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SÉRIE CIRCUITOS DA F1: Red Bull Ring

Considerado perigoso, o circuito em Spielberg se transformou e hoje é casa da equipe Red Bull

O circuito Red Bull Ring, localizado na cidade de Spielberg, na Áustria tem uma longa tradição na F1 e a história desse circuito com a F1 sempre foi conturbada.

A história do Red Bull Ring começa com a inauguração do circuito de Österreichring, em 1969, em substituição ao circuito de Zeltweg, que ficava em um aeródromo militar na região vizinha. Zeltweg recebeu apenas uma corrida oficial de F1 e seu traçado era odiado pelos pilotos por não oferecer muitos desafios, já que consistia praticamente de duas retas longas e por ser muito ondulado, o que favorecia a quebra da suspensão.

No dia 16 de agosto de 1970, recebeu sua primeira corrida de F1, tendo Jacky Ickx, pilotando uma Ferrari, como vencedor. O piloto da casa, Jochen Rindt, fez a pole position, mas abandonou a prova depois de 22 voltas. Rindt morreria algumas semanas depois, nos treinos para o GP da Itália. Mesmo com sua morte, Rindt ainda se sagrou campeão naquele ano e a curva 9 foi nomeada em sua homenagem.

Jacky Ickx, vencedor da primeira corrida disputada em Österreichring, em 1970. – Foto: reprodução

O traçado de Österreichring tinha 5.911km e suas 16 curvas de alta velocidade eram feitas com a 3ª ou 4ª marcha. Mas a alta velocidade também trazia riscos e os acidentes logo começaram a aparecer. Em 1975, durante o aquecimento para a corrida, Mark Donohue perdeu o controle de seu carro, que foi jogado contra um alambrado, fazendo com que os detritos voassem, acertando um fiscal que morreu no local. O próprio Donohue foi internado um dia depois do acidente com uma hemorragia cerebral, possivelmente após atingir um dos postes do alambrado, falecendo logo em seguida. Por causa do acidente, uma chicane foi adicionada ao traçado, aumentando o tamanho da pista para 5.941km e 18 curvas.

Primeiro traçado de Österreichring. – Foto: reprodução
Chicane adicionada em 1977. – Foto: reprodução

Na corrida, o circuito viu Vittorio Brambilla vencer pela primeira e única vez de forma inusitada. Debaixo de chuva, o piloto italiano cruzou a linha de chegada e empolgado, tirou as mãos do volante para comemorar. Com a pista escorregadia, Brambilla rodou com sua March logo após a bandeirada, que foi dada na volta 29, já que a intensa chuva que caia no circuito impossibilitou a continuação da corrida e voltou para os boxes com o carro danificado.

Outro piloto que conquistou sua primeira vitória no circuito foi Elio De Angelis. O piloto italiano travou uma batalha até o final com Keke Rosberg e os dois cruzaram a linha de chegada praticamente juntos. A diferença entre os dois foi de apenas 0s050.

Confira o vídeo de Elio De Angelis com Keke Rosberg aqui!

O perigo continuou presente e nos treinos para a corrida de 1987, a McLaren de Stefan Johansson colidiu com um veado que invadiu a pista, com o piloto escapando sem ferimentos do acidente. Para piorar, a corrida contou com várias batidas durante as três tentativas de largada, o que fez com que a FIA parasse de realizar suas corridas no circuito.

Confira o vídeo com a batida que aconteceu em 1987 no GP da Áustria aqui!

Mesmo com as mudanças feitas, a FIA não voltou atrás em sua decisão. Restou ao circuito abrigar outras categorias, mas com acidentes graves ainda acontecendo, era preciso uma mudança maior.

E ela veio através do investimento de uma empresa de telecomunicação, que renomeou o circuito para A1, em 1996. Mas essa readequação acabou diminuindo o tamanho da pista para 4.326km e apenas 10 curvas, com a possibilidade da pista ser dividida em duas menores.

