Existe uma proposta de introduzir um teto salarial em 2023 para todos os pilotos, algo em torno de US$ 30 milhões. Atualmente a categoria lida com o teto orçamentário para controlar a competição, mas nesta temporada algumas equipes estão pedindo o seu aumento principalmente em uma temporada com a implementação de um novo regulamento, muitos querem seguir com o desenvolvimento dos seus carros.
Na proposta sobre o teto que definiria os salários dos pilotos, os times poderiam ultrapassar o limite, mas esse valor seria descontado do teto orçamentário e por consequência comprometer os custos com o desenvolvimento do carro.
No começo das temporadas é normal ver alguns sites divulgando o salário dos pilotos, grande parte do grid não chega perto do valor do teto orçamentário que foi proposto, mas sempre existem pilotos que se destacam e recebem mais. Até a temporada passada o de Lewis Hamilton seria o maior do Grid. Após Max Verstappen conquistar o seu primeiro título mundial em 2021, supostamente ele teria assinado um contrato de € 50 milhões por ano.
Alguns acham que é bem difícil discutir essa questão, principalmente com contratos que já foram fechados anteriormente ao teto salarial ser implementado. Max Vestappen conta com um contrato até 2028, Carlos Sainz, Charles Leclerc, Sergio Pérez e Esteban Ocon devem permanecer até 2024. Outro ponto é que essa fiscalização seria muito mais difícil, pois os pilotos levam patrocinadores para os times e a sua imagem também geram ganhos. Para burlar esse controle, os pilotos poderiam receber diretamente dos patrocinadores, não faz muito sentido controlar algo neste nível.
“Estamos discutindo isso e tentando entender o que pode ser uma solução. Não será algo para o curto prazo, pois temos contratos em vigor e não podemos simplesmente violá-los. Há implicações legais e precisamos entender como fazer isso, então é uma discussão. É importante, entendemos e reconhecemos que levará tempo, mas certamente passaremos por esse plano”, disse o chefe de equipe da Ferrari, Mattia Binotto.
“Existem muitas coisas que precisam ser estipuladas dentro do teto que temos, que também está sendo lançada avaliada para um teto de motores. Há todos os tipos de complicações com isso, há muitas complexidades, mas precisamos ir além disso”, disse Christian Horner.
As discussões dos tetos são interessantes principalmente para equilibrar o desempenho das equipes e nivelar a competição, mas ao mesmo tempo existem outras discussões relacionadas aos gastos. Os salários dos pilotos é um ponto além, principalmente pelos próprios valores que alguns acabam levando para as equipes com os patrocinadores que estão atrelados a sua carreira, além da própria imagem que foi construída em cima deles.
Quantas coleções ao longo da temporada são feitas para estimular a compra dos fãs. O vínculo com as equipes sempre existiu, mas o público tem se apegado cada vez mais aos pilotos e as suas personalidades. Com a identificação gerada ficou ainda mais fácil vender produtos e estimular esse mercado.
Do ponto de vista do piloto, Max Verstappen limitar os salários dos pilotos não é algo justo. “Ainda é tudo muito vago. Quero dizer, acho que ninguém sabe realmente para onde vai, mas eu acho completamente errado. Porque no momento a Fórmula 1 está se tornando cada vez mais popular, todo mundo está ganhando cada vez mais dinheiro, incluindo as equipes, todos estão se beneficiando. Então porque os pilotos com os seus direitos de propriedade intelectual e tudo mais devem ser limitados. Quem realmente traz o show e coloca das suas vidas em risco? Porque nós fazemos, eventualmente. Então pra mim é completamente errado”, disse Verstappen.
E não é como se os salários dos pilotos impactassem diretamente no direcionamento da categoria. Os times menores oferecem salários menores, justamente por não ter um equipamento tão competitivo e a tão famosa visibilidade que um grande time tem, algo que eles oferecem aos seus membros. Os pagamentos acabam sendo relativos nesse ponto, pilotos que se destacam acabam recebendo mais e fechando acordos melhores. A disputa é para obter um bom assento em uma equipe que forneça um equipamento competitivo e a altura do talento daquele competidor.
“Em todas as categorias de base, se você observar quantos desses pilotos têm um patrocinador ou empresário que eventualmente terá uma certa porcentagem de sua renda na Fórmula 1 ou qualquer outra coisa. Acho que isso limitará muito porque eles nunca terão o seu retorno em dinheiro se você conseguir um limite. Vai prejudicar todas as categorias de base e acho que você não quer isso”, seguiu o piloto holandês.
Lando Norris também apoiou o pensamento de Verstappen. “O que ele disse está correto, especialmente com a parte dos investimentos em pilotos jovens. É difícil o suficiente entrar na Fórmula 1. Assim que você tem o apoio, quando você tem um investidor como piloto, eles obviamente querem seu dinheiro de volta em algum momento, e você terá que fazer isso”, afirmou o piloto da McLaren.
A possibilidade de ganhar bons salários e obter bons patrocinadores é algo que acaba estimulando alguns investidores neste mercado. Os incentivadores esperam ter um retorno no futuro, ganhando uma parcela desse valor com os contratos que são negociados.
“Se for limitado, é muito mais difícil e interessará muito menos as pessoas que investem em jovens pilotos que tem chance de chegar à Fórmula 1”, seguiu Norris.
Os esportes estão em crescimento, a corrida em Miami foi um palco para as equipes angariarem ainda mais investidores e impactar na visibilidade da categoria. O assunto se torna irrisório principalmente quando a categoria discute o aumento do calendário e alguns times solicitam o aumento do teto de gastos para orçamento dos carros.
A Fórmula 1 está longe de fazer um sistema de Draft para tentar equilibrar campeonato e pilotos, pois a ideia da categoria é ter uma competição onde o desenvolvimento tecnológico é o centro.