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Testes no Bahrein fornecem o primeiro vislumbre do nível de competitividade da temporada 2023

A pré-temporada destacou alguns lados positivos das equipes, além da crença que o pelotão estará mais próximo neste ano

A pré-temporada foi encerrada após três dias de testes intensos no Circuito do Sakhir, com pouco tempo de intervalo os pilotos já vão retornar para a pista nesta sexta-feira para que o GP do Bahrein seja disputado.

O Campeonato será extremamente longo, 23 corridas foram confirmadas para a temporada atual e com um calendário tão extenso, os testes foram enxugados.

Após as primeiras avaliações, a Red Bull é a favorita, o time austríaco realizou um teste impecável, adquiriu boa quilometragem e fizeram várias verificações. Mesmo a punição recebida no ano passado por ultrapassar o teto de gastos parece que não intimidou a Red Bull. Porém, é importante dizer que na temporada passada a equipe conseguiu avançar no projeto e criou um carro excelente. Não eram afetados pelo porpoising, a confiabilidade foi uma questão apenas na primeira prova do ano, desta forma faturaram o título de Construtores e o de pilotos.

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Levando em consideração que os carros de 2023, são uma evolução dos equipamentos do ano passado, o RB19 é bem nascido, possibilitando que a Red Bull chegue à frente dos seus adversários para a primeira disputa do Campeonato. À medida que a equipe foi completando voltas para a avaliação do carro, realizavam testes aerodinâmicos e avaliavam os compostos, a confiança apenas aumentou.

Porém, a Red Bull costuma ter um salto de desenvolvimento da metade da temporada para a frente, talvez a equipe não possa fazer isso neste ano, pois precisará poupar recursos para o equipamento de 2024, afinal, está limitada parcialmente, por conta da redução na utilização do túnel de vento. Se não estiver segura na liderança, a equipe pode enfrentar um desafio maior.

Ferrari e Mercedes buscam participar da disputa do Campeonato

A Ferrari começou muito bem a temporada 2022, ainda nos testes de pré-temporada o time italiano era dado como favorito para vencer o Campeonato, mas todos os problemas de confiabilidade que enfrentaram ao longo do ano comprometeram o resultado do time italiano.

A pré-temporada de 2023 deu um tom de confiança para a Ferrari, mesmo em um período mais curto de testes, Ferrari, Alfa Romeo e Haas não apresentaram problemas relacionados ao motor e parecem mais preparadas para brigar neste ano. Se a Ferrari conseguir utilizar o seu motor sem precisar recorrer a redução da potência, o time tem chances de ser competitivo.

A Ferrari realizou algumas mudanças significativas, principalmente na confiabilidade da unidade de potência, a equipe conta com um novo chefe de equipe e também recorreu à uma troca no time de estratégia, para buscar melhores resultados. Ravin Jain foi transferido para cuidar da parte de estratégia, enquanto Iñaki Rueda foi enviado para trabalhar na fábrica.

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Acredita-se que o SF-23 da Ferrari ainda conta com o problema de saída de frente, algo que acelera o desgaste dos pneus e é prejudicial para o desempenho de corrida. Se o problema do ano passado se repetir neste modelo, a Ferrari pode ser prejudicada em algumas disputas, desta forma a estratégia não poderá falhar.

A Mercedes também roubou a atenção nos testes de pré-temporada, mostrando um bom desempenho e mais confiança para lidar com o novo carro. O time não acredita que inicialmente brigará por vitórias, mas pode ser mais competitiva em 2023.

O time alemão tem pela frente um grande desafio, eles insistiram no design diferenciado para o W14, mas agora contam com uma bagagem de análises e dados que foram coletados no ano passado, além de todo o trabalho de aperfeiçoamento do time de engenharia. A Mercedes pode insistir um pouco mais nesse conceito e tentar se destacar com o trabalho que foi realizado até aqui. Mesmo com um carro com uma série de problemas em 2023, a Mercedes obteve vários pódios e venceu o GP de São Paulo com George Russell, depois de ter ensaio outras vitórias.

Ao longo dos testes de pré-temporada, George Russell e Lewis Hamilton se dedicaram em mais uma porção de verificações. Hamilton foi visto algumas vezes escapando de pista, principalmente em momentos que a pista estava mais quente. A falta de aderência chamou a atenção, talvez a equipe tenha alguns problemas com temperaturas altas da pista, ou só estivesse avaliando configurações mais agressivas com Hamilton no comando do W14.

Pelotão mais próximo?

