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Vestappen vence em Monza. Sainz realiza ‘prova de resistência’ trabalhando apenas uma parada

Verstappen obteve a sua 10ª vitória consecutiva na Itália, estabelecendo mais um recorde na Fórmula 1. Sainz fez o possível para obter o pódio, depois de começar a prova da pole

O fim de semana foi marcado por muito sol e calor na Itália e por mais uma vitória de Max Verstappen. A prova em Monza correspondeu a décima vitória consecutiva do piloto holandês estabelecendo um novo recorde na Fórmula 1.

Sergio Pérez conseguiu remar até o pódio, batalhando com a dupla da Ferrari pela segunda posição – desta forma a Red Bull conseguiu a sexta dobradinha da temporada 2023. A Ferrari conquistou a pole no sábado, mostrando que tinha um bom ritmo de classificação, mas em corrida a equipe ainda precisa trabalhar melhor o carro.

Os pneus influenciaram a etapa, combinados ao calor que fazia na pista. Para a etapa em Monza de 2023, a Pirelli definiu a gama macia de pneus, aproveitando o momento para realizar a segunda avaliação com a ATA (Alocação Alternativa de Pneus) em vigor. O primeiro teste foi realizado na Hungria, mas não trouxe comentários positivos dos pilotos.

Novamente, os times contaram com apenas 11 jogos de pneus para trabalhar durante toda a etapa, divididos em: 3 pneus duros (C3), 4 pneus médios (C4) e 4 pneus macios (C5). Desta forma, os treinos livres foram um pouco mais limitados, precisando poupar os pneus, principalmente para a classificação e corrida.

Nos últimos anos a Pirelli tinha entregado para as equipes a gama intermediária de pneus, ela se comporta bem na pista, abre uma gama de estratégias, mas com a utilização da gama macia, os times teriam uma dificuldade pela frente – gerenciar os pneus em um traçado que estava quente. Até mesmo Alexander Albon que é conhecido por poupar os pneus, relatou a dificuldade para fazer o gerenciamento e ter um bom ritmo. Por mais que o piloto tailandês tenha resistido aos ataques da dupla da McLaren, não conseguiu fazer o mesmo com Lewis Hamilton, terminando a prova na sétima posição.

A estratégia de apenas uma parada foi a escolha dos dez primeiros colocados, enquanto o restante do pelotão, com exceção de Logan Sargeant e Lance Stroll, realizara duas paradas para completar a prova. Os pilotos estiveram em vários momentos da prova presos em disputas, algo que colabora para acentuar a degradação dos pneus, principalmente pela dificuldade para resfriar os compostos.

Os dez primeiros colocados trabalharam com a estratégia de apenas uma parada durante o GP da Itália – Foto: reprodução

E uma batalha direta, o adversário quer mesmo que você danifique ainda mais os pneus, para perder desempenho e facilitar a ultrapassagem. A Red Bull pode ter faturado uma dobradinha na Itália, mas Carlos Sainz resistiu o máximo que foi possível as investidas de Max Verstappen e Sergio Pérez. Por 15 voltas, o piloto espanhol estabeleceu um traçado defensivo, aumentava a distância na Parabólica para evitar uma ultrapassagem de Verstappen.

O holandês por sua vez, participou da briga, mas foi cauteloso, pois sabia que o momento da ultrapassagem estava chegando, afinal, Sainz começou a dar sinais que o seu pneu estava degradando. Após Sainz lidar com a ultrapassagem, o piloto começou a conversar com a equipe com relação aos pneus. O espanhol foi prioridade na parada da Ferrari e realizou a substituição dos compostos com 19 voltas; Leclerc e Verstappen pararam na volta 20; enquanto Pérez substituiu os pneus na volta 21.

Os pneus usados para a largada do GP da Itália – Foto: reprodução Pirelli

O duelo entre Sainz e Leclerc recomeçou, com o acréscimo de Pérez também entrando no duelo. O mexicano realizou a ultrapassagem em Leclerc na volta 32, realizou a ultrapassagem em Sainz e um novo embate entre um piloto da Red Bull e Ferrari aconteceu. Pérez deixou Sainz para trás na volta 46 e na sequência o piloto monegasco pressionou o companheiro de equipe até o final.

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A fase final da prova se tornou ainda mais complicada para Sainz, pois os seus pneus consumiram e ele corria o risco de ficar fora do pódio. No entanto, Leclerc fritou os compostos em uma tentativa de ultrapassagem e ainda cortou o caminho da curva 1, mas Sainz não teve descanso nem mesmo ao cruzar a linha de chegada, pois esteve separado por apenas 0s184 de Leclerc.

