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A chance de ouro: Oliver Bearman, de estreante a pontuador na Fórmula 1 com a Ferrari

O britânico de 18 anos foi a distração que era necessária ao longo da prova em Jeddah. Elogiado, Berman encerra a sua primeira passagem pela categoria em alta

Em um ano que a Fórmula 1 não teve nenhuma movimentação de trocas no grid, Oliver Bearman ganhou a chance de ouro para disputar o seu primeiro GP de Fórmula 1 com a Ferrari.

As atividades para o GP da Arábia Saudita começaram com Carlos Sainz guiando o SF-24, mas o piloto foi piorando o seu quadro até que descobriu tratar se de uma apendicite. Sainz foi afastado na sexta-feira para realizar a cirurgia, enquanto sem enrola Oliver Bearman foi acionado para substituir o espanhol.

Entre os reservas, neste ano a Ferrari conta com Antonio Giovinazzi e Robert Shwartzman, pilotos que na semana anterior tinham disputado os 1812 km do Catar e não acompanharam o time italiano no fim de semana do GP da Arábia Saudita. Bearman que já estava no traçado trabalhando com a Prema na Fórmula 2 era o piloto mais próximo para assumir o carro nas atividades de sexta-feira quando a classificação seria disputada.

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Vale ressaltar que Bearman tinha faturado a pole na Fórmula 2 com a Prema, então de certa forma ele estava seguro no traçado.

Ainda que o carro de Fórmula 2 deste ano seja um novo modelo, ainda existe um gap para o que é guiar um Fórmula 1. Além disso, é difícil mensurar o quanto Oliver Bearman estava preparado para guiar o carro da Ferrari neste fim de semana, participou de dois treinos livres com a Haas no ano passado (México e Abu Dhabi). O britânico também foi acionado pelo time para o teste e pós-temporada.

Não é todos os dias que um jovem piloto ganha a chance de correr na Fórmula 1, mesmo os testes são algo extremamente raro e que muitos times só fornecem o assento dos seus carros para cumprir o regulamento obrigatório da categoria.

No entanto, em um momento que a F1 pode realmente passar por uma transformação de grid com tantos contratos sendo encerrados, seria interessante ver essas mudanças acontecendo não com os mesmos nomes, mas com as equipes de fato apostando nos novos talentos.

Oliver Bearman ganhou a chance de ouro do participar de um GP – Foto: reprodução Ferrari

Bearman terá pela frente seis treinos livres neste ano com a Haas para avaliar um carro de Fórmula 1. Mesmo antes desta exibição antecipada em um carro da categoria, o nome do piloto começou a ser colocado na mesa, principalmente se o time norte-americano optar por dar uma chance para um jovem talento em 2025.

Com uma passagem rápida, Bearman impressiona

O britânico assumiu o carro na sexta-feira, tendo apenas o TL3 para se habituar com o carro antes da classificação. Bearman não conseguiu avançar para o Q3, mas conseguiu a 11ª posição para a largada.

Para o começo da prova a Ferrari optou por um conjunto de pneus macios, fornecendo para o piloto mais aderência e permitindo que ele tivesse mais confiança, principalmente em um circuito tão veloz e largando de uma posição um tanto complicada – já que no meio do grid sempre pode acontecer confusões em um circuito como o de Jeddah Corniche.

Logo o piloto travou um duelo com Yuki Tsunoda, eles até se tocaram, depois foi a vez de Bearman buscar Hülkenberg. Pelo restante da prova o piloto fez uma corrida segura, mas na dele, já que o pelotão como um todo começou a se distanciar.

Com a estratégia estabelecida para Lando Norris e Lewis Hamilton, os pilotos aguardaram um segundo Safety Car para realizar as suas paradas obrigatórias. Já que o SC não pintou, Norris e Hamilton perderam um pouco de espaço no grid e foram devolvidos atrás de Bearman. Nas últimas voltas da prova o britânico se preocupou com a aproximação dos adversários, mas conseguiu sustentar o sétimo lugar.

A corrida foi extremamente divertida para Bearman, mas na parte física, o piloto sentiu o baque de guiar um Fórmula 1. Logan Sargeant que passou um ano brigando com a sua forma física enquanto corria na categoria, precisou melhor muito para não terminar o fim de semana tão destruído.

