremos corridas inesquecíveis, títulos emocionantes, acidentes trágicos, recordes e feitos inéditos através dos 365 dias mais importantes do automobilismo.

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Carlos Eduardo Valesi

Velho demais para ter a pretensão de ser levado a sério, Valesi segue a Fórmula 1 desde 1987, mas sabe que isso não significa p* nenhuma pois desde meados da década de 90 vê as corridas acompanhado pelo seu amigo Jack Daniels. Ferrarista fanático, jura (embora não acredite) que isto não influencia na sua opinião de que Schumacher foi o melhor de todos, o que obviamente já o colocou em confusão. Encontrado facilmente no Setor A de Interlagos e na sua conta no Tweeter @cevalesi, mas não vai aceitar sua solicitação nas outras redes sociais porque também não é assim tão fácil. Paga no máximo 40 mangos numa foto do Button cometendo um crime.

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