O GP do Bahrein foi disputado uma semana após a pré-temporada, mas alguns pontos foram confirmados após a realização da primeira etapa. A Red Bull seguiu o desenvolvimento do seu projeto e começou a temporada na liderança do Campeonato, enquanto a Aston Martin apresentou uma boa performance nas sessões de treinos e o desempenho se confirmou logo após a primeira disputa.
Max Verstappen e Sergio Pérez abriram a temporada com uma dobradinha para o time austríaco. No início do fim de semana o holandês reclamou um pouco das configurações avaliadas no carro, mas não demorou muito para Verstappen demonstrar uma pilotagem implacável.
O ritmo de corrida da Red Bull foi excelente, Verstappen só não liderou a prova de ponta a ponta pois deixou o primeiro lugar no momento que a primeira parada aconteceu. Charles Leclerc surpreendeu Pérez no começo da prova, mas rapidamente Verstappen estabeleceu uma boa distância para o monegasco. Além desse fator, a estratégia adotada pela Red Bull permitiu que Pérez realizasse a ultrapassagem em seu adversário para reassumir o segundo lugar.
Verstappen começa o ano vencendo a corrida de abertura do Campeonato, e ainda que muitos acreditem na maldição da vitória no Bahrein, o piloto holandês tem potencial para conquistar o seu terceiro título consecutivo. Isso talvez aconteça antes mesmo da última batalha da temporada, se nas próximas corridas Verstappen não conseguir um adversário.
A Red Bull é uma das equipes que quando consegue realizar uma boa leitura do regulamento, faz todas as outras equipes quebrarem a cabeça para tentar uma aproximação. É esperado que com o decorrer da temporada a equipe austríaca mude o seu foco e precise dar atenção ao carro do próximo ano. Por conta da punição no uso do túnel de vento, além de ser a líder dos Construtores, a RBR lide com mais restrições – porém, com um projeto superior, talvez nem enfrentem uma ameaça por já estar na frente.
Sergio Pérez tem por objetivo conquistar pódios e vitórias neste ano, mas mesmo tendo o mesmo equipamento que o companheiro de equipe, o piloto não está no mesmo nível que Verstappen. Pérez está se sentindo um pouco mais confortável com o RB19 neste início de Campeonato, mas terminou a primeira prova do ano com mais de 11 segundos de diferença para o primeiro colocado.
Ainda é difícil dizer se a Ferrari vai conseguir travar boas disputas, o carro parece bom – ao mesmo passo que a Red Bull demonstra ter dado um salto, enquanto a Ferrari ficou um pouco mais estagnada em seu projeto por estar resolvendo o problema de confiabilidade do motor.
O time italiano começou o ano com um desfalque, afinal, Charles Leclerc não concluiu o GP do Bahrein, quando estava em direção de abrir a temporada com um pódio. O carro do monegasco passou por alterações ao longo do fim de semana, com a Ferrari julgando que desta forma evitaria problemas, mas Leclerc não concluiu a corrida. O problema não seria na bateria como pensaram inicialmente, mas algo ligado a montagem do motor.
A Ferrari precisa evitar novos abandonos, mas também precisam lidar com o ritmo de corrida e o desgaste dos pneus. Carlos Sainz concluiu a prova na 4ª posição, mas no final da prova estava brigando com o carro e perdeu um possível pódio pois Fernando Alonso estava com um carro mais equilibrado.
A Aston Martin sem dúvidas é a surpresa da temporada, afinal a equipe esperou para agir e fez com um carro competitivo. Nos testes de pré-temporada Fernando Alonso fez questão de demonstrar que o AMR23 era um carro melhor e ele tinha acertado ao mudar de equipe. Infelizmente a Aston Martin ainda não está no páreo para brigar diretamente com a Red Bull, mas deve fornecer algum entretenimento em disputas com Ferrari e Mercedes.
Alonso tem muita experiência na Fórmula 1 e agora com chances de conquistar pódios e brigar por posições melhores no grid, é esperado que o piloto espanhol consiga tirar tudo o que pode desse carro da Aston Martin. Ao menos boas disputas na pista com os adversários estão garantidas.
Insistência em um conceito difícil
A Mercedes apostou mais uma vez no conceito do zeropod, indo contra todo o trabalho que o restante do pelotão está realizando em seus carros. O conceito adotado pela Red Bull é o mais eficiente e por mais que a Fórmula 1 não queira 20 carros exatamente iguais, o time austríaco serviu de inspiração para algumas equipes – em especial a Aston Martin.
Sozinhos no grid a Mercedes não tem muito como copiar outras equipes para solucionar problemas, além disso os times já notaram que o conceito do W13 e W14 da Mercedes demandaria muitos esforços e recursos que muitos não tem à sua disposição no grid.
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Nas próximas corridas a equipe fornecerá atualizações para o W14 tentando melhorar a sua performance. Os pilotos demonstraram algum nível de frustração e insatisfação com o projeto, afinal, esse início de temporada pode ser usado mais uma vez pela Mercedes para realizar pesquisas relacionadas ao desenvolvimento do carro, como aconteceu em 2022.
O que mais impressiona é o fato de a Mercedes ter regredido, quando esperavam um desempenho melhor. No final do ano passado o time alemão conseguiu ameaçar a Ferrari, conquistaram uma vitória com George Russell no Brasil e parecia que tinham se encontrado. Mas a primeira corrida da temporada mostra algo completamente diferente.
O restante do pelotão
Com todos os avanços ou regressos, o meio do pelotão aparenta estar mais próximo, no GP do Bahrein por muito tempo da prova um trenzinho foi formado e os pilotos não conseguiam fugir dele.
A temporada abriu com apenas AlphaTauri, Haas e McLaren fora dos pontos. O time de Woking não começou o campeonato bem e lidou com alguns problemas que apareceram ainda nos testes de pré-temporada. Em alguns momentos o MCL60 aparenta ter ritmo, mas em outros fica perdido no limbo. A McLaren ainda precisa encontrar uma solução, tornando o carro mais competitivo para dar chances de Lando Norris e Oscar Piastri capitalizarem pontos – a estreia deixou uma impressão bem ruim.
Com o grid mais competitivo, a margem para buscar pontos se torna bem mais interessante. A Williams é um exemplo, abriu a temporada conquistando um ponto, mas parece estar mais apita a fazer melhores classificações e provas. Logan Sargeant se destacou entre os estreantes nesta primeira rodada principalmente em performance individual.
A Alpine que neste ano conta com Esteban Ocon e Pierre Gasly viveu momentos diferente com os pilotos, mas acredita-se o time vai precisar lutar um pouco mais para estar no Top-5.
A oportunidade de aperfeiçoar os projetos, permite uma certa movimentação no grid. Além disso, é necessário salientar que as pistas do início de temporada também reforçam características boas ou ruins dos equipamentos, colaborando com as equipes para definir qual será a sua linha de desenvolvimento ao longo do ano.