A Fórmula 1 queria uma proximidade maior das equipes, as mudanças para carros com efeito solo e a introdução dos novos regulamentos foi bem positiva, mas a categoria quer um grid ainda mais competitivo.

Os testes de pré-temporada não cravam a hierarquia em pista, mas podemos esperar mudanças para 2023. Em desempenho, as equipes do meio do grid podem estar mais próximas. A aposta é um crescimento da Aston Martin que poderia comandar esse pelotão intermediário. Se a equipe britânica parecia perdida em 2022, agora eles chegam com um pouco mais de segurança. O estilo exibicionista de Fernando Alonso, fez com que os adversários afirmassem o salto da Aston Martin, principalmente pelos dados de simulação de corrida e classificação. Muitos acreditam que o AMR23 terá potencial para incomodar a Mercedes.

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É claro que na pré-temporada as equipes estão trabalhando com diferentes cargas de combustível e pneus e contam com programas específicos para avaliar cada um dos carros. A Aston Martin pode ter deixado uma boa impressão, mas seria bem interessante se Fernando Alonso tivesse enxergado um potencial na Aston Martin que ninguém viu e chegasse em 2023 com um carro competitivo. Já vimos em diversos momentos o que Alonso pode fazer se tiver um equipamento um pouco melhor, o espanhol também sabe deixar o carro largo, algo que conta muita para garantir pontos quando se está no pelotão intermediário.

Os testes também mostraram que a McLaren enfrentou novos problemas com os defletores que ficam posicionados nas rodas dianteiras. O time viveu quase que o mesmo drama dos testes de pré-temporada no Bahrein. Embora o número de voltas não seja tão ruim, a McLaren foi a que menos completou giros na pista. Comprometeu parte do seu programa e aparentemente, não concluiu todo o seu cronograma.

Atualmente a equipe conta com dois bons pilotos, Lando Norris já mostrou por diversas vezes o que consegue fazer com o carro da McLaren, mesmo que o equipamento seja problemático. A equipe acredita no potencial de adaptação de Oscar Piastri depois do piloto ser um fenômeno na base, mas seria mais interessante se o piloto australiano tivesse completado mais voltas com a McLaren, principalmente depois de ter ficado um ano parado, por conta da Alpine.

Alfa Romeo e Haas podem ter uma atuação um pouco melhor, principalmente se não lidarem com problemas de confiabilidade. Os times também precisam que os treinos livres ao longo do ano funcionem, sem perder muito tempo nos boxes resolvendo problemas dos carros. A Haas conta com uma dupla de pilotos experientes, enquanto Valtteri Bottas comanda o projeto da Alfa Romeo e Zhou Guanyu tem mais um ano para mostrar as suas habilidades na equipe suíça. A Alfa vive um período de transição, mas gostaria de se manter competitiva até a chegada da Audi, o desempenho nos testes indica que a equipe pode ser mais competitiva neste ano.

A AlphaTauri foi a equipe que mais completou voltas, dando uma boa oportunidade para Yuki Tsunoda e Nyck De Vries experimentassem o carro. O time busca sair do final do pelotão, principalmente após um resultado ruim em 2022. Tsunoda certamente está pressionado, pois precisa entregar desempenho em um ano que a equipe espera mais dele, afinal, não contam mais com Pierre Gasly e ele será o piloto mais experiente da equipe. Por outro lado, De Vries realizou bons testes de pré-temporada e pode fazer algumas provas à frente do novo companheiro de equipe.

Ainda vimos Alpine e Williams, a primeira equipe aparenta ser a segunda decepção dos testes depois da McLaren, enquanto foi possível ver na Williams alguns indicativos de uma temporada melhor. Alguns jornalistas e comentaristas acreditam que a Alpine não se manterá entre os cinco primeiros colocados, pois o seu desempenho não foi satisfatório diante daquilo que a equipe resolveu mostrar na pré-temporada. Pierre Gasly e Esteban Ocon estiveram um pouco apagados tanto em quilometragem, como nos tempos, o A523 se mostrou por diversos momentos instável na pista e até mesmo era difícil para ser controlado.

A Williams luta para descolar do final do pelotão e diferente da Alpine, fez boas voltas em simulação de corrida e avaliou os pneus macios em várias oportunidades.

Apenas a primeira classificação do ano dará uma direção de como a temporada vai se desenvolver, porém, a aposta é que com o grid mais próximo, as disputas se intensifiquem e com isso aconteça até mesmo uma oscilação de forças.

 

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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