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Como a regra do uso do combustível está movendo o início da temporada

O carro da Red Bull tem um pouco mais de dificuldade para lidar com as altas temperaturas, algo que pode levar ao superaquecimento do carro e ao abandono, fora as questões com a confiabilidade. Após o GP da Espanha, acreditava-se que o time austríaco estava com um combustível super-resfriado. Suspeita que foi levantada antes da liberação dos carros para a pista.

Quem assistiu aquela pré-hora que acontece antes da largada deve ter notado que a Red Bull levou mais tempo para liberar Max Verstappen dos boxes. O time austríaco informou que isso aconteceu pois eles estavam tentando resolver os problemas com o DRS, algo que acabou afetando a performance de Verstappen na última volta rápida e também prejudicou o seu ritmo de corrida no embate com George Russel durante a prova.

Entretanto, não foi apenas a Red Bull (Max Verstappen) que levou mais tempo para deixar os boxes, o mesmo aconteceu nos boxes da AlphaTauri (Pierre Gasly) – equipe que não tinha qualquer dificuldade com o DRS. Em Miami a Aston Martin precisou largar dos boxes, quando enfrentou um problema com a temperatura mínima do combustível.

Após a demora para a liberação dos carros, a Red Bull levantou algumas suspeitas relacionada a operação do combustível – Foto: reprodução Red Bull

A Red Bull e a AlphaTauri levaram um pouco mais de tempo para realizar a liberação dos boxes. Desta forma levantaram a suspeita que estavam tentando mantes a temperatura do seu combustível mais baixas. Onde a equipe estaria injetando um combustível mais frio nos carros e esperando a temperatura dele subir gradativamente para atingir o mínimo permitido pela FIA.

O regulamento técnico da Fórmula 1 também trata sobre a temperatura ideal do combustível e a FIA tem sensores para monitoramento. O artigo 6.4.2 informa que nenhum combustível de uso imediato em um carro pode estar mais de 10°C abaixo da temperatura ambiente. As temperaturas em Barcelona estavam elevadas antes da largada, mas esse valor é medido duas horas antes do início da prova, com 35°C no ambiente, o mínimo legal é de 25°C. O regulamento também não permite que dispositivos sejam instalados no carro para abaixar a temperatura do combustível.

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Essa aferição também vale para os treinos, mas no caso dessas atividades o valor é obtido uma hora antes do início das sessões.

A Motorsport ainda aponta que para as cinco primeiras etapas do ano, foi acordado com as equipes que a temperatura mínima seria de 18°C por conta dos novos carros, mas a regra original foi retomada em Barcelona. Desta forma na pista espanhola depois da verificação da temperatura, ninguém deveria ficar abaixo dos 25°C.

Como a Red Bull e a AlphaTauri liberaram os seus carros depois, eles também evitaram que eles ficassem muito tempo expostos ao sol. Mas como sabemos, o combustível é colocado nos carros duas horas antes da largada ser realizada.

A FIA disse que monitora a temperatura do combustível em tempo real e nos carros de Verstappen e Gasly estava tudo operando da forma como era o esperado. O combustível quando está mais frio fornece um desempenho melhor ao carro. Vale lembrar que o carro do francês já tinha enfrentado um problema durante os treinos livres relacionados ao superaquecimento.

Ainda existe uma preocupação com a confiabilidade das unidades de potência usadas pelas Red Bull e AlphaTauri – Foto: reprodução AlphaTauri

Os carros são liberados para a pista 40 minutos antes do início da prova. Quando o combustível é injetado no carro duas horas antes da largada e o carro é liberado para a pista para realizar as voltas de reconhecimento, a temperatura daquele combustível vai subindo gradualmente. No entanto, os times vão sempre preferir ter a temperatura mais baixa por mais tempo, pensando na confiabilidade e na performance dos carros.

Mattia Binotto também levantou essa suspeita pela demora sobre a liberação do carro da Red Bull. Acreditando que as equipes que usam o motor Honda ficaram mais tempo nos boxes para cumprir o regulamento da FIA sobre a temperatura mínima do combustível.

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“Obviamente não tenho como saber o que estava acontecendo naquele momento. Posso imaginar que foi por causa da temperatura do combustível no tanque, que precisa estar no máximo 10°C abaixo do ambiente. Acho que o regulamento deveria estar presente em todos os momentos do evento. Portanto, não apenas quando o carro está saindo, mas também nas próprios boxes”, afirmou Binotto.

Em Miami a Aston Martin cometeu um erro no processo, e estavam longe de obter os números exigidos desta forma os carros não seguiram para o grid antes da liberação do pit-lane, pois estavam aguardando a temperatura do combustível se ajustar. Com medo da desclassificação por deixar o pit-lane ainda com a temperatura abaixo do permitido, a equipe optou por não alinhar no grid. A FIA confirma que não existia dúvida com o combustível de Red Bull e AlphaTauri, por conta do monitoramento que acontece e se identificassem algo diferente, teriam avisado.

Esses processos e interpretação do regulamento acabam abrindo a oportunidade para algumas discussões e até mesmo vantagens. Pois os times podem entender que a temperatura pode estar abaixo do limite permitido antes que ele seja injetado no tanque, depois as equipes correm atrás do processo para deixá-lo dentro do limite permitido. Mas com uma regra interpretativa, outras entendem que todo o processo precisa conservar a temperatura do combustível.

Podem ocorrer erros como os da Aston Martin, mas é possível tirar alguma vantagem quando os carros tem problema de confiabilidade e estão lidando com o superaquecimento.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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