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Verstappen vence GP do Canadá. Estratégia de apenas uma parada funciona com a Ferrari

Pilotos que foram ao pódio optaram pela estratégia de duas paradas, enquanto a Ferrari faturou bons pontos, depois de trabalhar com apenas uma troca de compostos

O GP do Canadá foi disputado neste fim de semana e marcou a 41ª vitória de Max Verstappen, além da Red Bull ter atingido a marca de 100ª vitórias.

Novamente o piloto holandês dominou a corrida e não teve a vitória ameaçada. Verstappen concluiu a prova realizando duas paradas, depois de começar com os pneus médios, realizou um stint de pneus duros e concluiu a prova com os pneus médios. Verstappen apostou em uma estratégia de duas paradas em 2022, mas o piloto fez o último trecho da corrida com os pneus duros.

Geralmente a estratégia de duas paradas é a mais adotada para o Canadá, afinal, passar pelo pit-lane tem a sua vantagem: o piloto corta a última chicane do circuito, além de ser devolvido na curva 2, gastando cerca de 18 segundos para concluir a sua parada. Em troca de ter performance na pista, compensa realizar uma segunda troca de pneus.

Confira as estratégias que cada um dos pilotos usou ao longo do GP do Canadá. A prova foi disputada em pista seca, desta forma os pneus de chuva não entraram em ação – Foto: reprodução Pirelli

Os três primeiros colocados trabalharam com a estratégia de duas paradas e só iniciaram a segunda troca, depois que a Ferrari chamou Carlos Sainz e Charles Leclerc para fazer a substituição dos pneus na volta 38 e 39 respectivamente. Como Lewis Hamilton e Fernando Alonso estavam em um confronto mais direto pelo segundo lugar, os pilotos foram aos boxes com o intervalo de uma volta cada. Apenas o piloto espanhol fez dois stints de pneus duros.

Depois de uma classificação ruim e a punição para Carlos Sainz, a Ferrari tinha pela frente uma corrida de recuperação. A previsão da Pirelli era a realização de uma corrida com a largada acontecendo com os pneus médios e dois stints de pneus duros, mas Carlos Sainz e Charles Leclerc ficaram sem um segundo jogo de pneus duros para concluir a prova.

A Ferrari mudou a estratégia e optou por realizar apenas uma parada, desta forma, quando o Safety Car entrou na pista por conta do acidente de George Russell na volta 12, Leclerc e Sainz permaneceram em pista. Em um primeiro momento parecia uma estratégia equivocada, mas os pilotos conseguiram alongar o stint com o pneu médios e depois saltaram direto para os pneus duros.

A Ferrari ficou sem dois jogos de pneus duros para a corrida, dessa forma apostou em algo diferente. A estratégia de apenas uma parada colaborou para a equipe faturar pontos neste domingo – Foto: reprodução Pirelli

A prova realizada por Sainz e Leclerc foi bem sólida, a Ferrari optou por conquistar mais pontos, então evitou uma briga direta entre os seus pilotos para poupar equipamento e principalmente os pneus. Outra tática foi deixar a pista livre tanto para Leclerc como para Sainz, contribuindo para a refrigeração do carro e um controle melhor do desgaste dos compostos.

“Hoje foi uma corrida positiva. Conseguimos forçar continuamente e nos recuperar depois de uma classificação desafiadora. Fizemos as escolhas estratégicas corretas e tivemos um ritmo forte, especialmente com o pneu médio. O Carro estava bom e poderíamos forçar um pouco mais, também estendo bastante o primeiro stint, então estou feliz com isso. Estamos progredindo na direção certa e precisamos manter o bom trabalho”, comentou Calos Sainz ao final da prova.

Sergio Pérez trabalhou com a estratégia de uma parada, mas fez o caminho inverso ao escolhido pela Ferrari, no começo da prova o piloto teve uma performance desastrosa, tentando aquecer os pneus.

O mexicano terminou a corrida atrás da dupla da Ferrari, não tinha muito ritmo e ao optar por fazer o trecho final da prova com os pneus médios, não tinha como desafiar os pilotos que usavam os pneus duros. Pérez ainda foi chamado aos boxes na última volta da corrida para instalar um jogo de pneus macios e obter o ponto da volta mais rápida.

Está era mais uma corrida que Pérez tinha a plena capacidade de estar entre os primeiros colocados, mas não conseguiu se entender com o carro na classificação. O time novamente apostou em uma corrida de recuperação, mas diferente de Mônaco, esse é um circuito que permite ultrapassagens. No entanto, a Red Bull não compreendeu muito bem a falta de ritmo do piloto mexicano.

Alexander Albon que faturou a sétima posição com a Williams, também apostou na estratégia de apenas uma parada, mas no caso do tailandês a escolha foi ainda mais ousada. Albon realizou a sua parada no Safety Car, para instalar os pneus duros. O piloto completou 57 voltas com os pneus de faixa branca. Ao longo da prova Albon recebeu ataques de Esteban Ocon e Lando Norris, mas ainda conseguiu se preservar em sétimo lugar para faturar alguns pontos para a equipe.