“Destruído. Fisicamente foi uma corrida muito difícil! Especialmente no final, quando eu tinha os dois caras [Norris e Hamilton] atrás de mim, basicamente tive que forçar ao máximo e foi uma corrida mentalmente difícil, como esperado, e fisicamente eu também estava lutando, mas foi muito divertido”, comentou.

Bearman está em seu segundo ano na Fórmula 2, então essa experiência também foi importante para ele ter mais confiança.

“Acho que me dei bem, o que é o principal, certo?” disse Bearman. “São circunstâncias difíceis, não há muitas voltas na pista, mas acho que maximizei tudo hoje. Senti que fui um pouco mais rápido que [Fernando] Alonso e [George] Russell na frente, mas não o suficiente para chegar, a diferença era muito grande.”

“Perdi muito tempo tentando ultrapassar [Nico] Hulkenberg, que usou sua experiência para me manter atrás por mais algumas voltas do que deveria, então isso é ruim, mas não, foi uma boa corrida.”

Em disputa com Nico Hülkenberg, Oliver Bearman aproveita para avançar no grid – Foto: reprodução Ferrari

Ao realizar a sua estreia na Fórmula 1, Bearman faturou seis pontos, desta forma a Ferrari aparece entre os dez primeiros colocados com três pilotos entre os dez primeiros, na zona de pontuação.

Enquanto a Fórmula 1 vive o momento de poucas disputas na pista, observar um estreante guiando um carro da categoria se torna o entretenimento mais bem-vindo do fim de semana.

O piloto ‘parou’ a F1 quando entrou na pista pela primeira vez no TL3 e sua performance foi extremamente comentada após encerrar a sua primeira exibição nos pontos.

O chefe de equipe Frédéric Vasseur não espera um grande desempenho, juntamente por conta do pouco tempo no carro, mas ressaltou que Bearman passou bons feedbacks para a equipe e eles conseguiram observar uma evolução constante em suas voltas com o carro.

“Como você pode imaginar, quando pedi ao Ollie para entrar no carro na sexta-feira para a classificação, não esperava um fim de semana tão robusto. Ele se saiu muito bem ontem, dando passo a passo nos treinos livres, fazendo uma classificação muito forte – porque perdeu o Q3 por alguns milésimos”, comentou Vasseur.

“Hoje fiquei um pouco assustado com o procedimento da largada, do pit stop e do que ele não fez antes, mas ele foi muito sólido e não cometeu nenhum erro na corrida, e até conseguiu acelerar no final, quando dissemos a ele que [Lando] Norris e [Lewis] Hamilton estavam atrás dele. No geral, é um trabalho fantástico.”

O fato de não ter cometido erros também chamou a atenção da Ferrari.

“[Ele deu] um bom feedback, muito calmo no rádio, e também [estava] ajudando todo mundo a manter a calma e graças a ele.”

Enquanto estão todos ansiosos para a chegada de Lewis Hamilton em 2025, Bearman foi o 12º piloto britânico que representou a equipe italiana em 74 anos, além de ser o primeiro desde Eddie Irvine em 1999.

Com 18 anos e dez meses, o britânico se tornou o terceiro piloto mais jovem na história da F1, antes dele foram Max Verstappen (2015 – com 17 anos, cinco meses e 15 dias), além de Lance Stroll (estreia com 18 anos, quatro meses e 26 dias). Hoje as regras impedem que pilotos tão jovens como Verstappen cheguem na categoria.

“Ele esteve muito calmo na sua abordagem desde o início”, explicou Vasseur após a corrida. “Este foi um grande trunfo para o fim de semana porque você sabe, tem a pressão, você está sendo lembrado de todos os pontos da história, que ele é o [piloto] mais jovem da Ferrari, blá, blá, blá, e para ele, com certeza é uma pressão enorme.”

“Mas no final do dia, acho que ele foi capaz de ignorar isso de sua mente e se concentrar no ponto real e ele era – acho que um alvo claro para ele, meu entendimento disso era que ele não estava focado em detalhes, mas no grande tema e no final tudo correu bem.”

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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