O Safety Car acionado no final do GP da Itália, provocou mais uma série de questionamentos relacionados ao seu uso e também a forma como os diretores de prova podem proceder nas últimas voltas.
A prova em questão disputada em Monza teve mais um final controverso, na volta 47 Daniel Ricciardo abandonou a corrida e a direção de prova acionou o Safety Car. O carro de segurança demorou para se encontrar com o grid, surgindo primeiramente à frente de George Russell que não era o líder da prova. Os pilotos que tinham tomado volta de Max Verstappen estavam espalhados pelo pelotão e alguns não conseguiram se quer recuperar a volta para o líder, depois que a direção de prova liberou a passagem de alguns carros.
A prova terminou em Safety Car, pois a remoção do carro de Ricciardo também tomou algumas voltas além do esperado, mesmo estando perto de uma agulha, não conseguiram colocar o carro em ponto morto e a necessidade de um trator entrar em pista se fez necessário.
Alguns chefes de equipe apontaram que o procedimento levou mais tempo que o necessário, pois inicialmente o carro de segurança apareceu à frente de George Russell e não de Max Verstappen, que era o líder da prova. Depois Valtteri Bottas e Yuki Tsunoda ficaram entre Charles Leclerc e o holandês, impossibilitando um reinício.
O final da prova prometia muito, pois alguns pilotos seguiram para os boxes, realizando a troca de pneus, esperando um final sprint. Max Verstappen venceu a prova, mas Charles Leclerc esperava a oportunidade perfeita para duelar com o piloto da Red Bull praticamente enfrentando as mesmas condições.
Depois do GP de Abu Dhabi de 2021, a FIA tomou algumas medidas para que o erro daquela prova não voltasse a acontecer. Porém, o procedimento é sempre ter agilidade para que a prova possa retornar o quanto antes para a bandeira verde.
Tanto no GP de Abu Dhabi, como na corrida realizada em Monza neste último fim de semana, fica o questionamento sobre o uso da bandeira vermelha. Mesmo nos treinos livres está ocorrendo uma progressão do uso das bandeiras, começando pela amarela para alertar os pilotos que algo está acontecendo em um trecho da pista, mas que as vezes levam a um virtual Safety Car e só em último caso acabam optando pela bandeira vermelha. Porém, o tempo que se perde nesse processo, é ponto que merece ser questionado.
Não podemos dizer que neste fim de semana as regras não foram seguidas, mas o regulamento ainda tem trechos muito interpretativos, como para a utilização da bandeira vermelha. Lewis Hamilton foi sincero quando a forma como o GP de Monza foi encerrada: “Essas coisas sempre trazem de volta as memórias. A regra deveria ser essa, certo? Então foi apenas uma vez, na história do esporte, que não cumpriram as regras”, comentou o inglês depois do encerramento da prova.
A FIA justificou o encerramento da prova em Safety Car, pois acredita que não tinha nenhum risco muito grande para levar o acionamento de uma bandeira vermelha.
“Embora todos os esforços tenham sido feitos para recuperar o carro nº 3 rapidamente e retomar a corrida, a situação se desenvolveu e os fiscais não conseguiram colocar o carro em ponto morto e empurrá-lo para a agulha”, informou um porta-voz da FIA.
“Como segurança da operação de recuperação é nossa única prioridade e o incidente não foi significativo o suficiente para exigir uma bandeira vermelha, a corrida terminou com o carro de segurança seguindo os procedimentos acordados entre a FIA e todos os competidores. O momento do período do Safety Car dentro de uma corrida não tem influência neste procedimento.”
Para a prova comemorativa que marcou o centenário de Monza, foi ruim a forma como a prova encerrou e claro com o recente Abu Dhabi 2021, o passado ainda bate na porta da categoria.
Sobre a questão de segurança, é relativo, um trator na pista e pessoas transitando para a remoção do carro, poderia sim ser dois artifícios para conduzir a prova para uma bandeira vermelha. Uma mudança parece ser muito bem-vinda, minimizando a interpretação e como a FIA deseja: promover mais clareza.
Um ponto que pode ser alterado é estabelecer que quando a corrida atingir uma certa porcentagem, qualquer acidente que ocorrer depois pode encaminhar a prova para uma bandeira vermelha, dando oportunidade para que o grid seja reorganizado a prova encerre em bandeira verde. Se algo desse tipo tivesse acontecido em Abu Dhabi 2021, o resultado da prova seria diferente.
Para a Fórmula 1 não é viável adicionar mais voltas em uma prova, para que ela sempre encerre em bandeira verde, mas é possível alterar o curso da últimas voltas. É claro que existem corridas mais demoradas no ano, mas essas provas podem ser pensadas separadamente.
O Presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem convocou uma reunião nesta última segunda-feira em Monza, ainda não se sabe se essa questão do Safety Car foi discutida, mas certamente se faz necessário aborda-la mais uma vez.