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Sem participar do bolo: F1 e FIA inventam proposta para a adição de novas equipes do grid

Como divulgado pelo RacingNews365, F1 e FIA podem adicionar mais equipes no grid, mas pelos primeiros três anos de competição, não serão considerados construtores, desta forma o dinheiro das outras equipes fica preservado

Enquanto o Congresso dos Estados Unidos cobra explicações sobre os motivos para a Andretti não ser aceita no grid da Fórmula 1, a categoria pensa em uma alternativa para viabilizar o processo de entrada, sem mexer no prêmio que as equipes atuais recebem.

Mesmo com a Andretti sendo aprovada pela FIA e cumprindo todos os requisitos, a F1 encontrou meios para bloquear a candidatura do time norte-americano. Muito se fala sobre preservar as contas saudáveis das 10 equipes que atualmente estão no grid, além faz equipes não acharem justo repartir o valor que recebem ao final do campeonato depois de já ter investido muito na categoria.

Hoje a competição deixa claro que não quer aventureiros, mas mesmo que um time consiga provar que resiste ao tranco de estar na Fórmula 1, é preciso mostrar seu verdadeiro valor para a categoria, confirmar se consegue ser competitiva desde o começo, entre outros requisitos.

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No entanto, como publicado pelo site RacingNews365, estão discutindo uma possibilidade de deixar mais alguns times comporem o grid e formar uma competição com 26 carros, no entanto, estes participantes basicamente seriam “café com leite” no grid.

A ideia vem de Tim Milne e Lewis Butler que trabalharam na F1 por muitos anos e em diversas equipes antes de seguir para a parte de consultoria do automobilismo. Milne esteve envolvido nas propostas realizadas pela Hitech e LKYSUNZ para ingressar ao grid, mas foram recusadas pela FIA.

A proposta

A Fórmula 1 e a FIA receberam um documento, apresentando uma proposta onde três novas equipes fizessem parte do grid da F1, mas não embarcariam na competição como construtores. A proposta ocorre como uma solução alternativa visando o novo Pacto de Concórdia.

Foto: reprodução Red Bull
  • O time precisaria operar a sua sede em regiões atualmente não representadas por uma equipe de F1, como Américas, Ásia, África/Oceania.
  • Por não ser considerada uma construtora, o time não acumularia pontos no mundial, nem seria elegível ao prêmio em dinheiro oferecido no final do ano;
  • Precisariam participar de no mínimo oito provas em circuitos onde é possível abrigar 26 carros;
  • Competir em um mínimo de 6 corridas adicionais para promover especificamente o desenvolvimento em seu mercado doméstico;
  • Tecnicamente, cada equipe utilizaria um conjunto aprovado de peças de engenharia em diversas áreas-chave, com o chassi fornecido por um único fornecedor;
  • As equipes teriam acesso ao paddock em todas as provas, para aumentar a sua capacidade de impulsionar sua receita, contratar funcionários, obter parcerias, ampliar a infraestrutura;
  • O projeto de capitalização de recursos teria duração de três anos;
  • Conforme as coisas fossem avançando, o foco seria no desenvolvimento das instalações e na infraestrutura, além do desempenho em pista, ao mesmo tempo que trabalha para aprimorar o design do carro e suas funções técnicas;
  • Nos primeiros três anos competindo nestes moldes, a equipe precisará demonstrar que ultrapassou o limite de expansão da receita no mercado doméstico, além de cobrir o fundo para o prémio, pois agora ela buscaria o espaço como construtora e para participar da fatia de repartição do prêmio, ela precisa fazer “o investimento”;

A ideia é fornecer os meios para que as equipes que entrarem no grid possam se tornar construtoras, conforme ampliam a sua estrutura e caminhando com as suas pernas.

A Fórmula 1 atual bate muito na tecla que não existe nenhuma garantia que uma nova equipe no grid será competitiva desde o começo por conta de toda a estruturada competição.

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Existe o gasto com a taxa de inscrição, a formação das instalações, a preparação dos carros dentro de um teto orçamento – que nem sempre as equipes menores hoje do grid conseguem operar neste valor.

Outra desculpa que funciona bem para afastar novas possíveis equipes é que nem todos os autódromos que fazem parte do calendário tem espaço para abrigar um grid maior, por conta das suas instalações. Fórmula 2 e Fórmula 3 costumam usar outras áreas quando estão dividindo o mesmo circuito que a F1.

Milne acompanhou todo o processo por parte das outras duas equipes e depois a recusa da Andretti e a ideia acabou surgindo como uma forma de expandir o grid e tampar a lacuna vista atualmente.

“Quando a Andretti foi rejeitada em janeiro, dei um passo para trás e observei o que isso significava, que a FIA e a direção da Fórmula 1 haviam efetivamente concluído que não era possível formar uma equipe de F1 e que ela alcançasse o que pretendiam, em um espaço de três anos. Tínhamos a Andretti, uma das equipes de automobilismo mais conhecida do mundo, apoiada pela GM, mas que não conseguiu entrar. Tínhamos a LKYSUNZ, com mais de US$ 1 bilhão de dólares de uma instituição financeira e um plano de expansão no sudeste asiático, mas não foi o suficiente”, comentou o consultor.

“Então você tinha duas equipes estabelecias nas categorias de base, Hitech e Rodin-Carlin, buscando expandir suas operações, e nenhuma dessas ofertas foram consideradas boas o suficiente para ingressar na Fórmula 1.”

“Isso realmente me mostrou que fundamentalmente não é possível começar uma equipe de F1 a partir de uma folha de papel em branco e estar no grid em três anos. Pareceu algo ilógico que o esporte estivesse virando as costas para essas grandes marcas e para uma enorme quantidade de investimento disponível. Não havia uma maneira da F1 abraçar esse investimento e usar como uma oportunidade de evoluir o esporte, senti que deveria haver uma maneira para fazer isso”, comentou.

A categoria vê que o antigo Pacto de Concórdia não é mais benéfico para elas, desta forma a antiga taxa não faz mais sentido para um novo time realizar o pagamento. A ideia é aumentar a taxa no próximo acordo estabelecido em 2026 para US$ 600 milhões e isso cobriria a participação de uma nova equipe.

Para Milne isso não faz sentido, como uma equipe desembolsaria esse valor, sem antes fazer nada pelo seu time, preparação das instalações, recrutamento de pessoas, design, fábrica… e de certa forma isso acaba barrando as equipes, principalmente se a categoria espera que elas possam ser competitivas desde o começo.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

Um Comentário

  1. A Fórmula 1 não tem mais o que inventar para obstruir a entrada de outras equipes no grid e agora parece que quer dificultar o caminho para a entrada delas no grus

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