O automobilismo começou em Portugal em 1902 e se espalhou rapidamente por todo o país. Na região de Porto, as corridas começaram nos anos 1920, com o nome de Quilômetros Lançados. Foi só em 1931, com a corrida se tornando oficial e sendo renomeada para Circuito da Boavista, que as duas faixas da Avenida Boavista, ligadas nas pontas por uma faixa de 10 metros, se tornaram um circuito de rua de 4.100 metros.
O piloto Fernando Palhinhas se sagrou vencedor da competição, que foi realizada em oito etapas ao redor do país, com a última sendo em Porto. Para os dois anos seguintes, ao invés de um número fixo de voltas, o vencedor era determinado por quem completasse a maior distância no tempo de 90 minutos, com duas categorias disputando a corrida: Sport e Corrida. A prova de 1932 ainda contou com a presença de Palmira Coelho, que pilotando um Opel, tornou-se a primeira portuguesa a competir.
O automobilismo foi ganhando popularidade no país, com mais de 10 mil pessoas atendendo às corridas e nos anos 1950, o circuito foi totalmente reconfigurado, com um traçado que agora tinha 7,775 km e passava por diversas ruas da cidade como Avenida da Boavista, Avenida do Parque, Rua da Vilarinha, Rua de Vila Nova, Estrada da Circunvalação, Praça Cidade de S. Salvador, Esplanada do Castelo do Queijo e Praça Gonçalves Zarco.
O Automóvel Club de Portugal (ACP), responsável pela organização das corridas, conseguiu com que o circuito recebesse certificação internacional e passasse a receber pilotos de outros países.
No dia 18 de junho de 1950, foi realizado o I Circuito Internacional do Porto, que foi um sucesso e teve a vitória geral de Felice Bonetto, com a Alfa Romeo 412, que completou os últimos 100 metros da prova sem gasolina.
A prova contou também com a participação de uma mulher na categoria Sports, com Yvonne Simon pilotando uma Ferrari 166MM e chegando em 4º lugar geral, após vencer sua bateria. Foi também a primeira participação de um carro da Ferrari em terras portuguesas.
No ano seguinte, aconteceu a segunda edição da prova e embalados pela aprovação dessas corridas, o ACP adicionou o nome de I Grande Prémio de Portugal ao evento, com mais da metade dos pilotos participantes sendo estrangeiros. A corrida foi vencida por Casimiro Oliveira, pilotando uma Ferrari 340. O público também vinha aumentando, com cerca de 100 mil pessoas acompanhando as corridas. A terceira edição, que já contou com algumas alterações no traçado, não teve o mesmo sucesso das edições anteriores e a 4ª edição da prova foi a última com o nome de Grande Prémio de Portugal, que foi transferido para Lisboa, em 1954. O jeito foi mudar de nome e a competição passou a se chamar I Grande Prémio de Porto e contou até com a participação de Alberto Ascari, campeão de F1 no ano anterior.
Em 1955, o circuito voltou a abrigar o Grande Prémio de Portugal, voltando para o nome de Porto no ano seguinte, sendo a última edição da corrida na cidade, já que agora Porto sonhava com a F1. O sonho virou realidade no dia 24 de agosto de 1958, quando Portugal recebeu uma etapa da F1 pela primeira vez.
A corrida contou com grandes nomes da época, como Stirling Moss, Mike Hawthorn, Jack Brabham, Graham Hill e a primeira mulher a pilotar um Fórmula 1, Maria Teresa de Filippis. A etapa de Portugal era a antepenúltima do campeonato e contava com a briga de Mike Hawthorn e Stirling Moss pelo título. Foi nessa corrida que aconteceu o incidente que fez Stirling Moss perder o título, mas se tornar conhecido por seu espírito esportivo. Durante a corrida, Hawthorn saiu da pista e seu motor apagou. Sem conseguir empurrar o carro ladeira acima, o piloto usou o sentido contrário para impulsionar o carro e fazê-lo ligar novamente, terminando a corrida em segundo. Na visão dos comissários, Hawthorn usou a contramão da pista para fazer seu motor religar, sendo desqualificado pela manobra.
Stirling Moss, que venceu a corrida, foi até a direção de prova para defender o rival, atestando que Hawthorn estava no acostamento quando andou no sentido contrário. A punição foi retirada e o piloto manteve o segundo lugar na prova. No final da temporada, Hawthorn venceu o campeonato por um ponto de diferença e se tornou o primeiro piloto britânico a conquistar um título, enquanto que Moss nunca conseguiu conquistar um título da F1 em sua carreira.
Em 1960, o circuito de Boavista recebeu a F1 pela segunda e última vez, com a corrida sendo vencida por Jack Brabham, um dos quatro entre 15 pilotos a completar a prova. A vitória deu o título por antecipação para Brabham e por ironia do destino, Stirling Moss foi desclassificado da corrida por uma manobra parecida com a que Hawthorn fez dois anos antes. A corrida também marcou o primeiro pódio de Jim Clark, que chegou em 3º com a Lotus.
O circuito só voltou a receber corrida em 2005, com a realização do Grande Prêmio Histórico do Porto, que contou com vários pilotos das décadas passadas. A corrida ainda foi realizada em 2007 e 2009. Empolgados em ter os carros de volta às ruas da cidade, os organizadores fizeram melhorias no circuito para voltar a receber corridas. Em 2007, o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC), passou a disputar etapas no circuito da Boavista, reconfigurado e com sua pista agora medindo 4,800 km.
O circuito vinha enfrentando protestos dos moradores das ruas por onde os carros passavam, que ficavam presos em casa durante as corridas e em 2015, sem o apoio do Departamento de Turismo, a cidade de Porto não conseguiu manter a WTCC no calendário, com a prova sendo transferida para o Circuito de Vila Real e o circuito acabou ficando sem corridas até hoje.
Apesar de inúmeros pilotos portugueses participarem das corridas no começo do circuito, nenhum chegou a correr na F1 nas duas edições que a categoria disputou em Boavista. As corridas também não contaram com pilotos brasileiros, que só se tornaram regulares no grid a partir de 1970.