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Verstappen vence, mas é performance da McLaren que surpreende no GP da Inglaterra

Neste fim de semana, trabalhando com a estratégia de apenas uma parada, Verstappen, Norris e Hamilton vão ao pódio na Inglaterra

O GP da Inglaterra foi marco por mais uma vitória de Max Verstappen, mas o piloto holandês precisou lidar com Lando Norris da McLaren.

Antes de comentar um pouco sobre as estratégias e os pneus usados nessa corrida, a Pirelli realizou uma mudança nessa prova, que vale a partir da corrida de Silverstone. A fornecedora de compostos precisou antecipar uma mudança estrutural nos compostos, a mudança não ocorre apenas nos pneus duros, mas em todos os pneus de pista seca que são usados pela categoria.

Essa mudança é interna e estrutural, para garantir que os pneus vão resistir à todas as cargas que eles enfrentam. Os carros da Fórmula 1 avançaram muito desde a pré-temporada realizada no Bahrein. A mudança que estava prevista para 2024, precisou ser implementada agora. A alteração não muda a borracha e a composição usada para formar cada um dos pneus da gama, desta forma a performance/desgaste é a mesma, como explicado pela Pirelli.

Verstappen venceu a prova com pouco mais de 3 segundos de diferença para Lando Norris, embora o desempenho da Red Bull ainda seja muito superior, o trabalho realizado pela McLaren em Silverstone surpreendeu até mesmo piloto holandês.

Na largada, Verstappen, Norris e Oscar Piastri estavam com os pneus médios instalados. O piloto inglês da McLaren tracionou melhor e conseguiu roubar a ponta de Verstappen. Norris se manteve por quatro voltas na ponta, tentando administrar uma certa distância para o rival, mas quando o DRS foi liberado, o dispositivo que é muito eficiente no carro da Red Bull, colaborou para a ultrapassagem quase sem esforços de Verstappen.

Estratégias trabalhadas durante o GP da Inglaterra – Foto: reprodução Pirelli

Nas próximas voltas o que vimos foi Lando Norris tentando se manter próximo de Verstappen, andando abaixo de um segundo para ativar o DRS. Conforme as voltas foram avançando, a distância ampliou, mas o embate com a Red Bull era um pouco mais complicado. Pelo tempo que Oscar Piastri ficou atrás de Norris, a McLaren informou que o australiano não atacaria Norris, mas era para os dois andarem juntos, com o inglês carregando o companheiro de equipe.

Piastri perdeu a chance de estar no pódio com Norris, pois a McLaren realizou a troca de pneus na volta 30, antes do período de Safety Car. A prova precisou ser neutralizada quando Kevin Magnussen abandonou a corrida na volta 33. Os pilotos que não tinham parado, aproveitaram esse momento para trocar os pneus e perder menos tempo nos boxes. Por muito pouco Piastri foi superado por Lewis Hamilton.

Instantes antes da prova ser reestabelecida, existia uma dúvida sobre a escolha da McLaren, o time tinha completado 33 voltas com Norris usando os pneus médios, era possível arriscar os pneus macios com os carros mais leves. No entanto, a McLaren instalou pneus duros em Norris. Porém, mesmo com a diferença de desempenho dos compostos na relargada, o inglês apresentou um bom ritmo e impediu todas as investidas de Hamilton para a ultrapassagem, conseguindo manter o segundo lugar.

Piastri até tentou se manter próximo do inglês, mas não conseguiu uma ultrapassagem, dessa forma teve que se contentar com um 4º lugar. A dupla da McLaren nessas condições de pista mais fria, traçado, além das atualizações que foram implementadas no carro, surpreenderam em ritmo e desempenho. Ao final da prova, tanto Lewis Hamilton, como Max Verstappen ressaltaram a performance da McLaren com os pneus duros.

Tivemos mais um erro estratégico da Ferrari nesse fim de semana, por mais que o time acerte algumas poucas vezes, a capacidade de cometer erros é muito maior. A equipe italiana entregou a quarta posição para George Russell de bandeja, quando antecipou a parada de Leclerc, substituindo os pneus médios na volta 18, por compostos duros. O monegasco retornou no tráfego, enquanto Russell teve pista livre. O piloto da Mercedes começou a corrida de pneus macios usados (cozidos e melhor preparados) que fizeram o competidor resistir por 28 voltas na pista.

Os gráficos ao longo da transmissão mostravam que a parada de Russell, devolveria o piloto à frente de Leclerc. Outro erro da equipe foi manter Carlos Sainz com os pneus duros para o final da prova, quando o espanhol deveria ter parado durante o Safety Car para trocar os compostos por pneus macio, assim como outros pilotos que estavam perto dele fizeram.

A decisão ficou com a Ferrari e eles não trocaram os compostos, Sainz perdeu posições para Pérez, Albon e Leclerc em uma ultrapassagem tripla realizada pelos competidores. Leclerc ficou com a nona posição, já que não conseguiu ultrapassar Albon, enquanto Sainz foi o décimo colocado, depois de resistir as investidas de Lance Stroll.