Mesmo com uma segunda parada acontecendo com os pilotos que estavam abaixo dos dez primeiros colocados, a movimentação não intimidou os adversários. Os pilotos teriam que ter um carro melhor e não contar apenas com pneus novos. Sem os ponteiros provocando tal movimentação no grid, os times seguiram com a estratégia de concluir a corrida com apenas uma parada.

Para Lewis Hamilton foi ainda mais complicado, o piloto começou a prova com os pneus duros instalados. Seguiu em pista até a volta 27 quando realizou a substituição dos compostos. O britânico primeiro ultrapassou Fernando Alonso, depois foi travar o duelo com Oscar Piastri e Lando Norris, que estavam em sua briga particular com Alexander Albon. Hamilton colidiu com Piastri e asa dianteira do piloto da McLaren ficou danificada – forçando o piloto a passar por uma parada adicional – o movimento não saiu impune e o piloto foi punido com cinco segundos pelos comissários.

Hamilton seguiu a sua perseguição ultrapassando Norris e Albon para faturar o sexto lugar, mesmo com a punição aplicada no pós-corrida. Hamilton relatou que não tinha ideia se terminaria a prova, pois os pneus médios que ele usou para o final da corrida foram bem consumidos e o piloto até temia um estouro.

Os Pneus da Rodada

Pneus disoníveis para a corrida na Itália, reservado pelas equipes durante a ATA em vigor – Foto: reprodução Pirelli

Os compostos macios não apareceram nas estratégias, mais sensíveis as temperaturas altas, a degradação seria ainda mais acentuada e certamente seria necessário que as equipes trabalhassem com um plano de três paradas. No entanto, o undercut entrou na equação para o momento de realizar as paradas, com uma tentativa de as equipes evitarem uma perda de posição dos seus competidores em pista.

Ainda no começo da prova, a Pirelli apostava como estratégia principal a realização da prova com uma parada. Duas trocas poderiam ter acontecido se um Safety Car pintasse no final da corrida, provocando uma movimentação dos times, por conta de um reagrupamento do grid.

O abandono de Yuki Tsunoda ainda na volta de formação, retirou duas voltas da prova e essa redução foi fundamental para Sainz se manter no pódio, pois o duelo com Leclerc ficaria ainda mais carregado se o espanhol tivesse que resistir aos ataques por mais dois giros. No final, essa alteração no número de voltas da prova, jogou a favor do desempenho de Sainz.

C4 (faixa amarela – médio): foi o pneu escolhido por 17 dos 20 competidores para a largada, as exceções foram Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Kevin Magnussen que optaram por começar a corrida com o pneu C3 instalado.

Apenas seis pilotos realizaram duas paradas, portanto, os pneus médios foram usados mais uma vez por Oscar Piastri, Liam Lawson, Zhou Guanyu, Pierre Gasly, Nico Hülkenberg e Kevin Magnussen. Apenas o piloto dinamarquês da Haas realizou dois stints de pneus médios.

Com os carros mais leves, os pneus médios era uma opção para o encerramento da prova, mas com as temperaturas altas e pelo circuito de Monza ser extremamente veloz, o gerenciamento dos compostos foi bem complicado nesta fase.

A corrida de Oscar Piastri foi concluída com duas paradas, por motivo de força maior, por conta do toque com Lewis Hamilton que danificou a asa dianteira usada pelo piloto e provocou uma segunda entrada nos boxes.

C3 (faixa branca – duros): os pneus duros não foram usados pelos dois primeiros colocados nas estratégias estabelecidas para 2022, mas marcaram presença em 2023 pela alteração da gama de compostos.

Esses pneus apresentaram uma durabilidade maior e contribuíram com os pilotos que apostaram na estratégia de apenas uma parada, começando a corrida com os pneus médios. Mas eles também foram difíceis de gerenciar, pois para muitos ele era um composto usado da classificação, que os pilotos tinham completado ao menos quatro voltas. Desta forma, parte do grid realizou duas paradas.

Os quatro primeiros colocados optaram por trabalhar com o jogo novo de pneus duros que reservaram para a corrida, então tivera um pouco mais de vida útil aos compostos. Verstappen esteve mais tranquilo na ponta, mas foram esses pneus que acompanharam Pérez, Sainz e Leclerc até o final da corrida.

Dos três pilotos que começaram a corrida com pneus duros, apenas Lewis Hamilton e Valtteri Bottas concluiram a prova na zona de pontuação.

O trabalho dos pneus durante o GP da Itália – Foto: reprodução Pirelli

A Pirelli aproveitará a oportunidade de estar na Itália, para realizar testes com a Red Bull, Alpine e Ferrari. Em Monza, Red Bull e Alpine vão realizar a avaliação dos pneus de pista seca. Em Fiorano, no circuito da Ferrari, o time realizará os testes dos pneus de chuva, buscando mais desenvolvimento para esse tipo de composto.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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