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O GP da Inglaterra – Essa é a Ferrari, o time em primeiro lugar

A Ferrari começou a temporada mostrando uma boa performance, acreditávamos que a equipe teria um início de ano ainda mais dominante, mas da mesma forma que eles impressionaram para o lado positivo, o lado negativo da equipe voltou a ficar escancarado.

Erros de estratégia que custaram resultados melhores, além de problemas com o motor atingiram a Ferrari quase que na mesma proporção que seus bons resultados. Chegamos em um momento do Campeonato, onde Charles Leclerc e Carlos Sainz estão atrás de Max Verstappen e Sergio Pérez, enquanto a Ferrari não é mais líder do Mundial desde o GP de Barcelona.

Com o histórico difícil do time, Mattia Binotto foi questionado sobre o ritmo de atualizações da Ferrari, mas o chefe de equipe esclareceu que eles tinham um cronograma e conseguiriam se manter competitivos até o final. A Red Bull manteve um ritmo de atualizações para o RB18 mais pesado neste começo, focados na redução do peso, proporcionando ao seu equipamento uma forma de se tornar mais competitivo, enquanto aparentemente, também conseguiram melhorar a sua confiabilidade.

Antes do GP da Inglaterra, a Ferrari não vencia uma prova desde o GP da Austrália, seus pilotos até chegaram ao pódio, mas as últimas seis vitórias foram da Red Bull.

Começo o título do texto desse texto como essa é a Ferrari, pois o resultado do fim de semana ainda gera questionamentos, mas por um lado temos a resposta: a Ferrari precisava vencer, independente dos meios que usaria para fazer isso. Conquistar a pole não significava sair com uma vitória, se fosse assim, a Ferrari seria a maior vencedora da temporada, até agora o time conta com sete poles na temporada (seis de Charles Leclerc e uma de Carlos Sainz).

No GP da Inglaterra a Ferrari teve a oportunidade de Charles Leclerc a descontar pontos de Max Verstappen, mas claramente priorizou a equipe – Foto: reprodução Ferrari
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O ritmo da Red Bull era muito bom, mas na primeira largada que aconteceu no circuito, a Red Bull apostou em pneus macios para ter aderência e resolver a briga com Carlos Sainz logo. Na segunda relargada a Red Bull liberou Max Verstappen com os pneus médios, o holandês e o espanhol duelaram nos primeiros metros, Sainz ficou com a liderança, mas na volta dez foi ultrapassado por Verstappen após cometer um erro.

Duas voltas depois de Verstappen disparar na frente, o holandês ficou lento na pista e Sainz, acompanhado por Leclerc tomaram a ponta. Neste momento da corrida a Ferrari tinha se livrado do seu principal adversário, mas teria que lidar com uma negociação interna. Leclerc queria a liderança da prova, pois estava imprimindo um ritmo forte, mesmo com o carro avariado.

Na ponta Sainz tentava negociar com a equipe, era instruído para acelerar mais, a Ferrari não parecia disposta a lidar com uma inversão de posições inicialmente, pois o resultado que poderiam conquistar naquela configuração já era muito bom. Liberaram uma briga direta entre os companheiros de equipe por Leclerc estar em uma ‘situação difícil’, mas instantes depois abriram mão dessa ideia e na volta 31 deu a oportunidade para Leclerc ultrapassar Sainz e ver o que poderia fazer em pista.

O jogo psicológico e de negociações que tinha acontecido até aquele momento não estragou com a corrida de Sainz. Em pista, o espanhol acompanhou o ritmo do companheiro de equipe e mostrou ao time que Leclerc só era o mais rápido pois tinha a possibilidade de usar o DRS. Lewis Hamilton que tinha substituído os pneus, seguiu crescendo no retrovisor dos pilotos da Ferrari.

Essa corrida era a prova perfeita para usar Carlos Sainz como escudeiro de Leclerc, defender a dobradinha e dar a oportunidade para que o piloto descontasse pontos de Max Verstappen (que estava com o carro avariado correndo no pelotão intermediário). Por outro lado, também era uma decisão arriscada, Leclerc poderia facilmente complicar a corrida dos dois pilotos, enquanto a Mercedes tentava uma forma de dar condições para Hamilton brigar pela vitória.

O Safety Car provocado pelo abandono de Alexander Albon, fez a corrida tomar outro rumo. A Ferrari não quis arriscar com um pit-stop duplo de novo, trocou apenas os pneus de Sainz e deixou Leclerc em pista com os compostos duros.

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Carlos Sainz conquistou a sua primeira vitória durante o GP da Inglaterra – Foto: reprodução Ferrari

Mattia Binotto obviamente foi questionado por essa decisão e no pós-corrida respondeu no estilo Ferrari: “Acreditávamos que não tínhamos espaço suficiente entre os dois carros para parar os dois, então tivemos que escolher entre o primeiro ou o segundo carro, então decidimos parar Carlos porque Charles tinha a posição de pista e era o líder da corrida naquele momento, então você não sabe o que os outros teriam feito se tivéssemos parado como líder”, disse o chefe da Ferrari.