Red Bull Ring atualmente. Nova medição em 2017 alterou o tamanho da pista para 4.318km, que ainda pode ser dividida em duas pistas menores. – Foto: reprodução

A F1 voltou para a Áustria em 1997, com Jacques Villeneuve fazendo a pole, volta mais rápida e vencendo a corrida a bordo da Williams. Mas a falta de público fez com que os organizadores entregassem a gestão do circuito para as autoridades locais. Aliada a uma legislação antitabagista imposta pelo governo austríaco, o país ficou novamente sem corridas, sendo a vitória de Michael Schumacher em 2003, a última no circuito antes do hiato de mais de 10 anos que se seguiu. Um ano antes, o piloto alemão também venceu a corrida depois de uma controversa ordem da equipe Ferrari, que pediu para que Barrichello, que liderou praticamente a corrida inteira, deixasse o companheiro de equipe passar, o que rendeu a famosa frase do narrador Cléber Machado: “Hoje não, hoje não, hoje sim”. Na corrida do ano anterior, o piloto brasileiro já tinha recebido ordens para deixar Schumacher passar, já que o piloto alemão estava na briga pelo campeonato.

Comprado por Dietrich Mateschitz, um dos fundadores e dono da Red Bull, o circuito passou por uma reestruturação, que incluía uma mudança na pista e a construção de museus e hotéis. A obra, no entanto, foi interrompida pelas autoridades e só conseguiu ser retomada anos mais tarde, devido ao massivo investimento da Red Bull na região.

Touro símbolo da Red Bull enfeita o circuito. Escultura emblemática, que tem 15 metros de altura, levou 1 ano e meio para ser construída e pesa 68 toneladas. Foto: reprodução

Apesar de ter sido relançado em 2011, sob o nome de Red Bull Ring, o novo circuito só recebeu uma corrida de F1 em 2014, com a vitória de Nico Rosberg, da Mercedes, que repetiu o feito no ano seguinte. Apesar de ser a casa da Red Bull, a equipe só conseguiu quebrar a hegemonia de vitórias da Mercedes em 2018, com Max Verstappen. O piloto holandês voltou a ganhar em 2019, sendo a primeira vitória de uma equipe com o motor Honda desde 2006.

Verstappen comemora a primeira vitória da Red Bull correndo em casa, em 2018. – Foto: reprodução

Quando o circuito ainda se chamava Österreichring, Alain Prost era o maior vencedor no circuito, com 3 vitórias, seguido de Ronnie Peterson e Alan Jones, com duas.

Depois da mudança de traçado e de nome, Max Verstappen está na liderança em número de vitórias. O piloto da Red Bull já venceu 4 vezes no circuito, que durante a pandemia de Covid-19, abrigou uma corrida extra, chamada de GP da Estíria. Cinco pilotos estão empatados com duas vitórias, mas Lewis Hamilton e Valtteri Bottas ainda têm chances de se isolar dos demais. Bottas, inclusive, é o piloto com mais pódios, com sete, seguido de Verstappen, com seis.

Entre os brasileiros, Emerson Fittipaldi é o único que venceu no circuito, mesmo quando o circuito mudou de nome e traçado, tendo ainda conquistado mais um pódio. Ayrton Senna e José Carlos Pace tem um pódio em Österreichring, enquanto que Nelson Piquet subiu ao pódio em quatro ocasiões. Já no circuito A1/Red Bull Ring, Rubens Barrichello tem 4 pódios, enquanto Felipe Massa tem um.

Entre os pilotos da casa, nove já correram no circuito (Jochen Rindt, Helmut Marko, Niki Lauda, Dieter Quester, Harald Ertl, Hans Binder, Jo Gartner, Gerhard Berger e Alexander Wurz), com Niki Lauda faturando a corrida em 1984, depois de ter conquistado um pódio em 1977. Depois de sua morte, em 2019, a curva 1 do circuito passou a se chamar Niki Lauda Kurve em sua homenagem.

Emerson Fittipaldi perseguindo o carro de Jackie Stewart, durante a corrida em 1972. Foi a única vitória de um brasileiro no circuito. – Foto: reprodução
Niki Lauda, no pódio em sua única vitória em casa, com Nelson Piquet ao seu lado. O brasileiro tem 4 pódios no circuito, mas nunca venceu. Foto: reprodução
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