Os pneus da rodada

A melhor volta com cada um dos pneus disponíveis no fim de semana – Foto: reprodução Pirelli

A corrida sendo realizada com uma parada era a previsão principal da Pirelli, no entanto, a prova na Inglaterra pode oferecer algumas variáveis, principalmente pela forma como cada um dos times consegue lidar com os pneus.

Ao longo do fim de semana a chuva apareceu no circuito, limpando a pista e tirando o emborrachamento que estava sendo construído na sexta-feira. Durante o primeiro dia de atividades, os pilotos reclamaram bastante da baixa aderência, principalmente quando estavam com os pneus médios ou duros instalados nos carros.

Na manhã de domingo a pista estava úmida, mas no momento que a Fórmula 1 entrou na pista, o asfalto estava apenas frio. A chuva era uma preocupação, por conta do céu carregado. Embora alguns pilotos tenham relatado uma espécie de chuvisco em alguns pontos da pista, ninguém usou os compostos intermediários na corrida.

O composto mais utilizado durante o GP da Inglaterra foi o C2, que completou 485 voltas (somando o conjunto de voltas de todos os pilotos), 50% do total realizado. O C3 foi o segundo (337 voltas, 34,74%), seguido do C1 (148 giros, 15,26%).

Todos os pneus disponíveis para esse fim de semana entraram em cena. A estratégia de apenas uma parada foi a mais trabalhada ao longo da corrida.

Pneus escolhidos para a largada – Foto: reprodução Pirelli

C3 (faixa vermelha – macios): foi usado por quatro pilotos na largada. Russell estendeu a sua parada até a volta 28, enquanto Nyck De Vries aguardou até o giro 27 para substituir os pneus macios novos, por pneus médios.

Embora uma degradação acentuada fosse esperada para o domingo, os pilotos conseguiram gerir os compostos bem em pista fria, fazendo a durabilidade estender além do que era esperado. Russell e De Vries praticamente trabalharam com os pneus macios, na janela de operação que era esperada aos pneus médios.

Para o final da corrida esse composto ganhou ainda mais espaço, praticamente com uma Sprint após a saída do Safety Car, os pneus de faixa vermelha eram indicados para os carros que já estavam mais leves. Norris não gostou muito de trabalhar com os pneus duros no final da corrida, contra competidores que estavam com os pneus macios, mas a McLaren achou mais prudente oferecer ao piloto um pneu com mais resistência e durabilidade.

Observando o que Russell fez no início da corrida com os pneus macios, eles dariam conta no final da corrida. No entanto, mesmo para Hamilton que duelou com Norris na relargada pós-Safety Car, seus compostos não resistiram para superar o piloto da McLaren.

Três pilotos optaram pelo pneu macio para o final da corrida, embora Pierre Gasly não tenha concluído a corrida por conta de problemas.

C2 (faixa amarela – médio): foi a escolha mais popular entre os competidores para a largada, catorze dos 20 pilotos optaram pelos pneus médios para o começo da prova. Acreditando que seria possível trabalhar com a estratégia de apenas uma parada, os pneus médios em teoria deveriam apresentar mais durabilidade que os pneus macios.

Para uma pista fria como a enfrentada no início da prova, os competidores também contariam com um pneu que fornece mais aderência. Norris usava os pneus médios quando tracionou melhor na largada e conseguiu liderar a prova por quatro voltas.

Para o final da corrida, apenas Russell e Leclerc contavam com os pneus médios. No caso do britânico, foi a melhor opção depois de usar os pneus macios no começo da prova. Eles também demonstravam ser compostos mais rápidos, que ofereceriam uma performance melhor no final da corrida, no entanto, Russell não conseguiu superar Piastri (de pneus duros). Leclerc ganhou a posição de Sainz, mas não superou Alexander Albon.

A Ferrari optou por trabalhar com uma estratégia de duas paradas para Leclerc, mas não fez o mesmo com Carlos Sainz. O monegasco tinha realizado a sua parada muito cedo, quando comparado com outros competidores, inclusive com Russell. Sainz não teve a oportunidade de trabalhar com outro tipo de pneu no final da corrida – tinha disponível apenas um jogo de pneus médios para a prova (usado no começo da corrida) e quatro pneus macios (usados) para a corrida.

C1 (faixa branca – duro): o pneu mais duro desse fim de semana foi trabalhado em algumas estratégias, mas não foi a escolha lógica para muitos. Valtteri Bottas e Nico Hülkenberg apostaram nesse composto para a largada, o finlandês permaneceu na pita até a volta 32, enquanto Hülkenberg realizou a sua troca de pneus na volta 7, para instalar os médios e depois fazer um stint de macios.

Os pneus duros performaram muito bem no carro da McLaren, o time tentou observar o que estava acontecendo com as outras equipes e qual era a reação ao usar os pneus duros. Julgaram que a performance era melhor que a oferecida com os pneus macios. Funcionou para Norris e ele pode manter a segunda posição. O resultado da McLaren, junto com o abandono de Pierre Gasly e Esteban Ocon da Alpine, fazem a McLaren recuperar a 5ª posição no Mundial de Construtores.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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