Tinha um risco parar Leclerc, pois ele era o líder da prova e por consequência o piloto mais vulnerável na pista. Hamilton tinha pneus duros mais novos e com o bom ritmo apresentado, a Mercedes poderia claramente não parar o inglês para instalar os pneus macios para as voltas finais. Talvez Leclerc brigasse por um terceiro lugar depois de trocar os compostos, mas a Ferrari não queria deixar o GP da Inglaterra perdendo uma nova oportunidade de vencer na temporada.

Com uma troca de pneus de Leclerc, Sainz seria o piloto a lidar a prova com pneus duros mais velhos, desta forma não teria muita chance para se defender dos ataques de Hamilton. Mesmo com todos esses cenários, nos multiversos possíveis, parece que a Ferrari sempre teria ao seu lado um erro.

Para eles a melhor alternativa era parar Carlos Sainz. O espanhol e Hamilton entraram nos boxes e teriam pela frente uma prova Sprint. Em Silverstone o nível de degradação dos pneus é alto, mas a Ferrari também foi surpreendida com o ritmo que os pneus macios atingiram no final da corrida.

Na relargada Sainz duela com Leclerc e assume a liderança da prova. Na sequência o monegasco acaba disputando com os outros pilotos que estavam com pneus macios e novos, para tentar manter o segundo lugar. A manobra de Sergio Pérez, o ritmo de Lewis Hamilton e o os pneus de Charles Leclerc definiram então a ordem do pódio, com Leclerc na quarta posição.

“Obviamente, em retrospectiva, [Leclerc] estar com os macios teria sido a melhor opção, mas não foi o que vimos como decisão certa”, seguiu Binotto no pós-Corrida.

Independente da escolha que tivesse nessa prova, a Ferrari encerra o GP da Inglaterra com uma vitória, mas para alguns, a decisão do time ainda foi um erro. Temos um Campeonato todo pela frente, obviamente a Ferrari ainda tem a oportunidade de caçar a Red Bull, mas agora ela também está preocupada com o crescimento da Mercedes, além disso, o time alemão está sendo mais regular que eles, sempre aparecendo no pódio, pois contam com os problemas de Ferrari e Red Bull para sempre pontuar bem.

A Mercedes mesmo com todas as questões que enfrentou com o seu carro, o time alemão tem confiabilidade e está com o poder para incomodar o time italiano.

A Ferrari optou por não dar preferência por Sainz ou Leclerc no começo do ano, a equipe gostaria de ver como ficariam as coisas nesse ano para definir uma opção com o andamento do Campeonato. Leclerc e Sainz contam com um contrato até 2024, eles vão guiar pelo time, pois são vistos como uma grande dupla, mas Leclerc entende que dentro da Ferrari ele é a prioridade. Talvez o ideal é começar o ano com essas coisas já definidas, principalmente para não criar um clima ruim internamente.

Enquanto a Ferrari queria comemorar a sua vitória pós-GP da Inglaterra, foi lembrada constantemente por ter falhado com Leclerc. Mas novamente a Ferrari mostra que não tem preferências, mas a Ferrari sempre representará uma decisão maior. Uma vitória que não importavam os meios que pode ser resumida apenas nessa frese “maximizar a situação para obter o melhor resultado da equipe.”

Atualmente Carlos Sainz conta com seis pódios, enquanto Charles Leclerc tem quatro. Apenas 11 pontos separam a dupla da Ferrari, então realmente neste momento é difícil dar preferência por um deles. A equipe quer recuperar o lugar perdido para a Sergio Pérez da Red Bull e se defender da dupla da Mercedes – pois o time alemão é uma ameaça clara para a Ferrari.

Sem definir quem é o seu primeiro piloto, a Ferrari paga o preço e vê novamente Carlos Sainz com a oportunidade de atacar Charles Leclerc. A prioridade da Ferrari é o time – Foto: reprodução Ferrari

Em um momento como esse do campeonato, Sainz pode negociar a sua posição e brigar por igualdade na equipe, principalmente por Leclerc não ser mais o líder e mesmo com um início de temporada tão complicado, o espanhol descontou pontos e se aproximou do seu companheiro de equipe.

Leclerc também está percebendo aos poucos que sua equipe é falha, mas por outro lado, em tomadas de decisão que podem definir a quantidade de pontos que o monegasco conseguirá, notamos que o piloto ainda é muito dependente da equipe, enquanto Sainz tem tomado as rédeas para ter um pouco mais de controle.

De uma coisa não tenho dúvidas, essa é a Ferrari, a que nesta temporada dará prioridade por qualquer tipo de ganho, pois o time italiano acreditava desde o início da temporada que conquistar o título não seria fácil. A Ferrari é exatamente o time que prioriza ele, são como um, principalmente quando não sentem confiança em suas peças separadamente.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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