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Estratégia principal do GP da Áustria é baseada em duas paradas. Verstappen mostra desempenho superior para vencer

Ao final da corrida, Verstappen que tinha mais de 23 segundos de vantagem para Charles Leclerc, realizou mais uma troca de pneus e foi buscar o ponto da volta mais rápida

A prova na Áustria neste fim de semana contou com a realização de duas classificações e duas corridas, mas tivemos uma situação climática que foi modificando ao longo das atividades.

A sexta-feira foi marcada pela pista seca, os pilotos tiveram apenas uma sessão de treino livre para verificar os carros e preparar os equipamentos para o restante das atividades. A classificação realizada ainda na sexta-feira teve o formato normal, Q1, Q2 e Q3, com os pilotos focando principalmente na utilização dos pneus macios para completar as suas voltas.

A Ferrari mostrou um desempenho melhor, faturando o segundo lugar com Charles Leclerc, o monegasco então dividiria a primeira fila com Max Verstappen que foi o pole da etapa. No entanto, por conta dos limites de pista e várias voltas deletadas, Sergio Pérez não conseguiu avançar para o Q2, desta forma ficou definido que o piloto mexicano realizaria uma corrida de recuperação no domingo.

O sábado foi marcado pela classificação da Sprint e a realização da prova de 100 km. Quando a atividade que definiria o grid de largada teve início, os pilotos pegaram uma pista que estava úmida e a FIA declarou uma sessão molhada, dando a liberdade para que os competidores usassem qualquer um dos compostos disponíveis para o fim de semana, encerrando a obrigatoriedade de trabalhar com os pneus médios novos no Q1 e Q2, enquanto os pneus macios novos eram esperados no Q3.

Pneus que foram usados na prova Sprint por conta da pista molhada que marcou o início da prova – Foto: reprodução Pirelli

No momento que a Sprint seria disputada, a pista estava novamente úmida, forçando os pilotos a começar a prova com os pneus de chuva, mas a Alfa Romeo achou prudente instalar os pneus médios que eram destinados à pista seca no carro de Valtteri Bottas. O piloto finlandês completou uma volta complicada no traçado e precisou se lançar ao pit-lane para fazer a substituição dos compostos.

Foi um fim de semana complicado para a Alfa Romeo, eles tentaram algo diferente, até buscaram um resultado mais positivo, mas não foi dessa vez que chegaram aos pontos.

Como a chuva não continuou caindo, alguns pilotos optaram por utilizar os pneus de pista seca para a última parte da corrida. Na volta 17 de 24, George Russell se arriscou ao ir para os boxes e instalar os pneus macios, o piloto da Mercedes por ter arriscado foi o que se deu melhor na escolha e foi ganhando posições conforme outros competidores optavam por realizar as suas trocas.

Charles Leclerc que estavam em uma batalha particular com Lando Norris e Esteban Ocon não teve sucesso quando realizou a sua troca de pneus. Seguiu nesse conflito, não conseguindo desvencilhar dos adversários. Sua troca tardia impediu de ter algum ganho. O piloto francês com os seus pneus intermediários, ficou com a sétima posição ao final da corrida, sendo ultrapassado por Nico Hülkenberg que conseguiu retornar a zona de pontuação. Russell faturou a oitava posição, superando Lando Norris. Charles Leclerc teve que se contentar com o décimo segundo lugar.

O grupo dos cinco primeiros colocados optou por se manter com os pneus intermediários, não compensava o risco de fazer uma parada, se todos não estavam realizando-a. Além disso, com a vantagem que tinham estabelecido e seus duelos particulares, não fazia muito sentido instalar um pneu de pista seca e até viver o dilema para saber se usavam pneus intermediários ou médios em um traçado que estava um pouco frio.

Nessa corrida Nico Hülkenberg merece destaque, nas condições que a pista se encontrava, ele começou a prova da quarta posição, se manteve brigando no começo da prova, mas com a pista secando passou a perde desempenho. Ele precisou arriscar uma troca para ser mais rápido do que aqueles pilotos que estavam com pneus intermediários. Funcionou e o piloto alemão pode comemorar o sexto lugar.

