A nova era da Fórmula 1 esteve voltada em aproximar os carros, criando mais batalhas na pista e oportunidade de realizar ultrapassagens. Os carros da categoria cresceram, foram aumentando ao longo dos anos, principalmente para que tivéssemos um aumento da segurança. Os últimos carros tinham várias aletas que direcionavam o fluxo do ar, mas também causavam mais turbulência dificultando a aproximação dos competidores.
Em 2021 vimos a grande dificuldade que os pilotos tinham de se aproximar dos rivais, o ar sujo fazia os pneus desgastarem, o carro superaquecer e a perda de performance era gerada. O piloto que estava na posição de ataque recuava para recuperar o equipamento e tentar retomar a batalha voltas depois. Naquele momento várias críticas ao DRS ganharam força.
Ao menos nestas duas primeiras provas da temporada 2022, conseguimos observar que os competidores podem se enfrentar de forma mais direta. As disputas se desenrolam por várias voltas, pois os pneus resistem e os carros não estão sofrendo como antes.
Quando o novo carro foi anunciado, surgiu uma dúvida – o DRS ainda seria necessário? Principalmente diante de uma Fórmula 1 que assegurava a aproximação do pelotão. A categoria optou por mantê-lo e verificar como seria a sua operação nestes novos carros. Em 2021 o DRS não estava contribuindo muito com a competição, por conta de todas aquelas barreiras que prejudicavam a ultrapassagem e tonavam ele nada eficiente.
Ainda era dilema, se os carros não conseguissem andar perto, o DRS poderia de alguma forma contribuir para aumentar as ultrapassagens. Com os carros andando mais próximos, ele aumenta o número de ultrapassagens e torna as batalhas visualmente melhores. Quando carros tão diferentes foram apresentados, pensamos qual seria o impacto da asa móvel na competição.
Na prova em Jeddah, com três zonas de DRS em sequência, conseguimos observar um duelo intenso entre Max Verstappen e Charles Leclerc, assim como aquele protagonizado por Esteban Ocon, Fernando Alonso, Valtteri Bottas e Kevin Magnussen. O DRS está contribuindo para as trocas de posições, para que os pilotos possam atacar e se defender, não servindo apenas como uma ferramenta que ajuda na conclusão de uma ultrapassagem e que na sequência o piloto some por abrir vários segundos de diferença para os seus adversários.
Esse começo de temporada pode ser avaliado com entusiasmo e a junção deste novo carro ao DRS se mostrou uma combinação muito efetiva. E em alguns circuitos, a ativação do DRS também será um ponto de estratégia para os times, escolher quando usar, na tentativa de se distanciar do adversário para não perder a posição metros depois como ocorreu em Jeddah.
“O DRS agora é tão forte que virou um jogo de gato e rato entre os pilotos. Talvez nós devêssemos analisar os locais das zonas de DRS no futuro”, disse Christian Horner, chefe de equipe da Red Bull.
Após Leclerc ser ultrapassado por Verstappen, o monegasco começou a pensar em como faria para retomar a posição. No trecho sinuoso do circuito ele conseguia uma boa distância, pois o carro estava andando bem, portanto, nas últimas duas voltas da prova, poderia usar o trecho sinuoso para se aproximar de Verstappen, recuperar a posição dentro da zona de DRS em um ponto estratégico, tentando evitar um novo ataque do adversário. Infelizmente só não vimos essa manobra, pois o setor 1 ficou marcado por uma bandeira amarela provocada pelo abandono de Alexander Albon.
“Acho que o DRS precisa ficar por enquanto, caso contrário as corridas seriam muito chatas. Por mais que esteja mais fácil para perseguir outro carro do que no ano passado, e é um passo positivo, ainda não acho que é o suficiente para nos livrarmos do DRS. É essa parte que particularmente gosto nas corridas. Faz parte da estratégia de cada piloto escolher defender e atacar, e é uma parte das corridas agora”, disse Leclerc pós GP da Arábia Saudita.
Os pilotos se mostram favoráveis a permanência desse recurso na Fórmula 1, neste nível que a categoria está agora. E com os novos carros se desenvolvendo e novos pacotes aerodinâmicos sendo implementados para aperfeiçoar os novos carros, talvez o pelotão intermediário fique ainda mais próximo, assim poderíamos ver mais disputas.
“Se eu não tivesse o DRS, nunca teria feito a ultrapassagem. E é claro, algumas pistas são mais fáceis de ultrapassar do que outras. Mas a meu ver, se não tivesse o DRS, eu teria chegado em segundo lugar”, disse Max Verstappen.
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Os pneus também se revelaram como uma peça-chave para as disputas deste assim e assim como o DRS, provavelmente vão apresentar comportamentos distintos de uma pista para a outra. Cada circuito tem as suas características particulares, que podem contribuir ou não para as características de cada um dos novos carros. Os pneus também trabalham de forma diferente, por conta do nível de abrasividade e a ação de forças laterais particulares de cada circuito. Se os compostos tiverem um bom desempenho e os times conseguirem lidar com o seu aquecimento, as disputas diretas vão ocorrer mais vezes.
“Acho que os carros são melhores para perseguir, só depende dos pneus. Por exemplo, com o pneu mais duro, era capaz de me manter mais próximo, os outros compostos – e isso depende da pista – pois eles simplesmente se desintegram. Assim que você perseguia alguém por algumas voltas, eles acabavam. O peso dos carros também limita os pneus, então é algo que precisamos pensar para o futuro”, disse o holandês.
Carlos Sainz, acredita que sem o DRS as ultrapassagens seriam limitadas, ainda nessa geração de novos carros. “Então eu acho que é melhor permanecermos com ele. O que talvez precise ser considerado é a diferença de velocidade com o DRS. O carro de trás provavelmente tem uma vantagem muito grande, então a ultrapassagem é feita na frada. Seria melhor ter dois carros batalhando na freada, ao invés de simplesmente passar.”
Os pilotos ainda tem as suas considerações para fazer sobre o dispositivo, mas sem dúvidas, neste momento a categoria ainda depende dele.
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