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A falha da máquina perfeita, a pedra no caminho e a honra do Comendador

A falha da máquina perfeita, a pedra no caminho e a honra do Comendador – Dia 113 dos 365 dias mais importantes da história do automobilismo – Segunda Temporada.

Há momentos na vida em que o destino age de modo caprichoso.

Um roteiro que os grandes escritores e os grandes diretores de cinema sempre buscam em suas obras.

Tutto per l’onore di Enzo (GP Expert)

Mas o próprio mundo real reserva histórias dignas de reviravoltas.

11 de setembro de 1988; Monza, Itália.

Parecia mais um passeio da McLaren, mas… (GP Expert)

Tudo indicava que a máquina perfeita faria mais uma dobradinha com seu time dos sonhos.

Ayrton Senna na pole e Alain Prost em segundo.

Desde o começo, o brasileiro ponteou a prova, com o francês em segundo. Mais uma dobradinha previsível…

Porém, o dia estava diferente.

O domínio da McLaren com sua dupla durou até a volta 34.

Quando o motor Honda que equipava o carro de Prost abriu o bico e o francês deixava a prova.

Nos dias de hoje todo mundo ridiculariza a falta de confiabilidade do propulsor japonês.

Mas, 30 anos atrás, aquele era um fato bastante raro.

Apesar do revés, não havia grandes preocupações na escuderia de Woking, pois Senna tinha uma vantagem confortável.

Tudo caminhava para mais uma vitória do piloto brasileiro.

Mas tinha uma pedra bruta no meio do caminho.

O piloto no lugar errado e na hora errada (Continental Circus)

E uma grande injustiça tomou forma.

Jean-Louis Schlesser, estava a um dia de completar 40 anos de idade naquele 1988.

Ganhou um presentão de aniversário para aquele fim de semana.

Nome forte no antigo Mundial de Protótipos da FIA, o sobrinho de Jo Schlesser recebeu o convite de pilotar a Williams Red Five.

Nigel Mansell estava acamado e fora substituído por Martin Brundle na Bélgica.

Mas Brundle também tinha compromissos pelo campeonato de endurance e cedeu seu lugar.

Schlesser tinha finalmente a chance de guiar um carro de F1.

Ele tentou se classificar em 1983 para uma prova, mas sem sucesso.

O francês chegou a fazer testes pela Williams ao longo daquele ano e ganhou a oportunidade de acordo com a hierarquia da escuderia britânica.

O FW12 era um carro bem problemático, com um fraco motor Judd.

O gaulês largou apenas em 22º e tentava levar o carro até o fim.

No entanto, faltando dois giros para o final, ocorre o lance, a pedra no caminho.

Bom, a avaliação do lance, sobre eventual culpado, fica para você leitor!

Mesmo assim, o mundo caiu em cima de Schlesser.

O francês fez questão de ir ao motorhome da McLaren se desculpar com Senna e declarou que o brasileiro foi um gentleman e que a conversa foi cordial.

Schlesser não teve outra oportunidade na F1, mas fez uma carreira grandiosa.

Após o episódio de Monza, o francês voltou ao Mundial de Protótipos e conquistou o bicampeonato em 1989 e 1990 a bordo da Sauber-Mercedes.

Depois, mudou-se para os ralis e tornou-se um nome relevante no Paris-Dakar, sendo bicampeão da competição automobilística mais perigosa do mundo, em 1999 e 2000.

Sim, Schlesser foi um nome fora de série no automobilismo mundial, mas a Fórmula 1 tem sua dose de crueldade ao longo da história.

Porém, a mesma F1 também tem momentos doces para apaziguar certos sofrimentos.

A redenção da Ferrari (GP Expert)

Assim foi com os tifosi.

Afinal aquele era o primeiro Grande Prêmio da Itália realizado após o adeus ao comendador Enzo Ferrari, quase um mês antes.

Para a torcida italiana, não havia muitas esperanças de vitória naquele dia.

Mas a sorte e o destino lhe deram um momento de orgulho.

Sem as duas McLaren pelo caminho, Gerhard Berger e Michelle Alboreto tiveram o caminho livre para fazer a dobradinha ferrarista.

A honra do comendador estava consagrada, a torcida vibrava, se emocionava. A torcida rossa pulsava em memória do patrono de Maranello.

Mesmo em épocas de vacas, esta foi uma das mais doces vitórias da história da Ferrari.

O mar vermelho celebra o legado do Comendador (Grand Prix 247)
Fonte: Grid

Fonte: Stats F1, F1 Nostalgia e Acervo Folha de S. Paulo

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