Onze pilotos experimentaram os pneus de pista seca para o final da prova. Cinco pilotos usaram os pneus médios, enquanto seis competidores apostaram nos pneus macios. Aqueles que usaram os pneus macios, observaram uma degradação maior e ficou claro que novamente esse tipo de pneu não seria usado em uma estratégia regular na corrida do domingo.

GP da Áustria, Corrida Principal

A Pirelli sempre no início da corrida lança uma estimativa de quantas paradas ela acredita que serão necessárias para concluir a corrida. É claro que as equipes podem se basear naquela média para preparar as suas trocas de pneus. Todos os times antes de iniciar a corrida, com os dados que coletaram ao longo do fim de semana, tem uma ideia base de como os seus carros vão performar com os pneus, dependendo do peso que eles têm.

A previsão da Pirelli não é uma regra que precisa ser seguida, afinal aquilo é uma média do comportamento que foi observado ao longo do fim de semana. Por conta da chuva que tivemos no final da sexta-feira e durante o sábado, a pista foi lavada, tirando o emborrachamento que os pilotos construíram.

No domingo quando os pilotos foram para a pista, o traçado já tinha uma camada de borracha, em decorrência das categorias de base que disputaram as suas provas principais no início do domingo. Acreditava-se em uma degradação acentuada dos compostos, levando em consideração que os pneus usados eram da gama mais macia da Pirelli, além disso, eles precisariam ao início da corrida fazer a função de emborrachar a pista – consumindo por sua vez um pouco mais.

Dito isso, Max Verstappen que já tinha comandado o fim de semana até aquele momento, venceu a corrida realizando três passadas. A sua corrida foi baseada principalmente em duas trocas de pneus, trabalhando com os pneus médios na largada, partindo para um conjunto de pneus duros e um jogo de médios para concluir a prova. A instalação dos pneus macios foi por pura graça e domínio do piloto da Red Bull que tinha aberto mais de 23 segundos de vantagem para Charles Leclerc.

Sem ser ameaçado, Verstappen optou por correr o risco de realizar mais uma parada, confiante no time que tem que sempre realizar um trabalho impecável nos boxes. O holandês parou para instalar os pneus macios e buscar a volta mais rápida da corrida. A substituição aconteceu na volta 69, para que Verstappen não corresse o risco de ter a volta deletada e ter tempo suficiente para preparar os pneus.

Quando Verstappen realizou a sua primeira troca de pneus, o piloto parou na volta 24, ele poderia até mesmo tentar encerrar a corrida usando os pneus duros até o final, mas buscando performance e tentando não ‘arriscar’ nesse circuito, foi mais prudente fazer uma segunda troca de pneus. Os compostos são muito exigidos nessa pista, pelas forças laterais que recebem, combinados com a velocidade e também com as freadas bruscas em alguns pontos. Desde que a Pirelli começou a trabalhar com a gama mais macia neste circuito se tornou importante fazer duas trocas de pneus.

Estratégia de pneus trabalhada durante o GP da Áustria – Foto: reprodução Pirelli

Charles Leclerc que concluiu a prova na segunda posição, fez dois stints de pneus médios, antes de realizar a última troca para os pneus duros. O segundo stint do monegasco foi alongado e ele conseguiu contar com um pneu duro de melhor performance para o final da prova. O momento que a parada do monegasco foi realizada, contribuiu para Sergio Pérez não conseguir uma aproximação e tomar a segunda posição de Leclerc.

Por outro lado, a escolha realizada pela Ferrari, acabou prejudicando um pouco a prova de Carlos Sainz. Ainda no começo da corrida o espanhol e Leclerc estavam em um ritmo semelhante, mas Carlos sentia que estava mais rápido. O piloto solicitou para a Ferrari uma inversão de posições, mas o time optou por seguir daquela foram. Com o pit-stop duplo da Ferrari na primeira troca de pneus, em resposta ao abandono de Nico Hülkenberg, Carlos perdeu alguns segundos preciosos e teve que tentar minimizar o prejuízo, lutando com Lando Norris e Lewis Hamilton.

