O mais novo lider na Fórmula 1 tem apenas 47 anos, James Vowles, chefe da equipe Williams, assumiu o comando de uma equipe de Fórmula 1 com um objetivo claro: modernizar e impulsionar o desempenho. tem sido incisivo em suas críticas à defasagem tecnológica e de coordenação enfrentada pela equipe em relação aos seus concorrentes. E, surpreendentemente, uma grande parte dessa defasagem é atribuída ao uso do Microsoft Excel.
Desde o início de 2023, Vowles e o diretor técnico Pat Fry embarcaram em uma jornada para redesenhar os sistemas da equipe, visando otimizar a concepção e construção de seus carros. O processo foi doloroso, mas necessário para evitar que a equipe ficasse ainda mais para trás. Durante essa revisão, depararam-se com uma questão central: a dependência excessiva do Microsoft Excel.
Vowles compartilhou recentemente com o The Race sua consternação com a abordagem atual da equipe Williams. Segundo ele, o enorme arquivo do Excel utilizado para gerenciar as cerca de 20.000 peças individuais do carro era “uma piada“, sendo extremamente difícil de navegar e atualizar. O arquivo não fornecia informações cruciais, como custo de produção e condição de encomendas das peças, impossibilitando a priorização e o acompanhamento adequado do processo de fabricação e inspeção.
“Quando se trata de rastrear centenas de milhares de componentes em uma organização, uma simples planilha do Excel é insuficiente“, afirmou Vowles ao The Race. Diante da complexidade da Fórmula 1 moderna, onde cada peça pode estar em diferentes estágios de produção e inspeção, o uso do Excel se mostra inadequado, resultando em falhas e gargalos significativos.
As consequências dessa abordagem arcaica foram devastadoras. A equipe Williams enfrentou contratempos nos testes de pré-temporada em 2019, além de dificuldades logísticas, como a busca física por peças na fábrica da equipe, priorização equivocada de peças e atrasos na entrega. A transição para um sistema de rastreamento mais moderno foi descrita por Fry como “terrivelmente cara“, exigindo um esforço humano exaustivo para compensar as deficiências do processo anterior.
Essa revelação levanta questões sobre a prática de utilizar o Excel em um ambiente de alta tecnologia como a Fórmula 1. Embora possa parecer surpreendente, não é incomum encontrar equipes utilizando o Excel para gerenciar seus processos, como evidenciado pelo relato de Sebastian Anthony sobre a equipe Renault em 2017.
Cada equipe possui sua própria configuração de software, mas a integração desses sistemas com outras ferramentas, como CFD (Computational Fluid Dynamics) e prototipagem rápida, pode ser um desafio. Isso torna as equipes vulneráveis aos problemas associados ao uso de software desatualizado, como observado por Anthony. No entanto, a mudança para sistemas mais dinâmicos baseados em nuvem tem sido uma tendência, como exemplificado pela Renault.
Em última análise, a persistência do Excel como uma ferramenta dominante em ambientes corporativos levanta questões sobre sua adequação para tarefas complexas e críticas, como o gerenciamento de processos na Fórmula 1. Enquanto os esforços para modernizar os sistemas da equipe Williams estão em andamento, fica claro que a transição para soluções mais avançadas é essencial para manter a competitividade no cenário da F1 moderna.