Alexander Albon tem um histórico de fazer os pneus da Pirelli durarem, essa foi mais uma exibição do piloto. A escolha para o tailandês colaborou para obter pontos – Foto: Pirelli

Foi um fim de semana marcado pela chuva e o frio, mas a corrida no domingo aconteceu em pista seca. O traçado perdeu todo o emborrachamento depois da sexta-feira, tornando o asfalto mais abrasivo para fazer o gerenciamento dos pneus, desta forma foi impressionante tanto a escolha realizada pela Ferrari, como a opção da Williams para Alexander Albon.

Entre os dez primeiros colocados, seis pilotos realizaram duas paradas, com apenas quatro competidores encerrando a corrida com apenas uma troca. A segunda parada de Pérez como mencionada à cima, foi apenas para roubar o ponto da volta mais rápida.

O circuito permitiu que vários duelos acontecessem ao longo da prova. Claro que o Safety Car colaborou para juntar o pelotão e seria ainda mais interessante se ele surgisse ao final da corrida, mas de qualquer forma, o duelo com Albon durou até o final.

A McLaren teve mais uma corrida decepcionante, a equipe se classificou com os dois pilotos dentro do Top-10, mas terminou outra corrida zerada. Para completar o infortúnio da McLaren, Lando Norris foi punido com cinco segundos e definitivamente saiu da zona de pontuação. No duelo entre Lance Stroll e Valtteri Bottas, o canadense levou a melhor e obteve o nono lugar – ainda salientando a disparidade de desempenho entre ele e seu companheiro de equipe.

Pierre Gasly tentou algo diferente, já que começou a prova do final do pelotão. A Alpine apostou nos pneus macios para o começo da prova, garantindo mais aderência ao piloto, mas os compostos se degradaram rapidamente e ele precisou fazer a sua parada na volta dez. Instantes depois o Safety Car entrou em pista neutralizando a corrida, como vários competidores realizaram suas trocas neste momento, Gasly perdeu qualquer oportunidade de escalar o pelotão e obter alguns pontos.

George Russell merece destaque na prova, mesmo depois do abandono. O piloto bateu o seu carro e ocasionou o Safety Car, mas ainda teve tempo de passar pelos boxes e substituir os seus pneus, além de passar por uma rápida verificação da equipe. Russell voltou para a prova e conseguiu batalhar outra vez pelo Top-10, mas o seu carro apresentou um problema nos freios, forçando o abandono do piloto.

Os pneus da rodada

Macio (faixa vermelha – C5): como era esperado, esse foi o composto menos usado na prova. Pierre Gasly completou apenas dez voltas e Sergio Pérez duas para obter a volta mais rápida da corrida. Em um traçado verde, ele oferecia mais aderência e tinha a capacidade de chegar na temperatura ideal mais rápido, no entanto, a degradação dele é muito acentuada.

Para o Canadá, mesmo com a possibilidade de fazer uma segunda troca, não é indicada a utilização dos pneus macios, então eles são descartados pelas equipes.

Os pneus macios estavam sobrando para a corrida, nem mesmo para a classificação eles foram trabalhados por muitos, por conta da pista úmida e da chuva. A janela para a utilização dele no sábado foi muito pequena, mas Alexander Albon brilhou no Q2.

Médio (faixa amarela – C4): esse era o pneu mais indicado para a largada e foi essa a aposta de 16 dos 20 pilotos do grid. Yuki Tsunoda por sua vez só usou os pneus médios para a largada, mas imediatamente foi chamado aos boxes para instalar os pneus duros, tentando se livrar da parada obrigatória no começo, para tentar algo diferente. O ritmo da AlphaTauri não contribuiu para isso, desta forma o piloto terminou a prova fora da zona de pontuação.

O pneu médio oferecia mais durabilidade e não era um pneu muito complicado para obter temperatura. Algumas equipes conservaram dois jogos desse composto para a corrida, fazendo valer a chuva – para economizar os pneus para a prova.

Claro que a forma como a Ferrari utilizou esse pneu em sua estratégia chamou a atenção, mas o feito da equipe também tem relação com a queda da McLaren e Nico Hülkenberg. Também foi uma escolha do time italiano poupar pneus e equipamento para ter um bom resultado.

Duro (faixa branca – C3): um dos pneus mais trabalho e escolhido para as estratégias. A realização de dois stints de pneus duros era muito plausível nessa corrida, pensando em nível de desgaste e performance.

Apenas Sergio Pérez, Valtteri Bottas e Kevin Magnussen optaram por esse pneu para a largada. Pérez ficou sambando pelo traçado sem aderência, até o composto pegar temperatura. Mas entre os pilotos que optaram por essa estratégia, ele foi o que obteve a melhor posição (um sexto lugar). Valtteri Bottas conquistou um ponto ao obter a décima posição, o finlandês usou os pneus médios para finalizar a prova e apostou na estratégia de apenas uma parada.

O destaque para o uso desse pneu fica com Alexander Albon que completou 58 voltas com os pneus duros, além de faturar o impressionante sétimo lugar.

Com as temperaturas mais baixas, comparadas com a sexta-feira, os pneus conseguiram render mais e os pilotos evitaram o superaquecimento.

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Debora Almeida

Jornalista, escrevo sobre automobilismo desde 2012. Como fotógrafa gosto de fazer fotos de corridas e explorar os detalhes deste mundo, dando uma outra abordagem nas minhas fotografias. Livros são a minha grande paixão, sempre estou com uma leitura em andamento. Devoro séries seja relacionada a velocidade ou ficção cientifica.

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