Ao final da corrida oito pilotos foram punidos por exceder os limites de pista, Carlos Sainz estava nessa lista e da quarta posição, caiu para o sexto lugar.

Sergio Pérez que finalizou a prova na terceira posição, também fez uma estratégia, médio-médio-duro, mas o seu tempo de permanência com cada um dos compostos foi ligeiramente diferente da escolha realizada para Charles Leclerc, mas semelhante ao que foi estabelecido para Max Verstappen.

O Virtual Safety Car não influenciou no número de paradas, mas aos competidores que realizaram a sua troca de pneus na segunda volta do VSC não tiveram um ganho significativo como poderia acontecer se tivessem substituído os pneus no início da volta.

Ainda falando sobre Sergio Pérez, o piloto realizou uma corrida de recuperação, depois de ter a sua classificação da sexta-feira prejudicada por conta das voltas que foram deletadas. O mexicano faturou o pódio, após travar um duelo intenso com Carlos Sainz que fez o possível para defender a posição.

A corrida do domingo foi realizada em pista seca, mas com temperaturas um pouco mais amenas, contribuindo também para a forma com os pneus se portariam neste traçado.

Os pneus da rodada

Pneus que foram usados no GP da Áustria, porém o foco foi principalmente no uso dos pneus médios e duros. O composto macio foi usado apenas por Max Verstappen que buscou o ponto da volta mais rápida, para concluir a etapa com o número máximo de pontos disponíveis no fim de semana – Foto: reprodução Pirelli

Macios (C5 – faixa vermelha): esse pneu não tinha a condição de ser trabalhado na corrida, pois conta da sua degradação acentuada e por ser um composto mais delicado. Porém, teve o seu protagonismo na busca pela volta mais rápida conquistada por Max Verstappen.

Médio (C4 – faixa amarela): esse foi o principal composto de diversas estratégias que foram traçadas nesse fim de semana. Dez pilotos usaram dois compostos médios em sua estratégia para terminar a prova. Em uma variação médio-médio-duro, como a escolhida por Charles Leclerc e Sergio Pérez ou médio-duro-médio, como a escolha de Max Verstappen para vencer a prova.

Duros (C3 – faixa branca): esse composto pode ser preservado para que os times trabalhassem na corrida. Ao longo do TL1 alguns competidores realizaram a avaliação desse pneu, para saber como eles trabalhariam com o composto pelo restante do fim de semana.

Lando Norris faturou a quinta posição ao cruzar a linha de chegada (e a quarta posição depois da punição de Sainz), usando a estratégia de duas paradas, mas realizando dois stints de pneus duros. O piloto da McLaren contou com um bom desempenho e a oportunidade de duelar com Lewis Hamilton em dois momentos da prova, por conta dos compostos e também da performance apresentada pelo seu carro atualizado.

“Um piloto dominou este Grande Prêmio do início ao fim, mas houve muita emoção nas batalhas entre os outros dezenove. Do nosso ponto de vista, tudo correu bem. Nossas simulações para esta corrida foram confirmadas na pista, em todas as condições variáveis ​​que experimentamos desde sexta-feira até hoje”, comentou Mario Isola da Pirelli.

“Sabíamos que o macio não seria um pneu adequado para corrida, mas tanto o médio quanto o Duro permitiam que quem estivesse atrás do volante atacasse quando necessário, apresentando um diferencial de degradação suficiente entre eles, sem sofrer nenhum superaquecimento excessivo. Também em termos de estratégia, a corrida foi planejada. O VSC na volta 15 não influenciou no número de paradas, mas abriu opções alternativas de escolher a janela para o primeiro pit stop”, seguiu Mario Isola.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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